Luanda - Ponto prévio: “ Com a eleição de Adalberto da Costa Júnior(ACJ), para presidente da UNITA, terá sido enterrado definitivamente por parte do partido UNITA, o “ Machado de Guerra do Muangai “, tornando-o , uma Organização mais transversal e, agora sim, com vocação efectiva para ser Poder, sem o reducionismo revolucionário anterior, que expunham em demasia, as suas fragilidades idiossincráticas , num determinismo etno-linguístico; Ovimbundo.
Fonte: Club-k.net
Foi um ganho, de enorme alcance político para a UNITA e, obviamente, será interessante, para os futuros combates políticos que se avizinham, devendo por isso, ser equacionado, o “factor” Adalberto da Costa Júnior, no reposicionamento estratégico do combate político, entre os vários contendores da política angolana e, do qual se inclui obviamente, Abel Epalanga Chivucuvucu (AEC), cujo eleitorado, é idiossincraticamente o mesmo, o de ACJ, não se percebendo por isso, o quão temeroso, está a ser o Tribunal Constitucional para com o AEC. ”
Uma “Bomba”!!!
Foi a afirmação atónita, inconsistente e, de absoluta incredulidade , do economista e jornalista; Carlos Rosado de Carvalho, no dia seguinte, á Rádio MfM, sobre o comunicado da PGR, relativo ao arresto dos bens , de Isabel dos Santos (IS) e Sindika Dokolo.
Não foi ainda, uma “Bomba” com efeitos devastadores, sobre os seus adversários internos e, intramuros , que tivessem provocado crateras e labaredas á pradaria, como as de Hiroxima e Nagasaki, e que levaram o então Imperador japonês Hirohito á rendição, na 2ª Guerra Mundial. Esta é ainda e, somente, uma “Bomba” com efeitos retardatários, pois, os principais activos financeiros, dos seus adversários, encontram-se domiciliados no exterior do País. É por essa razão e, ainda , uma luta prolongada, como aliás dizia, Isabel dos Santos , na sua página do Twiter, em reação a quente ao comunicado da PGR.
Convenhamos entretanto, que foi uma ação da equipe ( política e judicial ) presidencial, que tem como base, a necessidade de uma confrontação implacável ,que vise manter, uma superioridade estratégica sobre os adversários mais temíveis e intramuros. É uma questão de sobrevivência política do Presidente, pois, sem essa superioridade, sucumbirá á prazo, aliás, como vêm verberando os seus adversários políticos principalmente internos, ao advogarem sobre o “Mito Gorbatchev” ao actual Presidente, provocando por vezes alguma inação estratégica da equipe governamental.
Essa “Bomba” estrondosa , ouvida e sentida até, na profundidade mais recôndita das Fendas da Tundavala, terá certamente, consequências devastadoras, quer do ponto de vista económico-financeiro, mas acima de tudo político, para a reputação interna e, principalmente externa , da faceta estratégica mais visível do Eduardismo, de sua graça; Isabel dos Santos. Nada entretanto , será como dantes, pois a detonação dessa “Bomba” , reduzirá em demasia, quaisquer veleidades internas, de o tornar, um presidente á prazo, pondo a nu, a fragilidade narrativa e argumentativa desse mito. É porém evidente, que essa desmitificação, foi de momento, o principal ganho político, o que permite reganhar a hoste dos adversários, levando inexoravelmente no médio e longo prazos, a consolidação do seu poder e, a sua luta para a reeleição á um segundo mandato, sem guerrilhas internas.
A defesa da teoria de Richelieu; de apoio ao inimigo do teu inimigo, assumida por IS, aquando da entrevista ao jornal Observador, em que afirmara ingénua e de forma frágil; que não daria apoio a JLo , caso continuasse com a mesma política, deu o mote ao Presidente, para o contra-ataque, pois os grandes políticos, não fazem concessões á fraqueza, quando em causa, está a sobrevivência política de uma liderança. Não peçam por isso ao Presidente, que seja um Gorbatchev, amainando o combate, vai lhe ser fatal á prazo.
