Luanda - Várias vezes utilizamos esta expressão tão típica no nosso dia a dia, quando nos sentimos presos às questões relativas à nossa sobrevivência como seres humanos.

Fonte: Club-k.net

Olhando para a realidade que nos rodeia, caracterizada por enormes dificuldades de carácter básico e social, como a pobreza, a fome, o desemprego, a doença, os transportes, a água a energia eléctrica, a habitação, a educação, o primeiro sentimento que nos vem à mente é este: por onde começar e o que temos de fazer, para a reversão do actual estado de coisas, 17 anos depois, do calar das armas, que trouxe a paz definitiva para o país? Como corrigir os erros e melhorar o desempenho da economia que, não conseguiu ainda dar respostas aos anseios dos cidadãos? Ou melhor, como colocar a carruagem nos carris? Quem está a tentar subverter a ordem instituída e a querer travar o balanço do combóio? É necessário reflectir sobre estes pontos para encontrarmos soluções eficazes para os problemas reais da sociedade angolana.


O actual poder político tem de rever rapidamente os caminhos, definir correctamente uma linha estruturante para a política económica que seguimos. E para o efeito é necessário abrir o país nos domínios da comunicação social, dar força à capacidade de realização individual das pessoas e estruturar o nosso sistema económico e financeiro, permitindo que os agentes económicos (Famílias, Empresas, Estado, Mercados e Estrangeiro) interajam na cadeia de forma equilibrada, para gerar fluxos de desenvolvimento naturais, que satisfaçam os interesses de todas as partes.


Partindo da análise dos factos concluiremos que, enquanto o sistema económico não se ajustar à realidade científica, Angola dificilmente atingirá patamares de desenvolvimento sustentável e abrangente. Senão vejamos: da forma como está organizado o actual modelo económico, onde encontramos ministros, que são ao mesmo tempo empresários, banqueiros, industriais, comerciantes, agentes culturais, proprietários de estabelecimentos escolares e de ensino superior, de saúde, construtores imobiliários, dificilmente o país se tornará numa força galvanizadora do desenvolvimento económico e social, capaz de gerar emprego real e diversificado para a juventude, como se caracteriza a sua matriz social. A visão macroeconômica que leva o Estado a apostar na grande propriedade, constituem entre outros aspectos, a razão do nosso insucesso.


Aliás sobre o assunto vale a pena o olhar atento ao discurso do Presidente João Lourenço, nas suas visitas de campo, para percepção do quadro real da economia, onde são drenados importantes recursos financeiros, mas não há resultados palpáveis a assinalar. Na última deslocação que fez à província do Cuanza Sul, pudemos observar nas suas declarações, uma profunda reflexão sobre a real situação da propriedade agrícola no país, onde são encaminhados importantes recursos financeiros, sem os resultados económicos desejados. Somos poucos para tantas responsabilidades, mas somos muitos a desejar o melhor para o nosso bem estar e para isso devemos um engajamento mais realista nas soluções para os nossos problemas de desenvolvimento. Angola deve olhar o futuro com realismo e sabedoria.

ANDRÉ PINTO