Luanda  – O actual Conselho de Administração da Edições Novembro, empresa editora do Jornal de Angola, Jornal dos Desportos e outros títulos, está a ser acusado e alvo de críticas, em círculo de familiares, jornalistas e amigos, em de ter abandonado à sua sorte o conceituado jornalista desportivo António Ferreira “Aleluia”, que se encontra em Lisboa, Portugal, em tratamento médico.

* Carlos André
Fonte: Club-k.net

O jornalista que trabalha na empresa desde o princípio da década de 80 padece de problemas da próstata, o que provocou que sofresse a duas intervenções cirúrgicas, para sanar a situação, o que não terão sido bem-sucedidas.

 

O mesmo perdeu a sensibilidade dos membros inferiores, depois de ter sido submetido a mais uma intervenção cirúrgica na zona da coluna na tentativa de restaurar os movimentos. Está agora numa cadeira de rodas, com limitações de locomoção e tratamento da higiene pessoal.

 

Numa altura que o profissional, com uma folha de serviço brilhante, enfrenta a maior amargura da vida, o actual Conselho de Administração da Edições Novembro, liderado pelo veterano jornalista Vítor Silva, tem levado o caso dele com desconsideração e indiferença, ao ponto de não beneficiar de nenhum apoio para custear as despesas básicas e tratamento médico.

 

Desde que chegou à Lisboa, em finais de Agosto, em estado bastante crítico, o jornalista nunca recebeu nenhum apoio moral (visita) ou financeiro da Edições Novembro. Só depende do salário para fazer face a todas as despesas em Lisboa e em Luanda, disse um familiar de Aleluia aos colegas deste.

 

O administrador Administrativo e Financeira, José Alberto Domingos, é acusado  de   não fazer nenhum esforço para acudir as dificuldades que o jornalista enfrenta, alegando, constantemente, falta de recursos, quando se sabe que despesas supérfluas têm estado ser a realizadas.

 

José Alberto Domingos, aposta de Vítor Silva para tratar da administração e finanças, depois de ter conseguido afastar “ardilosamente” na corrida o economista Fernando Cunha, actual director da Gráfica Popular, teve aquando da sua primeira chegada ao Conselho da Administração da empresa, como administrador, na gestão de José Ribeiro, o apoio incondicional de António Ferreira “Aleluia” na empresa, auxilio-o em muitos dossiês que ele não dominava, pelo que acham estranho esta indiferença ao sofrimento do jornalista.

 

“Chegou, com os outros da anterior administração, de meias brancas, pobre, reformado e desempregado, hoje faz isso ao outro”, comentou uma renomado jornalista da estrutura editorial do Jornal de Angola.

 

Alguns colegas do jornalista alegam que, apesar das circunstâncias como Aleluia foi afastado e exonerado do cargo de director de marketing e publicidade da Edições Novembro, não justifica o tratamento que tem sido sujeito por parte administração da empresa.

 

Afirmam que há membros que estão hoje na hierarquia da empresa, que não fizeram 1% que Aleluia fez ao longo destes mais de 38 anos de casa, que têm beneficiado de generosos apoios. Os mesmos se socorrem a uma da frase do próprio Aleluia quando dizia de que “a lei é para os inimigos’. A lei ao que tudo indica está a ser usada contra ele.

Os colegas recordam que Aleluia foi sempre um trabalhador incansável e ajudou na criação de vários projectos editoriais da empresa, sendo o mais destacado o Jornal dos Desportos, na década de 90, em condições difíceis. Os mesmos são de opinião que o profissional, por tudo que fez pela empresa, não merecia este desprezo, porque situações de doença acontecem a qualquer pessoa. 

 

Os jornalistas da casa acreditam que se um desses membros ou outra pessoa com influência na administração ficar doente e necessitar de consultado no exterior o dinheiro vai aparecer, achando ser má-fé o tratamento que António Ferreira está a ser sujeito. O problema não é dinheiro para uma empresa que factura por edição só com o Jornal de Angola, em publicidade, mais de oito milhões de Kwanzas.

 

“Se morrer agora vão querer patrocinar a comprar do caixão de luxo e fazer discursos bonitos, isso é de uma sacanice humana sem tamanho”, lamentou uma amiga que foi visitá-lo, no hospital.

 

Por esta altura, Aleluia teve uma recaída e está internado, com o seu estado de saúde a inspira cuidado, o que leva algumas pessoas que estão próximas dele a temer o pior. “Se curvar aqui a família não tem dinheiro para a transladação”, continuou a amiga que foi visitar Aleluia.

 

Sabe-se que a esposa de Aleluia não conseguiu de alterar com urgência o bilhete de passagem de regresso a Luanda, onde tem também agora um filho doente, por falta de 800 euros. A solução é esperar o dia marcado para o regresso.

 

Mesmo em estado de saúde debilitado, António Ferreira não parou de trabalhar, tendo escrito na edição do 14 de Novembro, um texto com o título o “Militares fora dos convidados para disputar a Liga Africana”. O jornalista continua o mesmo, extrovertido, embora vai demostrando sinais de desfiguração facial e com quase 50 quilos, para quem chegou a ter mais de 110 quilos, contam amigos que têm estado a acompanha-lo nas consultas e outros afazeres diários.

 

Aleluia está actualmente a viver numa casa arrendada, estando com mais de quatro meses com renda em atraso, tendo já recebido um aviso do senhorio para abandonar o imóvel se até final do mês não liquidar as rendas.

 

O jornalista tem estado a lamentar junto de familiares o abandono de alguns amigos que tanto ajudou e por estar sem dinheiro ter feito gastos avultados para o seu tratamento. Chegou a pagar, numa das consultas de check-up completo, mais de 20 mil euros, sem contar com as cirurgias e quimioterapias, que faz nos últimos 5 anos.

Seguro sem pés para andar

O administrador para área Administrativa e Financeira, José Alberto Domingos, está ser apontado como querer impingir um seguro de saúde aos trabalhadores que se revela uma autêntica negociata, por abranger apenas o trabalhador e não contempla o cônjuge e os filhos, mas preço de apólice dá cobrir mais de cinco pessoas em outras operadoras.

 

As condições de seguro e a segurança social foram mesmo questionadas pelo jornalista Cândido Bessa, como sendo uma preocupação que o representante do sindicato dos trabalhadores na empresa devia apresentar no encontro com o ministro da Comunicação Social, Nuno Albino Carnaval.