Luanda - É sabido que a qualidade da educação em Angola é má. O debate público sobre a qualidade da educação geralmente se concentra em um pequeno número de questões, sendo a mais frequente o nível de aproveitamento dos alunos. As pessoas, que se beneficiaram de uma educação escolar, tendem a acreditar que “as crianças de hoje são piores do que as do nosso tempo”. Comparam-se os níveis dos alunos de hoje em matemática, física, química, português, geografia etc. a perceção geral é que os miúdos de hoje “não estão com nada”. Muitos pais também estão cientes das diferenças existentes entre a escola do seu tempo e a escola de hoje e, portanto, ao escolher uma escola específica para os seus filhos (se essa opção for viável), observam atentamente as realizações passadas dos alunos da futura escola em termos de resultados nas provas. Nos dois casos, é a excelência na aprendizagem dos alunos que mais interessa às pessoas. Outra dimensão relativa à qualidade dos resultados é a relevância do conhecimento, habilidades e atitudes que os alunos adquirem para a vida após a escola. Isso não se refere apenas ao trabalho e emprego, mas também à inserção dos jovens nos contextos culturais, sociais e políticos da sociedade que os cerca. As condições de aprendizagem são frequentemente levantadas no debate sobre a qualidade: oferta insuficiente de professores qualificados para lidar com o aumento do número de matrículas; infraestruturas escolares inadequadas, etc.

Fonte: Club-k.net


Temos que entender que a educação e o desenvolvimento andam de mãos dadas. A literatura em matéria de educação defende que o papel da educação é muito importante, pois a falta de educação causa pobreza e diminui o desenvolvimento económico de um país, principalmente se o país for um país em desenvolvimento. A educação é muito importante para todos; é uma necessidade primária de qualquer indivíduo; todo o cidadão deve ter o direito a uma educação de qualidade, para que possa ter melhores chances na vida, incluindo oportunidades de emprego e melhor saúde.


Precisamos garantir que a educação escolar equipe o cidadão com as habilidades necessárias para enfrentar a vida. Tem que se dar atenção especial aos grupos mais vulneráveis (incluindo crianças que vivem na periferia, crianças com deficiência e meninas) que provavelmente serão afetados por falta de professores bem treinados, materiais de aprendizagem inadequados e infraestruturas educacionais inadequadas. Bons professores são um ingrediente muito importante a qualidade da educação. Cidadãos bem-educados tendem a ser mais saudáveis, a ganhar melhor e a oferecer melhores cuidados de saúde para si e seus futuros filhos, e esses benefícios também são transmitidos de geração em geração e para toda a comunidade em geral.


Dizia no inicio deste artigo que a qualidade da educação em Angola é muito má e o principal culpado dessa fraca qualidade é a incompetência dos quadros da educação. Creio que as pessoas não fazem ou fazem mal o seu trabalho porque não sabem como se faz e não por um desejo qualquer sadomasoquista de errar de propósito. Mas isso da incompetência resolve-se, é só cuidar melhor da preparação do professor, em particular e, do agente da educação, no geral. Deixar de considerar a educação como "lixeira" aonde vão parar aqueles quadros que não encontrem emprego nas áreas em que se formaram. Só devia ser admitido a dar aulas quem tivesse preparação pedagógica para tal. Como diz um amigo nosso: "A educação não para resolver o problema do desemprego ". Educação é coisa séria e faz-se com gente séria. Eu costumo dizer que "Educação é como futebol, todo o mundo pensa que entende e pode por isso emitir opinião." Mas não é bem assim, deixem a educação para quem percebe do assunto.

O pessoal a nível da tomada de decisão tem que abraçar a ciência e abandonar o empirismo e o senso comum. Nao é admissível que em pleno século XXI estejamos ainda a ensaiar o método de tentativa e erro onde para a resolução de problemas fazem-se várias tentativas para se chegar a uma solução. Para quê re-inventar a roda? Muitos dos problemas que o país enfrenta, outros já os tiveram, há por isso uma vasta literatura já disponível. Temos que abraçar e aplicar a ciência para dar respostas aos nossos problemas. Só assim o país terá chance de rumar para o desenvolvimento.


O sector da educação, no geral e o ensino, em particular, precisa se repaginar e alinhar os seus ponteiros com a ciência.


Os PAEP s, PATs, ZIPs e companhia não resolvem o problema da falta de qualidade. Não se pode continuar a admitir indivíduos para trabalharem como professores sem preparação ou formação em docência. Não podemos continuar a ter directores e subdirectores de escola sem preparação ou formação em Gestão e Administracao escolares. Não podemos continuar a ter inspectores que não têm nem preparação ou formação em inspecção escolar. Não podemos continuar a ter disciplinas nos currículos escolares que não existirem os respectivos cursos de formação de professores se tais disciplinas. É preciso instituir as figuras do supervisor pedagógico, metodólogo, e do psicopedagogo.


No debate público sobre a educação muito boa gente diz que a reforma educativa que o MED implementou foi um erro e, pasmem-se, são os próprios professores que diabolizam a reforma e a "transição automática". O problema não está na reforma, transição automática nem na monodocência. Falhamos na sua implementação. Não preparamos os recursos humanos (o professor principalmente) para a tarefa.


