Luanda - O Banco de Poupança e Crédito (BPC) ameaça usar a via judicial para recuperar o crédito malparado muito do qual é o resultado de empréstimos a políticos angolanos.

Fonte: VOA

Esta quinta-feira, o seu presidente do Conselho de Administração, André Lopes, disse que a instituição vai pedir a intervenção dos órgãos judiciais pelo facto de “nem todos os mutuários estão neste momento disponíveis para regularizar os seus compromissos, por via da relação directa com o banco”.

 

Fontes do banco público, citadas pela imprensa estatal, referem que em 2019 a instituição viu reembolsados apenas 4,2 por cento da carteira de 1.118 mil milhões de kwanzas em dívida.

 

O jornalista Alexandre Solombe disse esperar que se o crédito malparado tiver que ser levado à justiça, que não seja um processo selectivo deixando os dirigentes do MPLA de fora, que afirma serem os maiores devedores do banco público angolano.

 

“Esperemos que isso não nos conduza até ao fim do mandato do actual governo para que as pessoas que beneficiaram não sintam que têm agora o dinheiro legitimado porque não foram indiciados nem pelo tribunal nem pela Procuradoria-Geral da República”, defendeu.

 

Solombe afirmou que o BPC não terá bases para fundamentar, junto do tribunal, a recuperação do dinheiro emprestado, ou forçar o arresto de propriedades dos devedores, uma vez que, segundo afirmou,“muitos créditos tiveram um cariz político e a maior parte dos devedores não foram, sequer, obrigados a apresentar quaisquer garantias ao credor”.

 

O analista sustentou que muito dinheiro que foi emprestado aos dirigentes do partido no poder teve destino diferente àquele que inicialmente se havia proposto, sem que os bancos tivessem a capacidade de fiscalizar .

 

O economista Estêvão Gomes disse que a direcção do BPC criou este mecanismo como medida de pressão para ver se os clientes, espontaneamente, começam a pagar as parcelas que devem para que a instituição saia da situação em que se encontra.

 

Aquele especialista considera clientes devedores.