Londres - A deputada angolana, agora suspensa, Tchizé dos Santos reagiu à decisão da Assembleia Nacional dizendo que está a ser alvo de perseguição política em Angola e que como alguns foram no passado, também ela está a ser sacrificada pela democracia.

Fonte: VOA

"Continuaremos a ser sacrificados pela democracia"

Num áudio que gravou para a Voz da América, a política e empresária diz não ter a certeza absoluta do que aconteceu, se lhe foi revogado o mandato ou se foi suspenso, reiterando que não está fora de Angola voluntariamente: "Eu tive que fugir, porque fui ameaçada de morte pelo camarada presidente do grupo parlamentar do MPLA".


Tchizé dos Santos diz também que gravar áudios é a forma que encontrou para comunicar com o povo: "Estou completamente censurada da imprensa pública e até da maior parte dos meios privados, que são controlados por pessoas ligadas ao regime".

 

"Sempre disse que alguns de nós seríamos sacrificados por esta causa, tal como já foram, no passado, outros sacrificados por outras causas (...) e foi mais forte do que eu continuar a lutar".


A Assembleia Nacional de Angola suspendeu o mandato de deputada de Welwitschia dos Santos “Tchizé” por “abandono do posto de trabalho” e de “enriquecimento sem “causa”, devido aos salários que aufere, numa votação em que pesaram os votos dos parlamentares do MPLA e da UNITA.

 

Tchizé diz que se lhe tivesse sido comunicado "como manda a lei" ela teria apresentado uma explicação por escrito e "haveria de acusar o Presidente da República de instrumentalização das instituições, de golpe de Estado".

 

No mesmo áudio, a filha do antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, diz que "está instituída a perseguição a qualquer pessoa que elogie sequer José Eduardo dos Santos e a mim no caso foi por ser filha de José Eduardo dos Santos e irmã de Isabel dos Santos, contra quem claramente o Presidente da República nutre ódio e tem diferendos pessoais e quiçá financeiros."

 

Welwitschia "Tchizé" dos Santos agradece ainda no áudio ao Presidente João Lourenço "por ser o único membro do comité central do MPLA, depois do Nito Alves, a passar pelo que eu passei no MPLA".