Lisboa - A exoneração, sem comunicação previa, de Aníbal João da Silva Melo do cargo de ministro da Comunicação Social terá sido, segundo apurou o Club-K, impulsionada por uma conduta identificada ao mesmo, que foram interpretadas como desalinhadas a agenda do executivo do Presidente João Lourenço.

 

Fonte: Club-k.net

Nos últimos meses, os órgãos de comunicação social tutelados por Melo procederam com discretas iniciativas de protecção a uma corrente que no passado prejudicou o país e que agora são apelidados por “marimbondos”.

A titulo de exemplo, a TPA promoveu, há dias, o programa “Política no Feminino” na qual as integrantes analisaram duramente o pedido de demissão do advogado Rui Ferreira do cargo de Presidente do Tribunal Supremo de Angola. No dia seguinte, a habitual reposição do programa não foi ao ar gerando estranheza.

O impedimento da reposição do programa foi atribuída a uma alegada “ordem superior” baixada a partir do Ministério da Comunicação Social. Melo é dado como próximo a Rui Ferreira.


Ainda sobre o combate a corrupção, envolvendo os vulgos “marimbondos”, as reportagens da TPA comparadas a sua concorrente “TV Zimbo” tem se limitado apenas na leitura de comunicados sem o subsequente desenvolvimento das peças dando azo a alegada protecção dos visados.

 

A Procuradoria Geral da República queixa também que as suas actividades sobre o combate a corrupção eram “penalizadas” pela Televisão Publica de Angola.

 
O alegado alinhamento de João Melo aos “marimbondos” foi também evidenciado na pretensão de nomear o antigo director do Jornal de Angola, António José Ribeiro, como próximo adido de imprensa na Rússia. Para além de enfrentar um processo de descaminho de cerca de 30 milhões de dólares do erário público, Ribeiro apresenta-se agora como critico da governação do Presidente João Lourenço. Tem laços compromissos com o general José Maria.


Num dos seus últimos textos (escrito nas redes sociais), José Ribeiro atestou que com Lourenço no poder Angola esta realizar mudanças. “Com João Lourenço, vieram as promessas de um novo estilo de governação, mas passados dois anos de mandato o país está longe de observar mudanças na acção governativa que representem uma melhoria na actividade económica com reflexo na vida das empresas e famílias.”

 

Melo que prometeu regressar ao jornalismo e a sua actividade de escritor, fica na história como o ministro que inicialmente promoveu reformas e maior abertura aos meios de comunicação social nos últimos 40 anos de sistema fechado, de censura e de culto a personalidade ao líder. Foi o único ministro do sector igualmente perito em comunicação institucional.


Nuno dos Anjos Caldas Albino, o novo ministro da Comunicação Social é um quadro alheio ao sector. É oriundo da JMPLA desde os tempos de Portugal e deputado a Assembleia Nacional. Na altura em que João Lourenço ocupava o cargo de vice-presidente do MPLA, ambos trabalharam juntos no processo de transição em vigor no país. Tem a reputação de ser moderado e com sentido de Estado.

FORÇAS DE BLOQUEIO 

Em resposta ao discurso do Estado da nação do chefe de Estado,  a UNITA, por via do seu líder cessante IsaÍas Samakuva, acusou membros do MPLA, de serem os adversários do presidente, desafiando João Lourenço a ser "patriota" para superar a crise que o país enfrenta.

 

"Os adversários do presidente são as forças de bloqueio à mudança. E estas forças não estão na UNITA, estão no seio do MPLA. A oposição hoje são todos os que resistem ao combate à corrupção e à impunidade. São aqueles que enganam o presidente da República e não querem devolver o dinheiro roubado aos angolanos. São aqueles que não querem que o país corrija de facto o que está mal e melhore o que está bem", afirmou o líder do maior partido da oposição.  


Perante as mudanças que João Lourenço pretendeu aplicar, "as forças de bloqueio que estão no Governo, nos tribunais, na banca, na academia, em todo o lado, saíram da toca, reorganizaram-se e querem atacar", referiu, sustentando que os angolanos "esperam que o seu presidente se alie aos patriotas e se coloque na vanguarda de um movimento nacional para a mudança. Só assim, o Presidente João Lourenço, que é também líder do MPLA, terá força política e moral para liderar e gerir a mudança e não ser absorvido por ela".


Samakuva apelou ainda ao Chefe de Estado para não se preocupar com o MPLA, "porque os pilares que sustentavam o MPLA já ruíram e muitos dos seus dirigentes já se declararam inimigos do presidente". "A política do Estado não é unidade em torno do que está mal, nem é assegurar a estabilidade baseada no compadrio e nos privilégios de alguns, à custa do sofrimento da grande maioria de angolanos. Ser patriota hoje é ter a coragem de romper com o passado e dar ao país um novo começo", considerou.