Luanda - O 'rapper' e ativista angolano MCK disse hoje, em Luanda, que a sua arte não é exercida ainda com total liberdade, mas realçou os "pequenos ganhos" que devem ser acelerados ao invés de criticados, para intensificar o processo.

Fonte: Lusa

MCK, que falava à Lusa, à margem do colóquio "Juventude em Ação" promovido hoje pelo Centro de Estudos para a Boa Governação, referiu que há dois anos era impossível ele apresentar-se naquele painel.

 

"Há dois anos eu só tinha tentativa de concertos e hoje, que há alguma liberdade, eu tenho de lutar para evoluí-la de tal sorte para que as nossas instituições sejam fortes e confiáveis, de modo a que quando eventualmente o Presidente João Loureço terminar o seu mandato, se não conduzir bem esse processo, pode ser vítima dos vícios da não transversalidade ou da justiça seletiva que pode eventualmente acontecer", destacou.

 

Instado a comentar a investigação internacional jornalística conhecida por 'Luanda Leaks', relativamente a esquemas pouco transparentes sobre a construção da riqueza da empresária angolana Isabel dos Santos, o ativista considerou que "até agora está a demonstrar ser uma investigação transversal".

 

Segundo o 'rapper', há perto de 60 deputados no exercício com processos, ministros com processos e ministros condenados, ministros a serem julgados, mas "obviamente o da Isabel [dos Santos] é muito maior, porque era a testa-de-ferro do pai e chama muito mais atenção".

 

"Nós a nível do centro de estudos estamos a preparar um relatório sobre a recuperação de ativos e repatriamento de capitais, e se eventualmente conseguirmos fazer até o primeiro trimestre deste ano vai servir como instrumento de estudo, porque é uma análise crítica de como é que se está a conduzir esse processo, podendo vir servir de instrumento de estudo para os outros países africanos, e não só, que foram tomados o seu erário de assalto pelas elites governantes", frisou.

 

Relativamente ao centro apresentado hoje, MCK disse que visa acima de tudo aproveitar o novo cenário, que tem lugar a partir de 2017, de maiores aberturas democráticas.

 

"Num passado muito recente as relações com José Eduardo dos Santos [ex-Presidente de Angola] eram muito de repressão, de confrontação ou de submissão, então o novo cenário nos permite criar fóruns como esse, onde se pode potenciar os jovens e acima de tudo a sociedade civil, para aqueles que são os temas e assuntos mais relevantes do interesse de todos", referiu o 'rapper'.