Luanda - A África não pode se dar ao luxo de perder as possibilidades que a 4ª Revolução Industrial proporcionam. Projeções há que apontam para o ano 2030, como o ano em que a África terá o maior potencial da força de trabalho no mundo. E quão inovador será se cada um deles estiver conectado, qualificado digitalmente e fosse um consumidor ou produtor digital capacitado?

Fonte: Club-k.net

Fazendo uso da historia da revolução industrial quando a revolução que teve o seu começo por volta de 1760 na Inglaterra, podemos dizer que esta, levou quase cerca de 100 anos para produzir resultados. A revolução da computação por outro lado, e que teve o seu inicio nos anos 60, este tempo foi reduzido para menos de 15 anos. A quarta revolução industrial que ja esta aqui - com a sua premissa de que nela as fábricas seriam digitalmente inteligentes, cidades e economias inteiras se conectam; ainda continua a ser um desafio para muitos lideres africanos e os nossos em Angola não são exceção.

Falar de África é também falar de de Angola, que ao longo destes anos, perdeu essencialmente as oportunidades da segunda e terceira revoluções industriais. O nosso continente conforme as estatísticas mais recentes, abriga 16,3% da humanidade, mas abriga menos 1% das empresas bilionárias do mundo e apenas cerca de 4% do PIB global. Assim sendo, este temas devia ocupará lugares primários nos conselhos de ministros do continente e da próprias União Africana. Dito em linguagem terra-a-terra, é que a África não pode se dar ao luxo de perder as possibilidades e o potencial de desenvolvimento sustentável que a 4ª Revolução Industrial oferece.

E se quisermos historicamente posicionar o nosso planeta, veremos que a tecnologia tem sido um importante impulsionador do progresso humano desde os dias dos jardins suspenso de Babilónia, o primeiro império mundial. A revolução agrária por exemplo, encerrou mais de 5 milênios de um estilo de vida caçador e gerou um crescimento populacional sem precedentes, urbanização e desenvolvimento de ferramentas de conhecimento e governança, como a escrita e a democracia.

Em apenas dois séculos, porém, revolução industrial globalizou a economia, com novas formas de energia, organização, produção e capacidade de distribuição; impulsionando os países industrializados para uma era de prosperidade sem paralelos. Dai os países do primeiro mundo e nós os do terceiro mundo. Mas também alimentou o comércio de escravos e o comercio triangular, sobre o qual a África ainda nunca recebeu reparações destas sequelas. Acima de tudo isso, a colonização que se seguiu e a sua formalizada pelo Vaticano e as duas guerras mundiais que se seguiram todas as custas dos recursos naturais provenientes da Africa e da India.

Há também quem diga com propriedade que nas últimas décadas, a revolução digital tornou possível para empresas como WhatsApp e Snapchat atingirem niches de mercados avaliados em bilhões de dólares em 3 anos com apenas algumas dezenas de funcionários. Durante a revolução industrialista proeza seria algo que costumava levar as melhores empresas da revolução industrial mais de 20 anos e centenas de milhares de funcionários a realizar. Hoje, o mundo está à beira da 4ª revolução industrial, com a rápida convergência de tecnologias nos domínios digital, biológico e físico, esta o c continente a se preparar?

A melhor oportunidade para Angola e da África de colmatar a lacuna com o resto do mundo sera através da unidade de propósitos tais como por exemplo África unir-se, conectar todos, capacitar a geração jovem, abraçar as mudanças e pensar exponencialmente. E isso feito hoje, caros governantes, poderá colmatar a lacuna de desenvolvimento com o resto do mundo talvez em uma década.

Se uma foto vale 1000 palavras, certamente o exemplo abaixo, pode com granularida dissipar toda dúvida sobre este tema. Aqui está um exemplo do que precisa ser feito. Em 1994, o grupo MTN, um operador de telecomunicações, nascia na África do Sul. Enquanto isso, ao mesmo tempo, a Amazon nascia nos Estados Unidos da America. Mas 25 anos depois, a MTN está entre as 5 principais empresas da África, avaliadas em mais de US $ 9 bilhões.