A luta entre JLo e, os seus adversários internos e, intramuros, é ainda demasiadamente desproporcional, apesar do acionamento da “Bomba”, pois, nunca na vida política do seu Partido, um Presidente, teve como seus adversários políticos; gente com imensa fortuna e, propositadamente ou não, ainda não encarcerada, pelos crimes de apropriação indevida do erário. É um caso inédito em África e, talvez resida aí, a força e, simultaneamente, a fraqueza do actual Presidente, porque não o podem acusar de perseguição cega e impiedosa. Mas a sua fraqueza, reside também, no facto, de ter deixado os seus adversários reorganizarem-se, ao ter refreado, a máxima da teoria de Sun Tzu; Velocidade e Ataque, que vinha empreendendo, na sua luta quase titânica de sobrevivência política , contra Bicefalia e, que vencera de forma surpreendente, inapelável e avassaladora . Foi por isso, uma pena, o Presidente ter refreado. Julgo porém, ter sido um percalço estratégico, cujas consequências são ainda imprevisíveis. É que do outro lado, há adversários seus, politicamente “derrotados”, mas economicamente muitíssimo fortes, não há que menosprezá-los, pois, a semelhança de Gorbatchev, foram praticamente os oligarcas financeiros russos que o derrotaram. Os seus adversários internos, advogam o mesmo fim, daí a teoria sobre o “Mito Gorbatchev“, pela aparente “incapacidade” política, do Presidente JLo, em ultrapassar esta barreira mítica e intelectual de Gorbatchev, na hesitação que por vezes vem demonstrando, para as reformas mais profundas que se impõe á Sociedade angolana e, que o tornam refém, do apparatchik partidário.
É óbvio, e, intelectualmente honesto reconhecer , que o Presidente JLo, tem limitações, demonstradas de maneira evidente, aquando da apresentação na Assembleia Nacional, do seu discurso sobre o Estado da Nação. Entretanto e, contrariamente ao que afirmara Pitra Neto , á semelhança de Ronald de Reagan, JLo pode ter apenas algumas ideias elementares, mas acontece, que esses ideais, constituem o fulcro das questões da sua política, demonstrando com isso, que um sentido de orientação, aliado a força das suas próprias convicções , são os ingredientes-chave da sua liderança, devendo tornar contudo, essa evidência, mais clarificadora, aos olhos dos eleitores, daí por vezes a critica, sobre a falta de comunicação.
Sou de opinião, que o Presidente precisa de constituir um “ Gabinete de Crise”, composta por assessores profissionais das várias áreas do saber, associando-o, elementos do Serviços de Inteligência , para que produzam conhecimento e, que o municiem de maneira contínua e permanente , para os combates que se avizinham, fundamentalmente contra os adversários internos e, para que, não permita a inação estratégica do Governo, cuja função é essencialmente executiva. Como afirmara assertivamente IS, essa é uma luta prolongada e, como sabemos, uma luta com essas características, não é feita por um “ exército convencional “ ( entenda-se Governo ) , mas sim, pela “ contra-guerrilha “ ( entendamos o Gabinete de Crise ), já que, a luta prolongada de “ guerrilha” visa em última análise, a descredibilização da liderança e, o desgaste permanente e ininterrupto da governação , apartando-o das massas ( entenda-se eleitores ), com consequente perda de popularidade e , a prazo, a perda do poder político , o que se exigirá um profissionalismo actuante e de excelência, á dimensão das necessidades do combate político, para que a “Bomba” ora acionada, não expluda ás mãos de quem o acionou. Daí que, a questão da equipe seja fulcral, para a hegemonia estratégica avassaladora. Não foi por mero acaso, que o Director, do insuspeito Jornal de Angola, Victor Silva, no seu Editorial do dia 29 de Dezembro dizia; “ ... De facto, dá a impressão de estar a verificar-se uma caminhada solitária... e, não há alinhamento entre o discurso e, as acções. Há muita retórica e, pouca convicção na profundidade das Reformas necessárias.. “ .