Querer que o meu filho estude nos mesmos livros e moldes que eu há 20-30 anos atrás é de uma barbaridade indizível. As reformas educativas são um imperativo, por isso, Incontornáveis.


O mundo é dinâmico e muda a uma velocidade sem precedentes na evolução histórica da humanidade. Vamos dormir hoje e amanha o mundo é outro. As criações e invenções não param. A globalização, o surgimento de novas tecnologias, o avanço das telecomunicações e da informática, contribuem para que ocorram mudanças, também, na educação. A educação deve formar a mão-de-obra para as exigências do mercado de trabalho, mas também formar cidadãos. Entenda-se cidadão como aquele que sabe os seus direitos, reclama quando são espezinhados, mas que entende também que tem deveres e os cumpre, sempre.


Dizia que a educação deve igualmente formar cidadãos críticos capazes de uma compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que o circunda.


O professor é o centro do Processo Ensino Aprendizagem (PEA), é o professor que conduz o PEA, a responsabilidade pela aprendizagem do aluno recai sobre ele, é ele o profissional, pelo menos, era suposto ser. É ele que estuda cinco anos lectivos e faz 40 – 50 cadeiras para ir leccionar apenas 1 disciplina (é assim por exemplo na Licenciatura de Ensino da Matemática no ISCED).


Uma criança normal tem que aprender, caso não, o professor é nabo. Agora, para as crianças com necessidades especiais, tem o ensino especial. Não há desculpas para se reprovar uma criança. Não há mesmo. O professor deve ser competente na sua área de actuação, demonstrando domínio da ciência que lecciona, pois do contrário, irá apenas "despejar" os conteúdos mal "decorados" sobre os alunos. O professor deve tornar aula num momento propício à aprendizagem, deve adequar a metodologia e os recursos audiovisuais de forma que haja a comunicação com os alunos.


Os agentes de educação têm que saber o que andam lá a fazer. Tem que se profissionalizar o sector da educação. É aqui onde entra a Alemanha.


Não é por acaso que a Alemanha é um país desenvolvido e, está nas primeiras posições em todos indicadores positivos dos países, pois tem alto nível de desenvolvimento económico e social. tanto em termos de renda per capita e o valor do produto interno bruto per capita do país, como em industrialização, ou em termos de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH mede três dimensões: riqueza, educação e esperança média de vida e, é uma maneira padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma determinada população. Como é que eles conseguiram tal feito? É a A ESCOLA que está na base deste êxito.


Segundo dados do Eurostat, a Alemanha tem a taxa de desemprego juvenil mais baixa da Europa. O desemprego jovem fica abaixo dos 8%. Em nenhum dos restantes membros da União Europeia é tão baixo. Apenas a Áustria se lhe aproxima (8,9%). Como é que eles conseguiram tal feito? É o sistema dual de formação que está na base deste êxito.


O sistema de formação profissional dual: estudar na escola (teoria) e fazer estágios (prática), em simultâneo e não de forma consecutiva. Ou seja, estudo e trabalho, em vez de estudo e depois trabalho.


Em 2004, o Governo alemão fomentou as quotas de formação, para forçar a economia a criar mais estágios. Em junho do mesmo ano, o Governo aliou-se aos empresários e associações patronais, e criaram o Pacto Nacional para a Formação de Novos Técnicos Especializados, resultado: hoje, a oferta é maior do que a procura.
O Estado goza do "Ius imperii" e quando o Estado decreta é para cumprimento obrigatório. Da mesma forma que o Estado impõe o pagamento de impostos, pode bem impor que as empresas tenham uma quota de lugares nas suas organizações para os estagiários. Ou o Estado pode dar incentivos fiscais do tipo, quem tiver determinado número de estagiários num determinado período, tem reduções nas suas cargas fiscais.


Ainda na bitola do Ius imperii, ou exercício da acção coercitiva do Estado, na África do Sul por exemplo, as empresas são obrigadas a pagar ao Estado 1% dos seus lucros para a formação (num mundo em franco desenvolvimento tecnológico, os recursos humanos precisam de actualização constante). Isso permite que a mão-de-obra se mantenha altamente qualificada e as empresas se mantenham competitivas, o que acaba beneficiando a economia do país no seu todo. É um modelo tipo o conceito de seguro automóvel, é usado para reduzir os prejuízos financeiros em caso de roubo e furto do veículo ou se houver um acidente envolvendo o meu carro. E se eu nunca tiver acidente???? Teoricamente, perco. Mas nunca se sabe quando o azar há-de bater a porta.


Ora, as empresas como pagam 1% dos seus lucros ao Estado, logo não têm constrangimentos financeiros nenhuns para mandarem os seus quadros para formação, sempre que necessário. E com o dinheiro que se arrecada deste 1%, o Estado por sua vez não tem dificuldades em criar condições para que as formações ocorram regularmente, porque os recursos estão lá, sempre disponíveis.


E como é que seria a tal cooperação com a alemanha na educação? Como já aconteceu no passado, coloquem assessores alemães no MED, olha, podem mesmo já despedir aqueles tugas que lá estão. Tragam professores alemães para tomarem conta das escolas de formação de professores (ISCEDs, INEs, Magistérios e afins), o país ficará bom em 5 anos. Teremos melhores quadros e profissionais de facto.