Luanda - A actual crise económica de Angola é o preço que o país tem que pagar pelos anos de má administração e peculato, disse a empresária Filomena Oliveira, vice presidente da Confederação Empresarial de Angola e da Associal de Publicidade e Marketing.


Fonte: VOA

Os cidadãos “sentem todos os dias” os efeitos dessa crise de aumento de preços constantes “mas algum dia teríamos que ter um choque na nossa economia para podermos entrar numa economia real e não vivermos numa economia de faz-de-conta”, disse Filomena Oliveira.



Ela falava no programa “Angola Fala Só” onde afirmou que a “má gestão das ultimas décadas nos levaram a um rotura que agora tem que ser remendada”.



“Não se deve fazer festinhas ás gangrenas, devemos tratar delas e claro está que elas estão a custar muito”, disse.


“É uma altura muito difícil para os cidadãos mas infelizmente vamos ter que passar por esta cura para vermos se conseguimos então chegar a um equilíbrio e ver se deixamos comer do contentor e começamos a comer mais aquilo que devemos produzir”, acrescentou Filomena de Oliveira para quem o país “não pode continuar a gastar 250 milhões de dólares mensais na importação de alimentos”.


Filomena Oliveira disse que as actuais medidas económicas são “um remédio amargo que temos que tomar”.


A economia angolana foi deixada pelo anterior presidente “numa lástima com vícios terríveis em que foram roubados do país biliões que não se sabem bem por onde é que andam”.


Por isso não se pode dizer se a actual situação se deve à incapacidade do actual governo que “só teve dois anos para tentar remendar um buraco de 38 anos de vícios”.


Filomena Oliveira fez notar que durante esse período “pucos se levantavam para falar sobre o assunto e muito menos para questionar”.


“Por isso todos temos a responsabilidade de todos juntos ajudarmos o actual executivo onde for possível e nas nossas comunidades para podermos ultrapassar esta grande crise que nos afecta e o terrível mau estar que as famílas têm”, acrescentou.


A empresária disse que os países ocidentais deveriam ajudar Angola a localizar “o dinheiro e os bens que foram obtidos por peculato”.


Interrogada sobre a desvalorização do Kwanza a empresária disse que quando a moeda entrou no sistema de valorização livre “alcançou valores nunca vistos” mas disse que “as próprias regras do mercado estão a equilibrar a questão do valor do câmbio”.


Filomeena Oliveira voltou a manifestar algumas duvidas sobre a decisão de se introduzir o IVA afirmando que provavelmente não se vai arrecadar “o que estava previsto”, acrescentando que “não foi feito o suficiente” para se esclarecer os empresários e o púbico em geral sobre o imposto.


“Na realidade deveríamos e poderíamos ter usado aquilo que já existia que era o imposto de selo, o imposto de consumo e a retenção na fonte cujo modelo estava presente em todas as empresas”, disse


“Chamado de IVA ou não poder-se-ia muito rapidamente e de uma forma simples adequar este sistema ao sistema do IVA”, disse.


Agora, acrescentou é preciso “ser pragmático”, trabalhar com a AGT (Administração Geral Tributária) para se ver “o que podemos fazer como é que se pode fazer e se efectivamente vale a pena continuarmos por este caminho com este processo do IVA ou se vale a pena retrocedermos e repensarmos o IVA”.