Luanda - A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) considerou hoje que a revisão da pauta aduaneira de Angola deve beneficiar os setores locais da construção e da manufatura, mas as tarifas não aduaneiras impedem melhorias mais expressivas.

Fonte: Lusa

"Os custos de importação mais baixos devem ajudar a estimular os setores da construção e da manufatura, que estagnaram devido à fraca economia, resultando num enfraquecimento do kwanza e numa falta de moeda estrangeira, tornando os pagamentos no estrangeiro difíceis", escrevem os analistas num comentário às alterações à pauta aduaneira, que entraram em vigor em 29 de dezembro.


No comentário enviado aos investidores pela equipa de analistas da revista britânica The Economist, e a que a Lusa teve acesso, lê-se que "a existência de muitas barreiras não tarifárias, como os cortes de energia, a excessiva burocracia, a corrupção endémica e a falta de mão de obra qualificada, vai precisar de ser resolvida para serem dados passos tangíveis de melhoria que ajudem o ambiente empresarial e aumentem a confiança dos investidores".

 

As mudanças entraram em vigor em 29 de dezembro e isentam materiais importados que façam parte dos projetos privados de investimento, lembram os analistas, sublinhando que "a revisão da legislação também isenta as organizações governamentais de ajuda humanitária de pagarem pelas importações e elimina os 5% nas exportações de materiais em bruto, o que deve dar um impulso ao setor mineiro não diamantífero".

 

A revisão da pauta aduaneira é a terceira em menos de uma década, depois da última alteração em agosto de 2018, "terminando com um regime altamente protecionista, que pretendia, mas falhava, aumentar a produção local e diminuir a necessidade de importações de alimentos e outros produtos básicos", escrevem os analistas.

 

Esta última revisão, conclui a EIU, "sustenta o empenho do governo em estimular o investimento e desenvolvimento do setor privado, de que o país precisa se quiser, mesmo que parcialmente, ter sucesso nos esforços para diversificar a economia".