Luanda - A subdirectora do Departamento de Operações Bancárias (DOB) do Banco Nacional de Angola (BNA), Ana Marcolina, disse esta quinta-feira, 23, ao tribunal, durante o seu interrogatório, que a transferência dos 500 milhões de dólares para o Credit Suisse de Londres, em 2017, não foi uma operação normal pelo facto de a mesma não ter sido registada pelo departamento de controlo e o beneficiário ser desconhecido do banco central.

Fonte: Novo Jornal

A subdirectora do Departamento de Operações Bancárias (DOB) foi ouvida na qualidade de declarante, tendo realçado que não estavam criadas as condições para que a transferência se efectivasse e que a empresa "Mais Financial Service" era totalmente desconhecida dos livros do Banco Nacional de Angola.



Ana Marcolina disse ainda que, na transferência dos 500 milhões de dólares, o seu departamento utilizou o sistema de swift directo, que é apenas usado em casos extremos e a operação foi realizada fora dos procedimentos normais do DOB.


" A operação devia ter sido registado no sistema de negócios do BNA que liga o sistema de liquidação e o sistema de contabilidade".


Questionada se era possível não registar uma operação dessa dimensão, Ana Marcolina, respondeu peremptoriamente que fora do sistema não era possível.


Perguntada se o não registo da operação pressupõe ocultação, a subdirectora do Departamento de Operações Bancárias do BNA respondeu que não.


Solicitada a esclarecer se a operação dos 500 milhões de dólares mereceu do DOB algum tratamento especial ou diferenciado, disse que não, e argumentou que a operação devia ser registada no sistema de negócio, e que a mesma não teve nenhum registo do Departamento de Operações Bancárias.


Interrogada se a falta de registo na contabilidade do BNA é motivo suficiente para o bloqueio ou congelamento da operação, Ana Marcolina afirmou que não. Mais não disse e nem foi questionada.


O interrogatório à declarante Ana Marcolina terminou a meio da tarde desta quinta-feira, e o colectivo de juízes do julgamento suspendeu a sessão para que a mesma retome na próxima terça-feira, dia 28.


O julgamento do caso 500 milhões de USD tem como réus Valter Filipe, António Samalia Bule Manuel, José Filomeno de Sousa dos Santos e Jorge Gaudens Pontes Sebastião.



Importa salientar que as sessões de discussão e julgamento estão a decorrer quase sem público na assistência. José Filomeno de Sousa dos Santos, uma das principais figuras deste mediático julgamento, está sempre sozinho nas sessões e não se viu até agora nenhum familiar seu nas sessões.