Kwanza Sul – Trata-se do pequeno Arlindo Lourenço, de apenas oito anos de idade, que em 2014, por acção do paludismo, foi consultado na pediatria do Sumbe onde, posteriormente, o corpo clínico decidiu que o mesmo transfundisse. Recorrido ao stock, através da reserva de sangue existente na pediatria, foi administrado ao pequeno Arlindo algumas doses para subida da hemoglobina.

Fonte: Club-k.net
Inocente como muitos, o petiz recebeu a dose e dias depois lhe foi dada alta e, sua mãe o levou para casa. Volvidos alguns dias o pequeno Arlindo começou apresentar um estado preocupante e na mesma unidade pediatríca foi levado de volta para outros exames.

Feitos os exames para se determinar a patologia, foi detectado que Arlindo contraíra o vírus do HIV e de pronto lhe foi aconselhado, perante a mãe, a tomar medicamento para o efeito.

Guilhermina Lourenço mãe de Arlindo é viúva, não trabalha, é zungueira e, ao ver seu filho naquele estado, sente-se muito abalada. Ela diz ser seu único filho, era saudável cheio de físico e, estudioso ao ponto deste ano poder estudar a quarta classe.

Ela conta aqui na primeira pessoa como esse drama aconteceu: “O miúdo transfundiu em 2014, depois da transfusão ele se sentiu mais ou menos e começou andar mas, nesses últimos dias, começou ficar doente e fui no hospital e a doutora lhe mandou fazer esse tipo de análise. Depois dessa análise assim são os medicamentos que estamos ir buscando toda hora lá no hospital. Acusou mesmo seropositivo, estão aqui os documentos e, ele quer comer bem, está pedir boas comidas e, eu não tenho comida para lhe dar porque o dinheiro todo foi gasto na doença. Assim, saiu muitas feridas em todo corpo, todo corpo está cheio de feridas”.

Devido o tempo, Guilermina já não consegue identificar o nome de quem fez transfusão a seu filho naquele dia mas, pede que se recorra a todos documentos hospitalares que confrontados com os que estão em sua posse se possa aferir a equipa de serviço que deixou o pequeno Arlindo a depender de retrovirais:

“A transfusão é a doutora que naquele dia mesmo trabalhou, também não conheço ela mas, os documentos estão todos ali é só verificar bem e, está mesmo aí o nome dela, no hospital tem todos documentos e tem o ano e o dia e o doutor que trabalhou”.

Visivelmente agastada com estado de saúde de seu filho à mãe não resta mais senão…“ É só me fazer favor para notificar o hospital para verem a maca do meu filho por que ele é o único filho, tudo é mulher que eu tenho lá em casa. O pai quando morreu lhe deixou com um mês. Ele agora tem oito e, está fazer a quarta classe, aprovou esse ano. Está complicado, está pedir ovos, está pedir carne, está pedir arroz e não tenho para lhe dar, as vezes é só folhas que eu já fui zungar é folha que estamos jantar e, ele assim fica sem comer, diz como são folhas não como”.

Neste contexto e porque a situação se revela bastante preocupante para aquela mulher o seu desejo é: “Eu queiro mesmo para notificar o hospital, ver a maka do meu filho porque em casa ninguém tem essa doença, essa doença veio através da transfusão”.

Guilhermina já recorreu a TVZIMBO no programa “FALA ANGOLA” do redialista Salú Gonçalves mas, as suas preces não foram tidas em conta, como ela mesmo conta: “Eu fui no FALA ANGOLA, dormi lá no portão do FALA ANGOLA há dois meses, mas até aqui não se fala nada, para ver se resolvem o problema do meu filho. É único filho e, ele é sábio na minha casa mesmo a professora até fala que tem boas notas agora, é único filho e vamos estar assim! Têm que resolver o problema do meu filho, notificar mesmo o hospital para ajudar o meu filho porque ele não tem pai. Antes da transfusão o miúdo estava mesmo bem saudável, bem gordo mas, nesses últimos dias mesmo já, é quando ele começou já a padecer, ficou bem magro com diarreias e vómitos, bué de feridas no corpo. Óxalá que resolvam ou transformam o sangue do meu filho conforme lhe encontraram e, ele é único que tem isso na minha casa, ele é único rapaz na minha vida, não tenho mais rapaz, tenho cinco meninas ele é único rapaz lá em casa. FALA ANGOLA até aqui há dois meses não está dizer nada, depois eu queria ir na Televisão do Kwanza-Sul e, um moço kupapata disse não: vai ainda naquela rádio aí que resolve problemas e, vão resolver o seu problema e, é por isso que eu vim aqui mesmo”.

O assunto é de domínio das autoridades do governo local e do Ministério da Saúde mas, tanto o governo da província do Kwanza-Sul na pessoa do governador Job Capapinha bem como do Ministério da Saúde, na pessoa na ministra Sílvia Lutukuta, o silêncio é total perante um caso tão grave e que se regista nos hospitais do país.

E os serviços de investigação criminal locais prometem, na pessoa do seu director provincial sub-comissário Oliveira da Silva, tudo fazer para que o caso seja esclarecido mas, pede a mãe a formalizar uma denúncia:

“É um caso de 2014, é preciso que a senhora se dirija aos nossos serviços e, para com ela podermos instaurarmos um processo que poderá que poderá de facto determinar a evidência de quem terá feito esta transfusão e, este é um apelo que poderemos aqui dar a própria mãe quee está aflita e quer ver que seja de facto responsabilizada a negligência por parte do funcionário e, a dirigir-se de facto aos nossos serviços para que despoletemos as diligências necessárias visando o esclarecimento do caso. Mas, também para termos já o início das nossas investigações temos que partir da pessoa ofendida que nos apareça para nos dar algum suporte investigativo, aí sim poderemos desencadear acções visando a protecção do próprio menor e, responsabilizar o negligente”.