Luanda - Entre os dias 4 e 8 de Abril de 2001, a UNITA juntou a sua direcção e militantes, para reflectir estratégias naquilo que veio a ser a sua 16ª conferência partidária. O local escolhido foi a área de Saluka, na nascente do rio Kunguene, um afluente do rio Luengue - bungu na província do Moxico. Neste dia Jonas Savimbi fez o último discurso da sua vida em que introduziria o tema "passivo" para abordar os erros cometidos pelo seu partido. Aquela foi a ocasião em que depois muitos quadros não voltariam mais a se ver. Foi discurso de despedida de Savimbi cuja integra  o Club-K reproduz.

Fonte: Club-k.net


XVI CONFERÊNCIA ANUAL DO PARTIDO AOS 08 DE ABRIL DE 2001 NA MARGEM ESQUERDA DO LUNGUE – BUNGU


Cda Vice Presidente do Partido, Cda secretário Geral do Partido, Cda Chefe do Alto Estado Maior Geral, Cda Vice chefe do Alto Estado Maior das FALA, Cda Presidente da Lima, Caros oficiais das Forças Armadas, Caros Quadros do Partido, Militantes do Partido, Conferencistas.

 

É sem tempo que organizamos esta Conferência para estabelecermos na nossa verdade o balanço das nossas actividades depois do descalabro da Guerra Convencional, da queda do Bailundo , Andulo. Viemos também, para nos confrontarmos com o nosso Passivo, para que aceitemos o Passivo, sem remorsos, fiquemos nós mesmos, e não mais o que gostaríamos de ser .

 

Queremos determinar com precisão profissional e milimétrica, quais são as nossas capacidades anímicas que nós herdamos dos nossos avoengos, Nginga, Muachiyava, Ekuikui, Ndunduma, Mandume e outros mais.” Quem de boa sepa vem é bom filho.”

 

È neste momento que quero desejar a todos presentes aqui, boas vindas, saúde e coragem. Sejam bem vindos ( palmas ) .

 

O homem é o factor decisivo de todas transformações sobre a terra. Se nós aceitarmos esse axioma como o mais alto paradigma da nossa acção política , da nossa acção militar e da nossa acção administrativa , olharemos 1º para nós mesmos como homens , como instrumentos de transformação de tudo, antes de olharmos para os outros, como aquele que não fez , como aquele que não cumpriu , como aquele que devia fazer. Assim, exerceremos sobre nós mesmos uma acção reflectida e voluntária, para assumirmos o nosso Passivo, sem vergonha , sem temor , com frontalidade, para nos apresentarmos diante dos outros e da acção, prontos; sabendo o que sabemos e não temendo o que não sabemos, porque estaremos prontos a aprender mais!

A entrevista que eu fiz na ( VOA ) muitos não conseguiram discernir e explicar esse passivo . O Passivo existe na vida das pessoas, existe na vida das instituições , existe na acção política , existe na acção militar , existe na acção administrativa, numa simples acção de relacionamento. O Passivo é aquilo que nós julgamos sozinhos, e sempre, que não foi bem feito, que poderíamos ter feito melhor. O homem não pode se enganar ele próprio. O homem pode enganar os outros, mas ele não pode enganar- se, ele próprio. Engana os outros. O Passivo é aquilo que quando nós estivermos diante de nós
mesmos e sós, sabemos que aquela acção que nós praticamos esta errada e podíamos fazer melhor, na vida de uma pessoa , mas também, na vida de uma organização .

Quando estivermos reunidos como estamos aqui , temos de ter coragem para nos confrontarmos com o nosso Passivo. O que é que nós fizemos que esta errado e que nós poderíamos ter feito melhor.

O Passivo não é aquilo que nos devia perseguir, não é aquilo que nos devia diminuir ,não é aquilo de que nós devíamos ter vergonha, porque se nós não conseguimos individualmente, na organização, confrontamos com o nosso Passivo e reconciliarmos com ele ,havemos de viver constantemente uma ilusão, gostaríamos de ser aquilo que não somos; gostaríamos de fazer aquilo que não fizemos e perdemos a força anímica .

