Luanda - No último final de semana o país foi surpreendido pelos órgãos de comunicação social, com a notícia sobre a troca de acusações entre os mais altos responsáveis da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que pela gravidade do seu conteúdo, vieram pôr à prova, o poder e a independência da Justiça angolana.

Fonte: Club-k.net

No documento distribuído à imprensa, e que contou supostamente com 330 subscritores, entre os quais, bispos, pastores e obreiros, consta que nos últimos doze meses, a liderança brasileira por orientação do Bispo Edir Macedo tem forçado os Pastores solteiros e casados a submeterem-se a um procedimento cirúrgico de esterilização, tecnicamente conhecido como vasectomia. Coincidência ou não, relato idêntico, foi feita por um dissidente pastor da IURD em Moçambique, que denuncia que pastores moçambicanos também são alvo dessa operação cirúrgica, uma imposição da liderança brasileira aos pastores locais.


A ser verdade que os pastores angolanos têm sido submetidos a operação cirúrgica de vasectomia à força ou por imposição, estamos perante uma violação grave da Declaração Universal dos Direitos do Homem e da Legislação angolana, na medida em que os especialistas em saúde pública aconselham que esse procedimento seja aplicado apenas a pessoas que se comprometam inequivocamente que já não farão mais filhos no futuro, já que a possibilidade de procriar é quase nula.


Outra denúncia que consta da referida declaração é sobre a venda de 50 porcento do património da IURD, sem a prévia consulta dos pastores e bispos angolanos, acto que supostamente terá ocorrido sob a orientação do líder fundador da IURD, o brasileiro Edir Macedo, acusado também de ser o beneficiário do dinheiro transferido para o Brasil, resultante da venda do referido património, que inclui residências e terrenos adquiridos e construídos com dízimos, ofertas e doações de angolanos àquela seita religiosa.


Os subscritores da declaração dos pastores da IURD – Angola, reconhecem que essa prática desvirtua aquela denominação religiosa do seu objectivo estatutário, que é a pregação do evangelho, assente nos ensinamentos bíblicos e do cristianismo.


Diante de denúncias vindas de pessoas com altas responsabilidades dentro da IURD, urge a necessidade de a Procuradoria Geral da República mover uma investigação séria, patriótica e sem complexos, para que os meandros do funcionamento da Igreja Universal do Reino de Deus Angola sejam esclarecidos, desde a veracidade dos milagres ao destino dado ao dinheiro cobrado aos pacatos cidadão angolanos, em que muitos deles chegam ao ponto de venderem de tudo um pouco que possuem, na esperança de verem concretizadas as promessas milagrosas apregoadas nos seus cultos ao vivo e nas Rádios e Televisões, à maneira de quem prega com base na teologia da prosperidade, característica própria da IURD e suas sucursais.


Em nome da justiça e do amor à pátria, espera-se que este caso não termine como terminou o do Dia do Fim, uma vigília convocada para 31 de Dezembro de 2012 pela Igreja Universal do Reino de Deus, em que esta prometia a realização de milagres e chuva de bênçãos a quem fosse ao pavilhão principal da Cidadela Desportiva em Luanda. Os fiéis e o povo ávidos de ver os sonhos realizados, responderam positivamente ao chamamento “divino,” e encheram o pavilhão ao ponto de não haver espaço para mais ninguém, até porque o recinto adjacente ao pavilhão, também estava abarrotado. Entretanto, o resultado foi o inverso do prometido, porque a vigília terminou com a morte 3 crianças e desmaio de centenas de pessoas por asfixia.

A 2 de Fevereiro de 2013, ou seja, um mês depois do incidente, a comissão multissectorial criada pelo então Presidente da República, José Eduardo Santos, trazia as conclusões do inquérito, que contrastavam claramente com a direcção em que as investigações policiais apontavam inicialmente. Foi assim a referida comissão decidiu simplesmente suspender as actividades da IURD por 60 dias, cujo reinício dependia do grau de culpabilidade da IURD. Terminado o prazo, a Igreja Universal do Reino de Deus retomou as suas actividades normalmente como nada tivesse acontecido.


Então, se a História ensina-nos a aprender com os erros do passado para que não voltemos a cometê- los, precisamos corrigir o que está mal e melhorar o que está bem, defendendo a justiça, a honra e a dignidade do angolano e dos valores que nos são intrínsecos enquanto africanos.


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* Licenciando em Jornalismo