Luanda - O economista-chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique disse hoje que as reformas económicas implementadas pelo Governo angolano vão, em 2020, começar a gerar algum alívio e estabilidade no crescimento da economia do país.

Fonte: Lusa

Fáusio Mussá falava, em Luanda, num 'briefing' económico realizado pelo Standard Bank com o objetivo de acrescentar valor no que diz respeito aos temas ligados à economia angolana e ao continente africano em geral.

 

Segundo o economista-chefe do Standard Bank, as reformas económicas iniciadas em 2018, dão já um sinal de que, no próximo ano, a economia angolana poderá conhecer melhores dias do ponto de vista do crescimento.

 

Contudo, Fáusio Mussá disse que é preciso que haja muito mais investimento e estabilidade de preços, para que o consumo e o Produto Interno Bruto aumente.

 

"Eu espero que a situação do próximo ano não seja por causa do efeito base, apenas de números, e que depois não se traduza na realidade, que é no bolso do angolano, no padrão de vida das pessoas. Porque o cenário, considerando a inflação e o ajustamento cambial, é de que o cinto tem de ser apertado ainda mais do que quilo que já está neste momento", afirmou.

 

Em declarações à imprensa, Fáusio Mussá frisou que as reformas económicas trazem o retorno da estabilidade macroeconómica, ou seja, após um período de implementação, a inflação irá estabilizar e baixar, o câmbio volta a ficar estável e a economia retoma o crescimento.

 

"Esse seria um benefício das reformas que o Estado tem estado a implementar. Do ponto de vista mais imediato, algumas dessas medidas que o Governo implementou, como por exemplo, as alterações regulamentares no setor do petróleo, a alteração da lei de investimento e a perspetiva de privatizar um conjunto de empresas, provavelmente vão atrair mais investimentos para Angola no próximo ano, não só para o setor do petróleo, mas também fora dele", referiu.

 

Para Fáusio Mussá, o país não tem como evitar certas reformas e "quanto mais tarde se tomarem decisões sobre, por exemplo, ajustar os subsídios da importação de combustíveis ou ajustar o câmbio, entre outras, mais oneroso será tomar essas medidas".

 

Instado a comentar a perspetiva otimista de crescimento de 1,8%, apresentada no Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, o economista chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique disse acreditar que se concretize, sublinhando que os números não preocupam.

 

"O Standard Bank publicou, em setembro, uma projeção de 1.4% para o próximo ano, penso que o mais importante é que parece haver uma convergência de que, a partir do próximo ano, haja alguma melhoria das condições económicas, mesmo que os desafios se mantenham do ponto de vista de implementação de uma política de remoção dos subsídios e de uma maior flexibilização da taxa de câmbio", destacou.

 

Relativamente ao peso da dívida em Angola, Fáusio Mussá considerou que a mesma tem um impacto duplo, o primeiro do ponto de vista de sentimento, quando os investidores ao olharem para o 'stock' da dívida colocam algumas reservas.

 

"Mas ao mesmo tempo, podemos analisar a última emissão dos Eurobonds para Angola, que foi bem sucedida, com uma procura várias vezes superior à oferta, mostrando que ao mesmo tempo os investidores estão confortáveis com o tipo de reforma que Angola está a implementar, mas não só, com o tipo de parceiros que o país conseguiu atrair", disse.

 

O economista chefe do Standard Bank lembrou que Angola tem em curso um programa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já teve uma primeira revisão bastante positiva, devendo em dezembro, provavelmente, ser anunciada a segunda.

 

São estas "relações que o país tem estado a desenvolver que ajudam a manter um bom sentimento em relação aos investidores", considerou.