Apesar de estar plenamente convicto, de que JLo não tergiversará, por uma questão fundamental de sobrevivência política, e, porque tendo iniciado a Glasnost e a Perestroica á angolana, seria curial referendar-lhe, para um 2º Mandato, para que deixe um legado reformista muito mais amplo.
Como afirmara o actual Presidente da República, João Lourenço, revê-se, em Deng Xiaoping. Ao fazer essa revelação e revisitação, presumo que JLo tenha tido a percepção, que elevara em demasia, a fasquia da luta política, principalmente ao nível do seu próprio Partido. E, se uma das premissas da afirmação política inexorável de Deng na China pós-Mao e, pós-Revolução Cultural, foi a luta política cerrada e, inapelável, contra o “Bando dos Quatro“, composto por ; Jiang Qing ( esposa de Mao ) , Zhang Chunqiao, Wang Hogwen e Yao Wenyuan, sendo por isso mister reconhecer, que foi a derrota política e económica, dessa também denominada “ Camarilha dos Quadro“, que permitiu a Deng Xiaoping, afirmar-se hegemonicamente como líder da China pós Mao, proferindo a sua frase pra mim das mais emblemáticas; “ A Reforma é a segunda Revolução da China “ , o que permitiu por isso , que a China se tornasse, o que é hoje ; uma Potência económica e política de dimensão mundial.
Obviamente, que não há aqui, qualquer paralelismo, entre a China pós Mao e, pós Revolução Cultural e, a Angola pós José Eduardo dos Santos. São países diametralmente diferentes , um é asiático e actualmente a maior potência económica mundial, a par, com os Estados Unidos da América. Mas há uma evidência, que permite tirar algumas ilações; O Combate político-econômico de JLo, não terá uma vitória inequívoca e retumbante, se ele e a sua equipa, não tornarem absolutamente risível a acção do “Bando” dos QUATRO, em Angola ,pois não há milagres, como aliás profetizara o Presidente, na sua última conferência de imprensa colectiva.
Será que a “ Bomba “ agora acionada, mitigará o poderio económico e financeiro do Eduardismo, sendo por isso o princípio do Fim? Ainda não, mas julgo que foi dado um passo importantíssimo, que tornará risível, esse poderio no curto prazo, pois, o Eduardismo não possui apoio interno expressivo do eleitorado e, a frente externa, que tem como base a Realpolitik e, que se baseia sempre em avaliações de poder e os interesses nacionais dos países, como definia aliás e muito bem, Henry Kissinger é , e sempre será de conveniência política e económica. Esse poder pode ter começado a desmoronar-se, como aliás apontam as recentes medidas do Banco de Portugal em relação a IS e, da CMVM, contra o Euro BIC , em Portugal .
Não se pede por isso a JLo , que faça uma Revolução, nem se lhe pode emitir um cheque em branco, mas devemos monitora-lo critica e construtivamente, para que exerça de maneira inequívoca, o papel de liderança e, faça Reformas profundas; ao nível do Sistema de Ensino e Educação, do Sistema de Saúde, da Investigação Científica, da Autonomia alargada do Sistema Judicial e, a aposta séria na Agricultura familiar, para o Combate á Pobreza extrema em Angola. e, que permitam tornar essas Reformas, como a segunda Revolução em Angola pós 25 de Abril, á semelhança, de que Deng Xiaoping profetizara e fizera na China, para que deixe o seu legado, não como um líder partidário , mas como um Estadista, profundamente comprometido com a Nação angolana, caso contrário o seu nome esvair-se-á no Tempo, o que seria uma pena, para quem foi o mentor e, iniciou as Reformas politicas em Angola.