Luanda - Quando o Sr. Presidente João Lourenço abriu o seu discurso de Estado da Nação desta forma: “Cumpriram-se no passado mês de Setembro dois anos do mandato que me foi conferido nas urnas, e embora tenha empenhado o melhor dos meus esforços na aplicação do programa de governação que mereceu a confiança da maioria dos eleitores, estou consciente de que muito ainda há por realizar para satisfação das grandes necessidades que o povo enfrenta”, deu para notar que na verdade algo ia mal, económica, social e politicamente, no País.

Fonte: Club-k.net

O Presidente em momento algum mencionou os dois (2) males maiores que a todos nos ameaçam e que sao: Os Danos Colaterais da guerra comercial entre os USA e a China e a Servidão de Angola a nossa dividam com a China.


É que Angola e a África já se tornaram em um dano colateral na guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China.


Diga-se de passagem que as quedas recentes em Angola nos ganhos com exportações do crude e diamantes, revelou a fraqueza que o País compartilha com outras nações dependentes do ouro negro e outras commodities.


O contexto aqui, parte do anúncio abrupto do presidente dos EUA a dois meses, sobre os 10% de impostos sobre US $ 300 bilhões em mercadorias chinesas, incluindo smartphones, computadores e roupas aumentando assim o risco de uma recessão global, um ntal caro, testando a capacidade dos bancos centrais nas suas políticas monetária incluindo o nosso já sofrido e rastejante BNA.
Recordemos que a ameaça de Trump veio uma semana depois que o Fundo Monetário Internacional reduziu ainda mais suas perspetivas de crescimento global e sugeriu que os "erros na política" do comércio e do Brexit poderiam atrapalhar uma recuperação projetada. E foi apenas um dia depois que o presidente da Reserva Federal Americana, Jerome Powell, sinalizou as tensões tarifárias como uma razão do primeiro corte nas taxas de juros do banco central em mais de uma década, mencionando a palavra "comércio" mais de duas dúzias de vezes durante sua entrevista coletiva.

Portando fica assim enfaticamente exposto que a medida que a guerra comercial entre os EUA e a China continuar, Angola estará se tornando parte dos danos colaterais nessa disputa.


Angola e outros países africanos precisam diversificar seus menus de exportação dos itens tradicionais, como o petróleo. No caso concreto de Angola, as politicas económicas deverão concentrar-se na redução de custos, apesar, da falta de boas e modernas infraestruturas, sendo este um importante fator de custos para os investidores.


A falta de infraestruturas adequadas em Angola, como portos eficientes, eletricidade e transporte, significa que é improvável o país se beneficie de outro subproduto da guerra comercial que seria os países desenvolvidos montarem suas empresas em Angola.


Devo aqui salientar que sendo o petróleo a força vital do mundo moderno, sua importância no cenário econômico global e de Angola, não pode ser exagerada. Sem o petróleo, a industrialização de Angola e do mundo, não teria acontecido no ritmo muito rápido que aconteceu. Indivíduos e empresas, fabricantes de aviões, montadoras de automóveis, entre outros, florescem com a renda gerada por equipamentos à base de petróleo.


A maioria dos países produtores de petróleo, particularmente os países em desenvolvimento, como Angola, contam com o petróleo bruto como seu principal gerador de divisas. A produção de petróleo bruto em Angola por exemplo, aumentou para 1369 BBL / D / em setembro, dos 1328 BBL / D / em agosto de 2019. Basicamente a produção de petróleo bruto em Angola foi em média de 1290,23 BBL / D / de 1994 a 2019, atingindo uma alta histórica em exceção em 2030 BBL / D / em março de 2010 e um recorde debaixa de 503BBL/D/ em março de 1994. Os números não mentem se bem analisados.


Embora Angola e a África não sejam alvos da disputa acima referida, muitos dos 54 países do continente dependem de exportações de commodities, especialmente para a China. O velho ditado diz que quando os elefantes brigam, a grama sofre. Assim para os meus colegas economistas, será interessante ver quantos dos países mais ricos em recursos naturais em África, como Angola, que dependem da China para uma grande e considerável maioria de suas exportações serão duramente penalizados e partes da lista de colaterais desta guerra entre os gigantes.


O Sudão do Sul, por exemplo, obtém 95% de sua receita externa com as exportações de petróleo para a China, segundo dados do FMI. Para Angola, 60% de suas exportações são de petróleo e minerais para Pequim. Enquanto isso, a China recebe 45% das exportações de diamantes e outros minerais do Zimbábue.


Consequentemente, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) alertou recentemente que as tensões comerciais podem causar uma redução de 2,5% no PIB em países africanos com uso intensivo de recursos e uma redução de 1,9% nos exportadores de petróleo até 2021.


