Luanda - Ontem foi apresentado o novo executivo da UNITA, que tomou posse, e pelos discursos e depoimentos, a máquina está oleada para arrancar, rumo ao "assalto" ao Poder.

Fonte: Club-k.net

Todavia chamou a minha atenção algo, que não posso deixar passar, sendo um activista pela causa da inclusão. Parece-me que, às vezes, ou nalgumas circunstâncias, a UNITA anda mesmo à reboque do MPLA e quase só faz o que este partido também o faz. Senão vejamos:


Após o seu último Congresso, o MPLA ao constituir o seu Bureau Político, Comité Central e demais órgãos directivos, concentrou a sua atenção nos diplomas e no sexo, pelo que, em pleno século XXI, a inclusão não foi motivo de preocupação, de modos que não se vê nenhuma pessoa com deficiência nas estruturas de direcção do partido, que governa em Angola, há mais de quarenta anos.


Parecendo face da mesma moeda, o partido UNITA, com ligeira diferença, é um pouco mais do mesmo, e responsabilizo por isso o seu presidente, Adalberto Costa Júnior, que já desde a constituição da sua equipa de campanha eleitoral partidária mostrou-se indiferente às questões da inclusão.


Ora vejamos: constituídos que estão os órgãos directivos do galinheiro, encontramos um militante amputado de uma perna, que usa prótese, por isso a sua deficiência não é visível, mas é uma pessoa com deficiência, e foi nomeado como Secretário da Formação Política, e o outro, que é o Victor Hugo Plineo Ngongo, que na direcção cessante já foi Secretário Adjunto, nesta nova, "quase antiga", está apenas na Comissão Política, logo, sem visibilidade nenhuma. Portanto, no conjunto de toda aquela gente, que constitui a Direcção do partido do galo negro, estão apenas duas pessoas com deficiência, sendo que, um deles, que já tinha uma visibilidade, foi retirado de cena.


A ligeira diferença, entre JLo e ACJ ou Man Beto, consiste no facto deste último ter se preocupado mais com as questões tribais, pois cuidou de ter representado na Direcção, um pouco de cada tribo ou grupo étnico (étno linguístico), mostrando ter ideia de que, inclusão se resume a isso e a ter mulheres no seu seio.


Alguém poderá dizer, 'mas estão lá duas pessoas com deficiência'...


De facto são duas, na verdade uma, porque outra foi até rebaixado e perdeu visibilidade. Mas se estivessem apenas duas mulheres, duas pessoas do norte ou do leste, que se diria?


Quantas pessoas tem os órgãos de direcção todos? Em comparação e tendo em conta a Lei das Acessibilidades, o que representa duas pessoas?


Atenção: o MPLA e a UNITA, são as duas organizações que submeteram os angolanos a guerra mais longa e destrutiva, que tivemos, por isso, a principal causadora da existência de grande parte das pessoas com deficiência em Angola.


Essas duas organizações, outrora belicistas, têm o dever moral de repararem os estragos, que fizeram, pelo menos, para se redimirem, incluindo em todas as suas estruturas e bem posicionadas as pessoas com deficiência, que tiverem ou vierem a filiar como militantes, já que não o fazem em respeito as convenções internacionais, a Constituição e as leis locais, e mais importante, ao TEMPO. Estamos no tempo da Inclusão, minhas senhoras e meus senhores.