Luanda - Diz a sabedoria africana que a mentira parte as seis horas da manhã e a verdade as 14h00, mas a verdade será a primeira a chegar à meta.


Fonte: Club-k.net

 

Este ditado vem a propósito dos últimos desenvolvimentos no nosso país, onde as autoridades deram sempre a impressão de terem toda a razão, e que eram as únicas detentoras da verdade dos factos históricos que marcam a política angolana.

 

Assim foi com as reais causas do conflito angolano, as fraudes nos processos eleitorais, as intervenções militares nos países vizinhos, o caso Miala, e agora o caso Angolagate, que teve curvas e contracurvas, incluindo a atribuição de cidadania angolana e funções de diplomata a Pierre Falcone para gratifica-lo e evitar que fosse julgado.

 


Seja qual for o mérito da ajuda que Pierre Falcone prestou a Angola, é importante esclarecer que naquela altura estava em vigor a cláusula Triplo zero das Nações Unidas que proibia a venda de armas para Angola que entrou em vigor em 1991 quando da assinatura dos acordos de paz de Bicesse. Foi esta cláusula que Pierre Falcone violou, ao intermediar o negócio de armas entre Angola e a Rússia.

 

Nos países democráticos, a separação de poderes é uma sina que garante preservar o estado de direito, onde os tribunais são independentes do poder executivo ou legislativo. Daí não saírem decisões para agradar gregos e troianos, ou salvaguardar interesses que violam a lei, porque ninguém deve estar acima da lei.

 

Levou tempo, para que a justiça fosse feita, para que a verdade viesse a tona, para que os actos que mancham a imagem de Angola e dos angolanos fossem esclarecidos e respeitadas as normas da justiça.

 

Fazemos aqui um pouco de história sobre este caso, para por a nú a verdade, já que diz o ditado que verdade liberta.

 

O processo Angolagate diz respeito à venda de armas entre 1993 e 1998, quando o empresário francês Pierre Falcone e o negociante israelita de origem russa Arcadi Gaydamak intermediaram a venda para Angola de material militar avaliado em 790 milhões de dólares (626 milhões de euros).

 

No seu todo o mega processo Angolagate levou cinco meses de audiências, que se estendeu até Março deste ano, e sete meses de interrupção, até à leitura, das sentenças, no dia 27 de Outubro em conheceu o seu fim. Estiveram envolvidos 42 personalidades, porém, nenhum dos 30 angolanos citados durante a investigação compareceu perante a Justiça francesa.

 

De ferir ainda que Angola foi acusada pelo juiz que presidiu ao julgamento de ter efectuado pressões durante as audiências.
Pierre Falcone, sucessivamente esquivou-se às questões incómodas do tribunal alegando

«segredo de defesa». Recusou-se em julgamento denunciar personalidades angolanas apelando sistematicamente como «segredo de Estado», um pormenor que esta a ser interpretado como fidelidade a Luanda.


Logo na abertura do processo Angola tentou também, sem sucesso, evitar o julgamento alegando igualmente o «segredo de defesa» e o carácter confidencial dos documentos do processo.


Com a condenação de Falcone a seis anos de prisão efectiva a importância do «segredo de defesa» inverteu de sentido. Pierre Falcone nasceu na Argélia, tem tripla nacionalidade, Brasileira, Francesa e Angolana.


Este processo só conheceu este desfecho, porque a verdade falou mais alto. Partiu tarde, mas chegou mais cedo do que se esperava.

 

Precisamos de renascer para em irmandade reerguermos este belo e portentoso país, virando definitivamente a página da nossa história. Não colhem muito os argumentos que têm sido levantados para justificar a não-aceitação das nossas diferenças, nem importa culpabilizar quem quer que seja pelo estado em que o país se encontra, pois a razão pertence-nos a todos, porque Angola também pertence-nos a todos. E todos tiveram uma causa justa.