Enquanto isso, a Amazon se tornou a segunda empresa de trilhões de dólares do mundo o ano passado depois da Apple. O que fez a Amazon crescer 100 vezes mais rápido que o MTN? A MTN opera um modelo de negócios linear e focado no produto em 24 mercados africanos diferentes, e todos de baixa renda, com diferentes restrições políticas e regulatórias. A Amazon, por outro lado, é uma empresa orientada a clientes e dados que navega em um mercado global virtual e não regulamentado.

Por isso sugerimos aqui que, para que a África faça parte da próxima geração de super empresas, ela precisa oferecer aos inovadores locais um mercado doméstico digital único que conta com 1,2 bilhão de consumidores, antes que eles possam sonhar em conquistar o resto do mundo. A assinatura da Área de Livre Comércio Continental em Março de 2017 e o lançamento da Smart Africa há 7 anos são passos na direção certa.

Mais urgente para países como o nosso, devia ser a capacitação da próxima geração de jovens. Só assim esta estará pronta para competir globalmente e criar um ecossistema econômico totalmente novo. Tudo que a África precisa imperiosamente, é de um ambiente favorável e de um acesso irrestrito ao capital e a mercados. Toda essa nossa geração, precisa estar on-line e acessar recursos para criar a próxima onda de empresas que inovarão a saída de Angra e da África da pobreza.

Foi memorável quando o primeiro drone que entrega sangue de emergência foi lançado em Ruanda em outubro de 2016. Esta iniciativa foi aclamada mundialmente como um grande avanço em como uma combinação de robôs voadores e inteligência artificial podem ajudar a salvar vidas neste país africano.

Assim o tempo para entrega de sangue e outros suprimentos médicos para salvar vidas em Ruanda foi reduzido de uma média de 4 horas para 15 minutos. Note-se que aqui, não nos da tempo de totalmente apreciarmos o trabalho que precisou ser realizado nos níveis institucional, político, jurídico e regulatório para integrar a nova tecnologia à cadeia de suprimentos médicos existente e permitir que os drones compartilhassem o espaço aéreo de Ruanda com aviões comerciais com segurança.


Por isso muitos são de opinar que em Africa, o que esta em deficit muitas vezes entre os nossos governantes, é a capacidade de pensarem exponencialmente. Perceba-se que a quantidade de dados, informações e conhecimentos disponíveis para a humanidade está aumentando exponencialmente, dobrando aproximadamente a cada dois anos.

Qualquer pessoa hoje em Angola ou África com um dispositivo inteligente pode acessar esse universo. Vivemos em um mundo de abundância, mas a economia analógica e linear do século passado criou uma percepção de escassez, bem como estruturas de governança e infraestrutura físicas para sustentá-la. Para quem não sabe, um bilhão de pessoas no mundo não está hoje com fome por causa da escassez de suprimento global de alimentos - mas sim por causa dos problemas da distribuição.

As tecnologias para resolver a crise energética global a partir de fontes renováveis e acessíveis estão aqui hoje. E ainda mas, a África tem a vantagem de não ter muitas das estruturas herdadas criadas pela economia linear. Por isso começando com uma mudança de mentalidade e pensamento exponencial vai levar o continente a patamares dourados.

Finalmente seria ja um bom passo vermos centros de inovação e laboratórios de empreendedorismo tecnológico a surgirem em nosso país e no continente diariamente, para tornarmos o continente mais próspero e pronto para a revolução que se avizinha. Essencial nessa narrativa, é que os formuladores de políticas e reguladores na União Africana em cada país no continente, entendam a necessidade de desaprender as velhas formas de fazer negócios e aprenderem de novo como possibilitar a quarta revolução industrial que já está se vislumbrando no horizonte sideral do continente berço.

Florida, 17.01.2020