Luanda - Uma vez li um trabalho de um politólogo africano que destacava a tendência dos dirigentes do continente em classificar os seus opositores com nomes de animais: desde jacarés, hienas, cães, ratos, pássaros, etc. Ja Kadhafi chamara a oposição armada de ratos.

Fonte: Club-k.net

Angola não foge a regra, não fôssemos um país africano. Creio que desde a luta armada, nós xingamos politicamente os opositores com epítetos avassaladores: cobra era um deles, que me lembro bem logo nos primórdios da independência. Já não me lembro de outros.


O pior deste hábito político-cultural foi o uso descontextualizado do provérbio "O CABRITO COME ONDE ESTÁ AMARRADO". Trasladar um provérbio rural, do contexto restrito da sanzala para uma nação inteira, e fazer dele sintagma de governação, representa prova de ignorância política, má-fé e oportunismo.


Portanto, os dirigentes africanos têm de ter mais cuidado e ponderar em que circunstâncias vão utilizar um provérbio ou criar uma metáfora, isto é, uma comparação entre um ser vivo ou objecto da vida e o estado da nação.


É que, às vezes, não estamos no mesmo avião. Ou, se bem ponderadas as coisas, o povo da Angola profunda (incluído o dos muceques) não viaja de avião. Aqui ficaria mais certeiro utilizar a imagem do candongueiro. Que não tem cintos para apertar e onde os dirigentes só viajam uma vez na vida com uma humorista para inglês ver.