Lisboa - Numa carta entregue em mão ao embaixador da República de Angola em Portugal, Carlos Alberto Saraiva de Carvalho Fonseca, a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles, transmite “um protesto formal” pela detenção, em Luanda, de dois jornalistas ao serviço da agência

Fonte: Lusa

A Lusa transmitiu às autoridades angolanas "um protesto formal" pela detenção, esta quinta-feira de manhã, de dois jornalistas da agência de notícias portuguesa que acompanhavam uma manifestação na capital angolana, ato que a polícia disse que não poderiam reportar.

 

Numa carta entregue em mão ao embaixador da República de Angola em Portugal, Carlos Alberto Saraiva de Carvalho Fonseca, a diretora de Informação da Lusa, Luísa Meireles, transmite "um protesto formal" pela detenção, em Luanda, de dois jornalistas ao serviço da agência.

 

Um redator e um operador de câmara da Lusa foram esta quinta-feira identificados e conduzidos até uma esquadra em Luanda, quando tentavam falar com participantes numa manifestação a favor das eleições autárquicas nos 164 municípios angolanos.

 

Na esquadra, os jornalistas foram identificados por um agente da polícia local, que questionou o nome, função e empresa para a qual trabalham e aguardaram na sala de espera por mais de meia hora, sendo depois libertados sem explicações sobre o motivo da detenção.

 

Na altura em que foram levados para a esquadra, vários agentes disseram que os jornalistas não poderiam reportar o ato e teriam de acompanhar a polícia porque não podiam estar a filmar. O comando provincial da Polícia Nacional de Luanda remeteu explicações para mais tarde.

 

"A agência Lusa não pode aceitar que os seus jornalistas sejam tratados desta maneira, para mais tendo eles informado os agentes da polícia que eram jornalistas e que estavam ali apenas a cumprir as funções relativas ao seu trabalho, na nobre missão de informar", afirma a diretora, na carta hoje entregue na embaixada angolana em Lisboa.

 

A Lusa, recorda, está em Angola desde 1987 e "tem acompanhado sempre, sem constrangimentos, todos os acontecimentos da história recente do país". "A Direção de Informação da Lusa apresenta o seu protesto formal pelo ocorrido, esperando que Vossa Excelência tome as medidas que entender por adequadas", refere ainda o documento.

 

A Lusa deu conta deste protesto formal às autoridades portugueses, nomeadamente ao ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e ao embaixador de Portugal em Angola, João Caetano da Silva.

 

Durante o protesto, a polícia angolana deteve também mais de 10 manifestantes, denominados "Jovens Pelas Autarquias", que estavam devidamente identificados pelas camisolas pretas e foram impossibilitados de se concentrarem.

 

Os jovens foram empurrados para dentro de uma viatura policial e transportados até à segunda esquadra, no Bairro Operário, para onde igualmente foram encaminhados os jornalistas da Lusa.

 

Entre os mais de 10 detidos estão o coordenador do Projeto Agir, organização sociedade civil, Fernando Gomes, e o coordenador da Plataforma Cazenga em Ação (PLACA), Scoth Kambolo, que à chegada na esquadra afirmou: "Um dia venceremos".

 

Também o ativista luso-angolano Luaty Beirão, através da rede social Twitter, afirmou que estava a participar na manifestação e foi levado pela polícia, referindo que não sabia se estava de detido.