Luanda - O Brasil pode ser um parceiro decisivo para a segurança alimentar de Angola e ajudar o país a tornar-se autossuficiente em termos de alimentos, defendeu o ministro das Relações Exteriores brasileiro em entrevista à Agência Lusa.

Fonte: Lusa

"Queremos instaurar toda uma nova filosofia de investimento nas nossas relações com Angola, trabalhando essencialmente na facilitação do investimento privado", em particular no agronegócio e na tecnologia agrícola, disse Ernesto Araújo, em entrevista à Lusa em Luanda.

 

Além de querer contribuir para transformar Angola num país autossuficiente na produção alimentar, o diplomata realçou que este investimento é também essencial para tornar Angola num país exportador, uma experiência que o próprio Brasil promoveu a partir dos anos 1970, investindo em tecnologia agrícola e ganhos de produtividade e eficiência que ajudaram o país a tornar-se num dos grandes exportadores de carne bovina e frango a nível mundial.

 

"Assim como no passado tivemos muitos investimentos em infraestruturas, isso pode ser um dos próximos pilares do nosso engajamento com Angola", traduzindo a "pujança do agronegócio brasileiro", referiu, salientando que se pretende um investimento mais criativo que envolva entidades como o Banco Africano de Desenvolvimento ou outras entidades financiadoras internacionais.

 

Ernesto Araújo admitiu que o envolvimento de construtoras como a Odebrecht, cujos negócios em Angola no tempo do antigo Presidente José Eduardo dos Santos estão envolvidos em suspeitas, afetou a presença brasileira.

 

"Houve impacto. Havia um modelo de investimento em infraestruturas com financiamento e garantia estatais" que foi posto em causa afetando as empresas brasileiras a nível de garantias e da sua saúde financeira, disse.

 

No entanto, esse impacto "talvez tenha sido bom" porque veio ditar uma presença com bases mais sólidas e de longo prazo, vocacionada agora para o setor agrícola, referiu o ministro.

 

"Queremos estar neste mercado da maneira mais decisiva, não só provisoriamente, mas numa vertente mais promissora", enfatizou.

 

Ernesto Araújo termina hoje um périplo africano que começou em Cabo Verde, passou pela Nigéria e Senegal e acaba em Angola, onde chegou na quarta-feira.

 

Em Angola, o ministro assinou um acordo de cooperação em matéria de segurança, trouxe consigo uma delegação integrando responsáveis das principais indústrias de defesa do Brasil e entregou um convite ao Presidente de Angola, Joao Lourenço, para que visite o país sul-americano em 2020.