Luanda - Sou filho de um político que dedicou a sua juventude a luta pela independência tendo sido preso pela PID, e passou 8 anos em São Nicolau (Bentiaba).

Fonte: Facebook

Nasci e cresci no seio político, acompanhava o meu pai às cerimónias no Futungo de Belas, Assembleia nacional, UNTA e Partido (MPLA), bem como aos comícios no primeiro de maio, na qual foi várias vezes o mestre de cerimónia e orador principal.


Desde a OPA, JMPLA, lá se foram os anos que gritei e ouvi a maioria gritar com emoção, ( Dos Santos, amigo, o Povo está contigo).


Vi vários amigos partirem para aventuras no estrangeiro para fugir a recruta, nós os filhos dirigentes, partimos para a formação no exterior, a maior parte beneficiados por bolsas de estudo, vários até tinham entre duas a três bolsas, enquanto os outros morriam nas várias frentes de combate.


Com o fim da guerra, lançou-se a reconciliação nacional, promoveu-se o reencontro das famílias, o país entrou no boom económico, o que permitiu lançar-se o programa de reconstrução nacional, que mesmo com todos os erros cometidos, veio beneficiar e ajudar a manutenção da paz e harmonia onde o perdão foi o factor fundamental para hoje termos está Angola que combate à corrupção, o nepotismo entre outros males.

“ É mais caro manter a paz, do que fazer a guerra”.


Naquele contexto, censurava-se a imprensa, e vozes contra o governo. Hoje devemos analisar se foi necessário ou não, para manter a reconciliação nacional, enquanto se criavam as bases para uma democracia plena, que todos sabemos levar tempo a construir, isto porque passos maiores e apressados, podiam criar situações menos boas, como assassinatos, vinganças ou acertos de contas entre os lados “opostos”.


Hoje, a sociedade está a cometer o mesmo erro, os críticos tornaram-se heróis e outros acomodados em cargos públicos, e vivemos um silêncio sobre muita coisa que poderá não estar no caminho mais correcto. Os políticos, os magistrados, as pessoas no geral, erram, e nós os cidadãos, nós os eleitores, temos o dever patriótico de criticar, apontar o caminho certo e contribuir para o bem comum .


Ontem fiquei arrepiado ao ver os jornalistas de um canal português, a irem tirar o sossego daquele que desde tão cedo lutou pela independência, que assumiu tão jovem um país em conflito , liderou o fim da invasão estrangeira, liderou 30 anos de guerra e deixou-nos a paz e a reconciliação nacional, e com a sua saída voluntária, deixa-nos um caminho democraticamente irreversível.


JES deu o peito as balas, desculpou-se pelos seus erros publicamente.


Todos os políticos cometem erros, todo o ser humano comete erros, mas ficarmos impávidos a ver este tratamento a JES só demonstra que somos um povo sem princípios patrióticos, sem identidade própria, e vulneráveis a Neo-colonização.


Uns riem-se, outros batem palmas, mas saibam que saímos todos a perder como angolanos.


Obs. Todos sabemos e aplaudimos o facto de estarmos a viver uma nova era, logo, não entendo o porquê das mensagens em of para ter cuidado e não emitir opinião sob pena de ser prejudicado de alguma forma .

De qualquer forma agradeço e estou tranquilo quanto a isto .

Bem Haja.