O quê que significa a força anímica? È uma força permanente, a força anímica é uma força permanente. É uma força que eu não crio; é uma força que também o adversário não pode destruir . é uma força que nos habita; é uma força que habita nos Angolanos. È força anímica. È essa força anímica que quando cairmos podemos começar; só pode surgir e dar efeito se nós nos reconciliarmos com o nosso passivo. Há aqueles que num momento dado da vida pensam, se eu tivesse feito aquilo, se eu fosse aquilo, ou na pratica se eu não estivesse na UNITA; se tivesse escolhido o MPLA com o meu Irmão ou tivesse aceite abandonar a política e ir para os estudos. Este homem não esta reconciliado com o seu Passivo. Não pode. Não consegue agora trazer ao decima a força anímica dos Angolanos. Não esta reconciliado com seu passivo.

Eu vim aqui para vos exortar nesta conferência! Comportemo-nos com o nosso Passivo e reconciliemo-nos com ele. É o que foi a nossa organização; aceitamos o Passivo; e, queremos que o passivo fique aceite; esteja lá aceitamos... Aquilo que nós não devíamos ter feito. È aquilo que devíamos ter feito melhor, doutra maneira ; devíamos ter utilizado um outro método. Mas esta lá ; nós aceitamos! Feito isto vão surgir os valores activos da nossa força anímica, que é a força dos Angolanos. Se não vocês não estariam aqui. Depois de tanta coisa que se passou contra nós, depois de tanta coisa que ales disseram contra nós, para estarmos aqui é porque nós somos os representantes mais fiéis daqueles avoengos que eu citei aqui, Ginga, Ngola Mbandi, Muachiyava, Ekuikui, Ndunduma, Mandume, e outros mais. Nós somos os representantes.

Há tendência em situações de bonança esquecer o nosso passivo. Numa situação boa esquecemos o Passivo e começamos a cometer erros. Há também outros que na hora difícil só pensam no Passivo e fazem obstrução aos valores activos que nos podiam permitir ultrapassar a crise. O Passivo tem que ser aceite, tem que ser confrontado, temos de nos reconciliar com ele, livres deste peso, ele existe, o nosso Passivo, ele existe na vida de uma pessoa, na vida de um dirigente, na vida de uma organização.

Eu quando tenho ouvido tanta coisa que se diz sobre a UNITA, tanta coisa que se diz sobre a minha própria Direcção à testa da UNITA, quando falei do Passivo, eu vim reflectindo depois da queda do Andulo, eu aceitei o meu Passivo e eu estou reconciliado com o meu Passivo e posso andar. Eu não tenho medo do Passivo é por isso que eu trouxe este termo novo, o Passivo. È preciso aceitá-lo.

Na obra grandiosa que nós erguemos na Jamba, com altos e baixos, lá houve um passivo que eu sempre disse que tem de ser posto a nu, é para podermos nos reconciliar com ele: nós nunca teríamos queimado as feiticeiras, foi um erro. Eu aceito foi um erro. Nem acabamos com o feitiço, nem mudamos o feitiço mas ficamos sujos, é um Passivo. Este tem que ser aceite. Eu assumo-o, aqui, diante de vocês. Foi um passivo, foi um erro. Podíamos ter feito a coisa diferentemente. Que o povo queime os feiticeiros, muito bem...

Mas nós aqui, aqui no Leste estávamos a ensinar, não matem os feiticeiros; vocês que estiveram comigo sabem, que isto é verdade. Quando mataram um indivíduo perto de Kangonga, o soba, diziam que o raio da chuva tinha morto o filho dele; vocês sabem, nós estávamos no Saluka com o Antonino e os outros, mandamos dizer que estava errado. Mas porque é que no fim nós chegamos na Jamba, começamos a queimar os feiticeiros? Isso foi um erro. O feitiço acabou? Esse foi um erro. E amanhã numa Angola livre, e Independente Governada pela UNITA, governada por vós, e se levante esse Passivo, eu aceito. Mas a organização tem de aceitar se reconciliar com ele e quando levantar nós não ficamos mais assustados; nós já aceitamos. É um erro, não devíamos ter feito.

