Lisboa – A delegação da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) junto ao Principado de Mônaco enviou, em finais de Dezembro, um memorando ao ministério do Interior de Angola, informando que decorrem em seu território investigações a volta de operações financeiras envolvendo o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos (JES), membros da sua família e antigos colaboradores.

* Paulo Alves
Fonte: Club-k.net

 “O meu pai não tem dinheiro em Mónaco”

O memorado da Interpol indica que ao longo dos anos terão registrado operações irregulares em contas bancarias tituladas pela família do antigo chefe de Estado angolano, motivando com que as autoridades de Mónaco levassem a cabo a investigações para se apurar a proveniência destes fundos que nas suas suspeitas entraram em seu território fora do circuito bancário e livre de impostos.


Segundo apurou o Club-K, as autoridades de Mónaco, acreditam que se esta diante de “crimes que vão deste branqueamento de capitais, fuga ao fisco, financiamentos duvidosos e compra de patrimônio injustificável”. O memorando a dar conta dessa embrulhada decisão, foi enviado a Luanda, no quadro da cooperação com interpol que aguarda reação do governo angolano.


Estando as investigações em fase final, as autoridades angolanas que viram se surpreendidas com o conteúdo do memorando, manifestaram-se preocupadas e com receio de que o antigo Presidente possa a vir ser perturbado pela justiça daquele principado, uma vez que se encontra em espaço Schengen desde Abril de 2019.


“As imunidades que goza apenas fazem referência ao abrigo das imunidades angolanas e não a crimes cometidos no espaço Europeu”, esclareceu uma fonte próxima ao assunto que teme numa eventual ordem de detenção preventiva contra alguém da família do antigo Chefe de Estado.


“Este é um caso diferente ao ex- Vice-Presidente Manuel Vicente, que ficou impedido de viajar para o espaço Europa. É que, neste JES ao ser constituído arguido já lá está por isso nada se poderá fazer senão acompanhar os acontecimentos”, rematou uma fonte em Luanda, ironizando que com isso “Poder-se-á estar diante da curva mais apertada da história do ex-Presidente e também do momento de reflexão sobre as grandes decisões da sua vida”.


Na edição deste sábado do semanário Português Expresso foi dada a manchete segundo a qual “José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos e Sindika Dokolo são suspeitos do crime de branqueamento de capitais” e que a “PGR de Angola diz que vai colaborar na investigação”.


Em reação a informação do Expresso, a filha Tchizé dos Santos que se tem destacado como uma das principais porta-vozes da família recorreu as redes sociais para rejeitar as acusações envolvendo o nome do seu pai.


“José Eduardo dos Santos não tem dinheiro em Mónaco. Esta noticia esta manipulada. Devem ser contas das lojas da joalharia de Grisogono la no Mónaco, pois é dos lugares do mundo onde são compradas as joias mais caras”, escreveu a antiga deputada do MPLA que se encontra fora de Angola por alegada divergência com a direção do seu partido.

 

Tchizé culpa governo 

 

Para Tchizé dos Santos “se há investigação é porque o próprio governo de Angola fez uma acusação contra uma cidadã [Isabel dos Santos], explicando que quando o teu próprio governo arresta os teus bens todos por suspeitas de crimes, todos os bancos do mundo acusadas pelo seu próprio governo onde a pessoa tem contas vão iniciar investigações, e inquéritos para apurar se aquilo que esta em seus bancos está em conformidade. É o governo mesmo que esta a incitar esta onda de levantamentos de suspeitas e tudo mais ”

 


De recordar que o antigo Chefe de Estado, Eduardo dos Santos está temporariamente no Reino de Espanha. Em finais do ano passado foi acometido por inicio de uma trombose que deixou-lhe com ligeiras sequelas na parte direita dos membros superiores. Por conta disso, foi lhe recomendado a distanciar-se de situações que possam alterar o seu estado emocional como ficando também impedido de andar de avião até próximas recomendações medicas. Há cerca de duas semanas teve uma recaída tendo ficado internado.


JES realiza as suas consultas em Barcelona durante os últimos 10 anos, porém, antes de deixar o poder previa alterar o quadro tendo orientado ao seu colaborador Leopoldino do Nascimento que pesquisasse a compra de uma propriedade na cidade sul africana de Cape Town, para passar a fazer as suas consultas nestes país que fica mais próximo de Angola, ao contrario das 7 horas de voo até Espanha.


“Os efeitos da corrupção são tão nocivos que aí fica a lição, se houvesse hospitais de referência em Angola, nada obrigaria JES a estar fora do seu país de acolhimento Angola em tratamento e acontecer este incidente tão grave a olho do Mundo e não será por culpa do executivo de João Lourenço , mais sim do próprio que governou 38 anos um país tão belo e rico como é o nosso”, lamenta João Gomes Soares, membro da sociedade civil em Angola.