Lisboa - Durante o comentário na SIC sobre o Luanda Leaks, a investigação internacional agora divulgada sobre a filha do ex-presidente angolano, Ana Gomes admitiu a possibilidade de “acionar um processo” contra Isabel dos Santos devido a um dos seus tweets.

Fonte: EXPRESSO

Desde que a investigação internacional sobre como Isabel dos Santos desviou dinheiro da Sonangol para o Dubai foi divulgada na tarde deste domingo, a empresária angolana tem estado a publicar vários tweets. Num deles, alega que George Soros “deu dinheiro” ao jornalista Rafael Marques, que por sua vez “partilhou o gozo do dinheiro com Ana Gomes”. “Não desço ao nível rasteiro deste tweet”, disse Ana Gomes no seu comentário na SIC este domingo à noite. “Se [Isabel dos Santos] não estiver presa entretanto, terei muito gosto em acionar um processo contra ela”, acrescentou.

 

Ana Gomes defendeu que o que está em causa no desvio de dinheiro feito por Isabel dos Santos “é muito mais do que os 115 milhões” revelados no Luanda Leaks. “São 2 mil milhões de dólares, valor em que está avaliada a sua fortuna”, afirmou a comentadora.

 

Ana Gomes lembrou ainda que as transferências “foram feitas através do Eurobic”, o que a levou a criticar a “não regulação” do Banco de Portugal. “Ou então a regulação finge que não vê e deixa andar”, afirmou. “O Banco de Portugal tem uma particular responsabilidade. O governador Carlos Costa já se devia ter demitido”, disse a ex-eurodeputada, repetindo o que já este domingo tinha defendido numa primeira reação à informação divulgada.

 

Ainda durante o comentário na SIC, este domingo, ao ouvir Ana Gomes, Isabel dos Santos publicou outro tweet:

 

Sobre esse tweet, a ex-eurodeputada reagiu: “Não sei porque me trata por tu”, disse, lembrando ter conhecido Isabel dos Santos “quando era miúda”. “É bonita, esperta, bem educada. Mas também é uma tremenda ladra do seu povo.”

AS AUTORIDADES NÃO PODEM CONTINUAR “CEGAS”

Ana Gomes considera que as autoridades portuguesas “não fizeram o que deviam ter feito”. E já este domingo tinha acusado o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e a Procuradoria-Geral da República de serem “coniventes” com os esquemas da empresária angolana.

 

“Obviamente que as autoridades [portuguesas] não podem continuar não só cegas mas coniventes, porque é isso que tem acontecido. Sucessivos governos e governantes, alguns, em particular o Banco de Portugal e a CMVM, autoridades políticas e judiciais deveriam ter atuado", disse Ana Gomes, estendendo as críticas à PGR portuguesa: “Muita desta informação já se sabia, além das minhas denúncias concretas.”

 

“É completamente imoral, a título pessoal ou no quadro de empresas, que portugueses colaborem” na transformação de Portugal numa “lavandaria da criminalidade que rouba Angola”, acrescentou esta tarde.

 

No comentário na SIC voltou a sublinhar que as falhas também ocorreram “no nível politico e governamental”. “Hoje suponho que estejam muito aflitos e têm boas razões para isso. Eu tudo farei para que estejam.”