Também, quando penso na obra grandiosa que nós erguemos na Jamba, porque não houve um outro Movimento em África que o tivesse feito, a nossa justiça foi expeditiva muitas vezes nos casos que foram apresentados à ela. Ela foi expeditiva não foi consciente, minuciosa porque quando se liquida um indivíduo não se pode dar mais a vida. E muitas vezes cometemos erros nestes julgamentos.Mas as pessoas dizem esta bem, muito bem, esta muito bom, e quando voltamos atrás, isto é o Savimbi que mandou fazer. Isto é um Passivo. Ninguém devia ter a coragem de dizer, mas não podemos investigar um pouco mais! Esse é um passivo mas com que eu já estou reconciliado. Vocês dentro do partido têm de reconciliar com ele para se acabar com esse passivo. È para não voltamos a faze-lo. Quererei eu dizer que estarei disposto um dia, eu vivo apontar um responsável da segurança e dizer que ( erro tal foi cometido por esse)? Então não me conhecem nunca vou fazer isso. Eu é que sou o responsável, eu é que sou o chefe. Eu assumo o Passivo dos homens da segurança, nunca vou aceitar. Eu sei que aquele erro foi cometido por mim, eu é que sei que aquele erro não foi cometido por mim, mas vocês podem ter a minha palavra como chefe, eu nunca, eu nunca vou dizer foi o fulano que errou . Quem assume o passivo das acções da segurança sou eu e já estou reconciliado com esse Passivo. Por isso estou capacitado a dizer que a segurança a partir de agora deve se comportar desta e daquela maneira para evitar que nós aumentemos o passivo.

O momento é de aceitarmos o nosso passivo, vivemos com ele mas não nos persiga, para nós permitimos que ressurjam das frustrações e das tristezas as forças, a qualidade anímica do Angolano para combater e vencer .

Os que serviram sob a minha dicção na segurança podem estar tranquilos, como chefe nunca vão ouvir da minha boca que não fui eu. É que sou o chefe da segurança, eu é que sou o chefe das forças armadas, eu é que sou o chefe do partido. Mesmo aqui quando estou a dizer confronte-nos com o nosso passivo, para que reconciliado com ele possamos dar a liberdade força anímica e ultrapassamos a crise, não é na segurança que eu vou apontar o responsável. O responsável sou eu.

O Passivo tem de ser aceite para ser abandonado, para ficar lá, para não termos a vergonha dele- o passivo -, para que quando alguém o levantar no decurso da história, não tenhamos que pestanejar e ter vergonha. Sim é o nosso passivo. Mas será que toda acção da UNITA é só passivo? Não seria verdade. O que não tivemos é a coragem de confrontarmos o passivo, reconciliamo-nos com ele e deixá - lo descansar, servir apenas de referência para fazermos... Também na jamba houve acções de alcance transcendental. Houve na jamba o começo de uma outra história que o próprio adversário não pode ignorar. A jamba nunca foi município, mas agora a jamba é um município. Quando vimos o homem com grande prestigio, com maior capacidade de resistência que é o presidente Mandela, disse-nos “vocês defendam a Jamba é a vossa conquista”. Partimos da Jamba, para alcançarmos o Norte e ficarmos. O que está hoje no norte, o que o Apolo faz agora no Norte, não é o trabalho de agora, e o trabalho da Jamba. É por isso que vocês podem lutar no Norte, vocês podem lutar em Kilengues, em Benguela, no Kazombo, porque não houve só o passivo, também, houve um activo que mantém em força o nosso combate.

O passivo é o álcool. Eu vim sinceramente para vos dizer, eu estou reconciliado com o meu passivo. A minha força anímica agora surge, eu sinto-a todos os dias. O álcool é um passivo.Nós todos bebíamos. Pelo menos eu passe dizer aqui, que eu vou completar agora um ano. Nem vingundo, eu bebo. Estou a vos dizer que nunca vou beber mais, nunca! Quem quiser me seguir saberá que vai triunfar. Quem pensar que pode beber, esse vai perder. O álcool não é uma honra nenhuma . É um passivo, porque você perde tempo. “Omunu iya etapa”. Em vez de você se concentrar no trabalho, você vai fazendo reuniões, reuniões, reuniões sem lógica, sem propriedade e sem objectividade. Como já somos atrasados do ponto de vista de maturação política na acção de Angola, abandonemos o álcool. Há indivíduos que dizem que sabem beber bem. Eu não vim para esta Conferência para dizer que alguém saiba beber bem. Estou a dizer, não bebam, façam como eu. Vocês estão aceitar mas não vão cumprir, mas eu o dia que eu disse no Bakuime, eu nunca mais vou beber, quem sabe é a Catarina e a Sandra, nunca mais, nem kissangua delas, eu disse que não, essa coisa de kissangua você está a passar quase ao lado do vingundo. Estou magro eu? Estou mal eu? Mas é a minha própria convicção. Eu passei pelos meus passos, eu disse que naquele dia nós perdemos tempo demais; naquele dia precipitamos aquela decisão. Eu não tenho vergonha de vir ter convosco e dizendo que bebíamos e perdemos tempo. Eu estou reconciliado com o meu passivo; Eu estou reconciliado.

