Lisboa - Os doentes angolanos de junta médica em Portugal manifestam preocupação face a situação que estão a viver na capital lusa. Reunidos em torno de uma associação, os reclamantes recordam que em Outubro de 2019 foi enviado uma Comissão Médica à Lisboa, encabeçada pelo Dr. Pascoal e coadjuvado pelo Medico Dr. Malega com intuito de proceder altas administrativas e compulsivas aos doentes, “sem o consentimento nem avaliação previa dos médicos locais dos doentes, violando o código de ética e de deontologia profissional”

Fonte: Club-k.net

Recorrem a Casa da Misericórdia para refeição

Os visados alegam que a comissão terá ignorado a condição de cada doente, tipo de patologia, gravidade e riscos da continuidade de tratamento em Angola. Sabe-se, entretanto, que essa Comissão Médica deixou uma Lista com mais de 120 doentes para regressarem à Angola, sem critério de avaliação no caso de existirem são duvidosos e carece de legitimidade.

 

Os doentes, em carta enviada ao Club-K, consideram que o executivo angolano “responde assim as ultimas inquietações da comunidade de doentes em Portugal que reclamaram as humilhantes condições de vida, a falta de condições básicas e tem criado uma falsa expectativa em torno das condições criadas em Angola um pais com 18 províncias quando se sabe que nem a clínica Girassol é capaz de atender tecnicamente as patologias cuja complexidade obrigou a Junta Nacional de Saúde encaminhar os doentes para Portugal e Africa do Sul.”

 

No seguimento da não resolução das suas inquietações, os mesmos anunciam que está em marcha a preparação de uma manifestação dos doentes em frente da Embaixada de Angola, para reivindicar os seus direitos, “pois que não é justo que o País envia doentes para o exterior e depois esquece- se de assumir as suas responsabilidades financeiras, medicamentosa e outros o que envergonha e prejudica significativamente a saúde já débil dos doentes e que têm de se tornar pedintes, prejudicando assim bom nome do Estado Angolano.”

 

Os Doentes Angolanos em Lisboa recordam ainda que a atual situação mantem se grave desde os últimos 8 (oito) meses, uma vez que “não recebem os seus subsídios de estadia e de alimentação, o que tem causado um grande descontentamento no seio dos doentes”.

 

Conta ainda que os doentes residentes nas pensões “Alvalade” e “Luanda” estão há mais de 10 meses que “deixaram de ter uma alimentação condigna ao almoço e foi-lhes retirada a refeição da noite, que ficou reduzida a uma sopa aguada.”

 

“Alguns doentes que estão em alojamentos locais não têm qualquer tipo de refeição, tendo que recorrer a Santa Casa da Misericórdia para conseguir uma refeição que ó estado português oferece aos moradores de rua, e os doentes Angolanos aproveitam assim a ter uma refeição e assim aguentar o dia”, le-se na reclamação.

 

Os doentes admitem estarem “indignados com esta forma humilhante que é inconcebível a que os doentes estão subjugados, obrigando os acompanhantes a procurarem formas de subsistência em trabalhos precários do estilo de biscato deixando principalmente os filhos a sua sorte. A maior parte dos doentes de junta têm patologias crônicas complexas e fazem uma medicação bastante agressiva e precisam, por conseguinte, de ter uma alimentação condigna.”

 

Por outro lado, segundo uma fonte que acompanha as questões do Sector de Saúde em Portugal, “a falta de recursos financeiros a atribuição de medicamentos é feita de forma seletiva, ou melhor por conveniência o que pode agravar ainda mais a situação dos doentes crónicos e das crianças que se encontram em tratamento continuo, bem como suspender o tratamento da maior parte dos doentes que fazem consultas no Hospital da Cruz Vermelha”

 

A mesma fonte relatou-nos que “o proprietário das pensões Luanda e Alvalade não ignora a possibilidade de declinar o contrato que tem com o sector de Saúde que lhe deve quase dois anos de pagamento do alojamento e refeições dos doentes”.