Por outro lado, algumas das economias de maior sucesso da África dependem muito menos da venda de matérias-primas. Caso em concreto é a Etiópia e Ruwanda, países com poucas commodities para exportar, e estes aumentarão seu PIB este ano em 7,5% e 7,7%, respetivamente, segundo projeções do FMI. Que inveja.


Como disse no início, faltaram duas coisas no Discursos do Estado da Nação pelo Presidente JLO. Aqui vai a segunda falha a meu ver. Esta tem a ver com a servidão por dívida a China. Este tipo de divida também é conhecido nos meios académicos como escravidão por dívida ou trabalho de escravo. Por definição em termos económicos, esta é a garantia dos serviços de uma pessoa como garantia para o pagamento de uma dívida ou outra obrigação, em que os termos do reembolso não são claros ou razoavelmente declarados pela pessoa ou intuição que está segurando a dívida. No caso de Angola, a China tem algum controle sobre o trabalhador, fornecimento de insumos ao país do destino final do investimento. A China nunca admite que a dívida já foi paga. Coincidência ou é isto mesmo que traduz as relações comerciais com a China?


Saberá o Parlamento do novo ano Legislativo obter clareza nesse dossier? O Presidente JLO poderia muito bem ser o Barack Obama de Angola neste aspeto.


Sabe-se que os serviços necessários para pagar a dívida a China, neste momento, aparentam ser indefinidos, e a duração dos serviços também indefinida, permitindo que a China a quem supostamente é devida a dívida exija de Angola serviços e fornecimento de crude indefinidamente. O mais agravante é que a servidão por dívida pode ser transmitida de geração em geração. Que horror.


Historicamente seria importante para Angola refletir sobre o penhor, que posso aqui definir como uso das pessoas na transferência de seus direitos para liquidação da dívida a China. Isso era comum durante o século XVII num sistema de penhor que ocorreu simultaneamente com o tráfico de escravos em África. Embora a exportação de escravos da África para as Américas seja frequentemente analisada, a escravidão também era desenfreada internamente. O desenvolvimento de plantações como as de Zanzibar, na África Oriental, refletiu a necessidade de escravos internos. Além disso, muitos dos escravos exportados eram do sexo masculino, pois as condições brutais e de trabalho intensivo favoreceram a construção do corpo masculino. Isso criou implicações de gênero para indivíduos no sistema de penhor, à medida que mais mulheres foram penhoradas do que homens e frequentemente exploradas sexualmente no país. Faça a sua leitura livre deste facto histórico em relação a China.


Após a abolição da escravidão em muitos países no século XIX, os europeus ainda precisavam de trabalhadores. Além disso, as condições para os escravos emancipados eram severas. A discriminação era galopante no mercado de trabalho, dificultando a obtenção de uma renda sustentável para ex-escravos. Por causa dessas condições, muitos escravos libertos preferiam viver contratos contratuais à escravidão com seus senhores, de maneira paralela à escravidão por dívida.


Hoje, a realidade cristalina é que quase 40% dos países da África Subsaariana, Angola parte desta lista, correm o risco de entrar em uma grande crise de dívida, de acordo com o Overseas Development Institute do Reino Unido. E o relacionamento entre as nações africanas e a China é frequentemente visto como uma parte significativa do problema.


Os críticos como eu afirmam que, os principais projetos de infraestrutura realizados por empresas chinesas em Angola, são muito caros e sobrecarregam Angola como país anfitrião com enormes dívidas que não esperamos pagar. O governo Chinês está convencido de que suas relações econômicas com Angola são mutuamente benéficas e rejeita as sugestões de que está usando dívidas para expandir a sua influência no País.


Minha pergunta aqui é: Então, a China é realmente responsável pela crescente dívida de Angola e África? O FMI alertou recentemente que a África está caminhando para uma nova crise da dívida, com o número de países em alto risco dobrando nos últimos cinco anos. O Banco Mundial agora classifica 18 países como de alto risco de sobre endividados onde os índices da dívida / PIB ultrapassam 50% e Angola esta acima desta cifra.


Alguns números ao rematar. O montante total da dívida externa para o continente é estimado em Usd 417 bilhões (£ 317 bilhões). Cerca de 20% da dívida externa dos governos africanos é devida à China. Isso faz da China o maior país credor e único em Africa. Outros 35% da dívida africana são mantidos por instituições multilaterais como o Banco Mundial, sendo 32% devidos a credores privados.


Os efeitos negativos dos empréstimos financeiros chineses à economia angolana incluem o estrangulamento das empresas locais para com os chineses com fortes poderes de compra. A dívida a China também tem promovido o comércio ilícito entre a China o nosso país.

A servitude a China, não deverá ser o futuro dos nossos filhos em Angola. Algo deverá ser feito, e isso chama-se o angolano primeiro.