Nem me faz já falta. Passei em revista no passivo, coloquei o álcool. Vocês não pensem que vou vos compreender, se eu sentir que alguém está a tomar decisões porque bebeu. Aquele que não tem responsabilidades maiores, que não me aparecer, eu não quero saber porque eu não vou ficar aqui no momento da reconciliação com o nosso Passivo, procurar os que estão a beber. Não é o meu trabalho. Cada qual o faça ele próprio. Você tem grandes responsabilidades, aceite. Não diga, agora não bebo, quando tomarmos o poder vou beber. Você não beba, pronto você não beba, esqueça, pronto. Falei com muita gente e quando eu disse agora não quero mais beber, pronto, mas pensaram que o Mais Velho depois vai beber. Mas aqueles que já estiveram comigo aqui na luta também souberam, mas uma vez eu disse aqui no Saluka, não quero beber, passei três anos. Mas depois voltei. Agora é que não se volta mais. Eu não quero entender um indivíduo que vem falar comigo, bebeu, não entender, não te entender. Como nós viemos dum atraso político muito grande não somos como as antigas colónias Francesas em que os Africanos participavam na luta política, nós temos um atraso, por isso temos que recuperar todas as qualidades, que nós podemos reunir, que são poucas, para podermos apanhar o adversário e ultrapassamos.

A Farra não é bem um passivo – Escutem-me bem! A farra não é bem um passivo – escutem- me bem! Porque vocês são jovens. Há vezes que vocês podem dar é normal. Mas esta farra permanente é um passivo. A 1ª coisa que você faz, quando chega numa Aldeia, numa área é organizar a farra em vez de organizar a segurança. É um passivo, vocês são atacados assim, mas quando têm condições de o fazer... mas também, não seja uma preocupação. Há mais trabalho a fazer.

Na Jamba também, houve um outro passivo. Nós criamos uma sociedade que não existe, porque aquele que dá mais recebe aquilo que ele precisa, aquele que dá menos recebe aquilo que ele precisa. É injustiça. Não existe em parte nenhuma. Não havia dinheiro as pessoas não tratavam com o dinheiro. As pessoas quando foram à cidade que é uma sociedade monetorizada, não se vive sem o dinheiro, as pessoas, a água talvez se pague, a luz talvez se pague, a comida se pague, é verdade que foram para o excesso, porque também vendem lenha, aí perto do Mungo também, estão a vender lenha, em vez de cultivar.Mas no entanto, o passivo com que nós viemos da jamba, nós não sabíamos trabalhar com dinheiro.Num momento dado quando o dinheiro apareceu, foi um caso muito sério ninguém sabia, como tratar do seu dinheiro.

Como vim aqui para nós nos reconciliamos com o nosso passivo de forma a sairmos daqui renovados, houve alturas em que nós tínhamos bastante dinheiro em que os dirigentes recebiam, por exemplo, 15 mil dólares por mês, mas duas semanas depois não tinham dinheiro, diziam que estamos a travar com a jante. Como é que se trava com a jante com 15mil dólares o ministro não tem isto em parte nenhuma, em França não tem, mas aqui nesse ochifuka chetu, não tem assim duas semanas depois, oh mais velho aqui é com na jante depois de 15 mil dólares? È um Passivo estávamos numa sociedade que não sabíamos tratar com nosso dinheiro. Esse é um Passivo não será deste Passivo de não sabermos tratar com o nosso dinheiro. Onde saiu a yula? Não será que as pessoas querem sempre mais, sempre mais porque não sabem cuidar daquilo que eles têm.Não será isso? È um Passivo. E o programa que eu tenho é que a UNITA tem de produzir bens materiais, incluindo dinheiro tem de produzir. Além da política, além da produção, também temos de ter capacidade como organização de dar o dinheiro aquele que trabalha mais. Agora mesmo 100 USD é um a maravilha, não será? Vocês querem mais 15 mil? Primeiro não há mas se aperecer mesmo 100USD vocês ficam contentes. Mas naquele tempo 15 trava - se na jante. Isso é um Passivo.

