Lisboa - Depois da PwC, agora é a Boston Consulting Group que anuncia que não vai trabalhar mais com Isabel dos Santos com o marido no futuro.

Fonte: Expresso

A Boston Consulting Group (BCG), uma das maiores consultoras mundiais, foi uma das entidades às quais as empresas de Isabel dos Santos e do seu marido, Sindika Dokolo, recorreram nos últimos anos, mas a BCG garante que é um assunto encerrado e que não se repetirá. “Não trabalharemos para eles no futuro”, declarou ao Expresso uma porta-voz da consultora.

 

O Expresso questionou o diretor da BCG em Luanda, Alexandre Gorito, que liderou a equipa que em 2016 foi contratada pela sociedade maltesa Wise Intelligent Solutions (de Isabel dos Santos), para desenhar a reestruturação da Sonangol. Por esse trabalho a BCG arrecadou 3,3 milhões de euros, conforme mostram os documentos do Luanda Leaks. Quisemos saber se a BCG voltou entretanto a trabalhar com a Sonangol ou com alguma empresa de Isabel dos Santos.

 

A consultora respondeu pela sua porta-voz a nível global, indicando estar ainda a investigar os contornos dos negócios feitos no passado com empresas ligadas a Isabel dos Santos e ao seu marido, Sindika Dokolo.

 

"A BCG começou a analisar esta matéria imediatamente (incluindo ao mais alto nível de direção) quando as questões nos foram colocadas [pelo ICIJ - Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação] há cerca de seis semanas, e continuaremos a investigar. Dos nossos esforços até à data, podemos confirmar que a BCG nunca trabalhou diretamente para Isabel dos Santos ou o seu marido, e não trabalharemos para eles no futuro. As acusações contra Isabel dos Santos são obviamente sérias e muito preocupantes", aponta a BCG.

 

A empresa admite ter trabalhado durante 11 meses para a De Grisogono, empresa de joalharia que a Justiça angolana diz ter sido comprada por Isabel dos Santos e o seu marido aproveitando-se de verbas da empresa estatal angolana Sodiam. Segundo a BCG, esse trabalho para a De Grisogono "ficou concluído há mais de seis anos". A BCG diz ainda que "uma série de empregados deixaram a BCG e juntaram-se à De Grisogono, mas a BCG não esteve envolvida nessas colocações".

 

O Expresso questionou ainda a Boston Consulting Group sobre se teme danos reputacionais pelo seu envolvimento com os negócios de Isabel dos Santos. "Nós estamos constantemente a trabalhar para fortalecer os processos de gestão de risco da empresa, e, embora não tenha havido alegações formais de más práticas pela BCG, estamos empenhados em realizar as melhorias necessárias face a este assunto [Luanda Leaks]", comentou a BCG.

 

A empresa nota ainda que o seu trabalho no sector do petróleo em Angola foi feito "em benefício do Governo e da Sonangol", tendo sido contratada por via de um processo competitivo. "Depois da mudança de Governo em 2017, as nossas recomendações mais importantes foram apoiadas pelo novo Governo e implementadas pela Sonangol", acrescenta a BCG nas suas respostas ao Expresso.