È também um Passivo a intriga que destroi os próprios quadros do partido. Nos colocamos absolutamente frontalmente em posições irreconciliáveis e destrutivas como a intriga graça entre os quadros, os dirigentes, as pessoas não querem viver com os homens de segurança. Esses são espiões. E você, o dirigente, você não tem segurança. Não estou a falar do ajudante. Estou a falar da segurança, dos homens especializados em informação; se você foge deste homem como é que você vai ter a informação sobre o inimigo e sobre a informação, como é que você vai saber? Porquê? Por causa da intriga as pessoas têm medo de tudo, começaram a rejeitar os homens dos serviços; que esses são bufos. Mas uma estrutura, uma organização, sobre tudo uma organização revolucionária, não pode ser sem os órgãos de segurança. Quem são afinal os órgãos de segurança? Afinal estão ali para se baterem contra os amigos? Não! Contra os aliados! Não! È contra o inimigo sabem quem é o inimigo e nessa altura quando os serviços de segurança soubessem que o seu trabalho é útil para lutarmos contra o inimigo não iam desenvolver a luta contra o inimigo, contra o aliado. Nós precisamos todos de nos organizarmos em elementos de segurança para nós defendermos a UNITA, as forças armadas e as nossas conquistas. Nós não podemos continuar com essas quedas. Avançamos caímos.

3. È isto porque escutastes o Jacinto gabar se que eu é que sabotei 2, mas vocês que são militares, vocês que precisam disso e daquilo, vocês ouviram. Afinal quando faltou a bomba o outro estava a sabotar. Não vos doeu? Afinal quando faltou combustível ele estava a sabotar. Não sou eu que estou a dizer, ele é que disse. O meu segurança, não digo o mais preferido, mas o que tinha muita confiança, até fugiu com a minha arma; afinal andou comigo este tempo todo dentro e fora, afinal esse indivíduo era infiltrado? Se ele quisesse matar-me, podia. Ninguém podia falar comigo que o Luís era infiltrado porque eu não ia aceitar. Mesmo quando disseram que o Luís fugiu não concordei o Luís está a vir. Até, quando ouvi o Luís falar agradecer o cmdte que esteve no Andulo que é o Nguto, agradecer o Nguto como o recebeu, então disse esse homem fugiu mesmo. Até levou a minha pistola; até matou o outro para poder se apresentar em Nhareia. Mas então, afinal de contas o serviço de segurança é necessário ou não? Mas precisamos de discuti-lo para ver, afinal primeiro tem de haver profissionalismo, depois sinceridade para com o trabalho que eles fazem. É a defesa da revolução, nas suas instituições, nas forças armadas, o partido, afinal não é a luta contra os outros. Na luta contra os outros é onde surge a intriga e a desconfiança. É passivo também.


Nas vossas relações com os vossos ajudantes de campo. Nós estamos a dizer aqui que o homem é o factor decisivo de todas as transformações sobre a terra. Afinal cada um está aqui porque quis vir, ou não é isso? Os outros fugiram. Porque este homem que é teu segurança, que leva a tua pasta, que faz a tua comida, afinal não é teu servente, é o teu compatriota, é o teu irmão. É o companheiro de luta. Não é isso. Mas eles estão convosco. Como é que você pode encontrar um bocadinho de bombó e você está a comer e você sabe que ele também não comeu, você não consegue pensar nele. Esse é um passivo tremendo. Vocês têm dificuldades com os vossos homens; levantar-se de manhã e pegares na mão, então como é que você passa? Você está bom ? E olha para ele, dizer que você está mentir, você não está bom. Vocês não conseguem isto. Isto é um passivo. Vocês são uns chefes Apartes; vocês consideram que vocês são chefes inaptos. Não há nenhum chefe inapto. O chefe faz-se. Mas o chefe faz-se quando quer ser chefe. O chefe tem mais obrigações do que privilégios. Ele é obrigado a cumprimentar, de manhã, você passou bem, você está bom; o que se passou. Olhar para a cara dele, porque você depois aprende a tratar com ele, o indivíduo que não está bem, você sente que esse não está bem. Estou lembrado quando estivemos em Luanda. Nandó ao falar para o Sec. Geral, epa está ver aquele indivíduo que vai ali, pegou no meu casaco, colocou às costas dele por causa de vocês que vieram com a Democracia. No nosso tempo de partido único esse não podia tentar. Mas afinal de contas, o que é isto? Há aqui patriotas, compatriotas angolanos ou aqui há serventes e há chefes. A nossa função, a função do dirigente vai permitir já que ele reconheça que você é chefe, e a colaboração que te dá é sincera. Mas se você se colocar em cima para ele seguir, ele também é um dos artífices desta grande obra.

Angola tem um grande passivo muito profundo. O colonialismo deixou em Angola um passivo que está até a aumentar, a acrescer em vez de decrescer e vai levar muito tempo para nós nos reconciliarmos com este passivo. Os portugueses não prepararam ninguém para dirigir o País. Nós não conhecemos a administração. Angola está na mesma que o Congo ( que é o Zaire ) os Belgas não prepararam o Congo para a Independência. O Congo era uma propriedade do Rei Leopold da Bélgica, da mesma que Angola era. Nós não sabíamos nada. Ir para a escola? Sabíamos a política? Estudar? Nós passamos na política mas as Franceses não tinham deputados Africanos na sua própria assembleia na França que disartiam as leis? Nós não aprendemos nada com os portugueses no quadro da governação do pais. Este é um passivo muito grande. Mas não devemos parar por alí, temos de andar depressa. Nós não somos atrasados mas os que não tiveram oportunidade no ponto de partida. Nós somos os representantes dos que sabem e dos que não sabem. Por isso temos de andar depressa.

A maturação dos Políticos Angolanos tarda. Precisamos de acompanhar com especial atenção as mudanças em Angola. Temos de seguí-las porque senão essas mudanças serão feitas contra nós e fora de nós. Partidos políticos, sociedade civil, Igreja Católica, vozes dentro do próprio MPLA, tudo isso interesse. Mas os seus pronunciamentos, os seus debates sejam seguidos para serem orientados naquilo que nós queremos. Hoje o MPLA já não pode recuar. Sofre pressão interna e externa. Aproveitemos. O regime está sendo forçado a fazer algumas concepções, algumas aberturas. Mas vocês sabem que a ditadura não se reforma quando abre furos entra em apuros.A Igreja Católica tem um passivo grande. Trabalhou com os colonialistas no extermínio dos Angolanos e no seu atraso. Hoje não deveríamos aumentar mais esse passivo. Nós somos republicanos, dividimos a religião do estado e da política. O Kamwenyo anda aí a falar, atacar a UNITA, afinal quer candidatar-se à presidência de Angola; O Kamwenyo nunca será presidente e eu as minhas cartas para ser presidente de Angola ainda não acabaram. Adquirir 66 anos de vida em combates sérios e em cadeias e lutas sem tréguas, não é fácil, não é pouco. Os dirigentes desse país têm de ser políticos porque a política é um negócio de homens duros, calejados e temperados. Tudo isto dos Kamwenyo e outros, Chivukuvuku, é confusão. Numa Msg do Jardo, dizia ele que perguntaram-lhe sobre o Chivukuvuku, e ele respondeu, o Chivukuvuku abandonou o nosso Barco e não atingiu o outro Barco. Está afogado. Eu concordo porque a 3ª Via não é solução e não tem pernas para andar.

Também é um passivo a não criação de valores no Partido depois de 35 anos. Eu não nasci para ser eternamente Presidente da UNITA. Não surgirem valores na análise, na luta, na prática para continuação da Revolução é um Passivo. Há 35 anos não há força anímica dos angolanos para criar novos valores? Vou falar disso mais tarde mas adianto-vos essa frase: « Aos que carrearam a sua pedra para grande obra por vezes mal aproveitada poupe-se o julgamento precipitado e erga-se uma intenção generosa. »

Na UNITA tivemos quadros brilhantes que não soubemos defender. Sangumba foi um homem inteligente, brilhante na análise e na luta. O Salupeto foi um dirigente foi um dirigente inteligente extraordinário e corajoso. Inteligente corajoso, sabia conciliar a inteligência com a coragem. A revolução não soube protege-lo. Podia ser poupado.

Quando identificarmos alguém que pode amanhã congregar os outros para continuação da luta, alguém que pode para fazer a diferença no partido, seja protegido seja acarinhado.

Também o partido não pode viver só e permanentemente da intriga e da ambição. O partido tem de saber que não ganha nada com essa prática, não ganha nada sem ter excepcionais que garantam a continuação da luta.

A UNITA não é uma casa familiar. Quando penso no Salupeto, dizia eu no Huambo que você tem de ir para LUANDA, se não vão dizer que poupou a filho dele. Também não se podia fazer mais nada.Queria ir e foi. Mas o Ben não. O Ben foi porque, e é um erro, pensava que tinha de enviar o meu filho. Mas a UNITA não é uma casa familiar. O General Ben Bem não queria ir e foi forçado por mim. Foi um erro. Temos de ter dirigentes excepcionais para o nosso bem comum, capazes de continuar a obra grandiosa que nos propusemos erguer em Angola. Todos têm algum valor.Protejamos esses excepcionais. A luta fratricida no partido é prejudicial, é um Passivo.

Há também pessoas que levantam questões tribais no partido. O tribalismo já não tem pernas para andar. È uma Bandeira suja. As tribos coexistiram no passado, coexistem hoje e coexistirão sempre. As tribos aqui convivem as nossas tribos é que são a nossa própria pátria, logo o passivo tribal tem de acabar.

O egoísmo dos dirigentes é um Passivo. Há egoísmo nos próprio dirigente, tudo para vocês e nada para o soldado e povo.é um passivo também. Você não precisa de ter mais porque eles te escutam.Você é o dirigente, você é o general, você é o Secretário, você é presidente da LIMA, porque como você é dirigente, você já tem, você não pode dizer que... é porque quero mais. Você tem.

Esses dias, que também é passivo, mas não é muito importante porque não tem caracter político, uns dizem que aquele dirigente quer muitos bens, oprime a sua gente, porque gosta muito da mulher dele. Oco yapa uhembi. Olálá , a minha mulher é que vai mandar em mim para eu começar a oprimir a minha gente? Até mesmo a tal mulher tem medo de falar comigo.Eu não sei, eu graças ,não posso dizer graças a Deus, talvez não é isso que vim dizer aqui esta tarde, mas as minhas mulheres também têm medo para falar comigo, também têm medo, não falam comigo assim atoa.Também que, ver se estou a sorrir ou não! Se eu acordar zangado e estou a falar, mas quem fala comigo: Antes de ontem fiquei zangado com essa história de andar raptar as crianças e andar levar cartas ali, eu estive mesmo assim depois, eu disse que, não, Ò Catarina agora estou mesmo zangado.Eu sou mesmo assim. Zangado, mas também não falei, fui lavar a cara, não abri a boca. mas este tipo deve estar zangado, como me conhecem não me perguntam.

Depois quando sentei-me disse que não, agora estou zangado. Mas está zangado porque? Estou zangado com o MPLA. .Mas agora mesmo estou mesmo zangado ir ,ndamalamo . Então explique: Mas então o Evaristo Chitumba manda uma carta para o velho Mário, para o velho Sanguende, para o velho Pena para dizer que vocês venham!o Evaristo Chitumba pode fazer isso ?E depois entregam a embaixada, a embaixada é que vai colocar assim nas portas do velho: e os mais novos que estão lá ,estão organizados de uma forma tal que quando há um certo acontecimento como que este pegam as cartas e vão levar para os outros para os velhos não verem. Mas o Chitumba pode fazer isso, convencer os mais velhos para irem se render em Luanda ? O Chitumba mesmo tem um lugar, ele lá onde está.Mas afinal esta história que nós estamos a discutir aqui, vou chegar nesta parte de reconciliação, etc.

Hoje recebi uma carta do Cheya, fez anos à dois ou três dias, ele disse epa, ó pai esta coisa de reconciliação não existe.Vocês aí agarrem, não existe.

As sanções porque é que não nos aplicaram a nós? Á mim, do Vice-presidente, ao Chiwale, ao Kamorteiro, ao outro, ao Sec. Geral; Nós é que devíamos apanhar as sanções. Não é isto? Porque nós é que decidimos que queremos resistir. Porque é que dão sanções aos nossos filhos? O grande criminoso Francês, o grande criminoso Inglês, nem tocam na mulher, nem tocam nos filhos, porque é que prejudicam os nossos filhos? E há direitos humanos aonde? Porque é que não nos castigam à nós? Porque nós tomamos uma atitude consciente, então, deviam nos aplicar as sanções para não comprarmos as armas, para não vendermos os diamantes e nós como espertos e malandros íamos encontrar o caminho de comprar armas vender os diamantes na mesma. Mas agora como estão a fazer sanções contra as crianças isto é justo? Que direitos humanos com que nos estão a agarrar é dizer que ainda estamos fracos, é por isso que estamos a falar dessa história de direitos humanos e dessa história da reconciliação nacional, se não há reconciliação nacional, não há paz, a paz é deles e já gozaram-na.

O nosso passivo, estamos a falar do nosso passivo. Tentemos quando discutirem nas comissões, na comissão política vocês não tenham medo de nada que para dizermos, viemos nesta conferência, disseram XVI se eu entendi, para nos confrontarmos com o nosso passivo e nos reconciliarmos com o nosso passivo. O que fizemos de errado, é porque podíamos fazer duma outra maneira. Está correcto? Fique dito claramente para nos sair dos corações. E ninguém pense , eu é que sou mais responsável, não diga isso, esta incorrecto, devíamos ter feito o melhor. E assim de tudo eu como chefe assumo esse Passivo, está lá, não tenhamos medo desse Passivo, e p/ra depois fazermos melhor.

Não escondamos o nosso Passivo. Libertado, dele e reconciliados com ele seremos novos instrumentos para servirmos melhor.NO nosso debate político, no nosso debate militar, no nosso debate administrativo não deixem nada que acharem que foi mal feito, é para que dito tudo isto colocamos no passivo e fique aqui.Estando reconciliado com passivo.Agora surjam as novas forças para nós ultrapassarmos os combates futuros.

È preciso saber que, cada um aqui sabe o que pode fazer, senão estaríamos justapostos, afinal é porque um pode ser secretário do comité, outro secretário provincial, outro secretário geral outro comandante da zona, outro comandante do COPE, afinal todos aqui, cada um sabe fazer alguma coisa. Agora, mas é preciso continuarmos a aprender. Defini no outro dia quando estivemos a conversar que o saber é que resta depois de tudo esquecido do que tínhamos aprendido. De tudo que aprendemos quando esquecemos tudo, o que ficar é que é o nosso saber. Isto quer dizer o que? Nunca sabemos tudo. Depois de sabermos tudo e esquecermos tudo, o que ficar é que é o nosso saber. Afinal nunca podemos saber tudo mas tínhamos aprendido tudo, esquecemos tudo mas ficou alguma coisa. Aquilo é que é o nosso saber. Também o saber é o que falta aprender depois de aprendido tudo. Depois, de aprender ainda falta alguma coisa que não aprendemos isto também é o saber. Quando aprendemos tudo e esquecemos tudo o que ficar é o saber. Afinal temos que aprender constantemente. É um erro dizer eu já sei. A luta, as próprias circunstâncias internas sofrem uma mutação permanente, nada está parado, afinal nunca sabemos tudo. Temos que aprender constantemente. Deixado o nosso passivo de lado, afinal, temos que aprender sempre. Não eu já sei, não posso. A situação continua a mudar constantemente, temos que aprender. Há aqueles que dizem que não, são os kassimbados, são os sonantes, são quê, isto não é verdade, não faz parte do que estamos a discutir hoje. Toda a gente sabe alguma coisa, mas é preciso saber mais, se quisermos aprender mais. As circunstâncias não param, a situação está a evoluir constantemente, temos de acelerar. Não há nem sonantes, nem kassimbados, nem novos, até vocês têm um nome vosso, é Setembro? Isso tudo não presta, isso tudo não está dentro do pensamento que nós estamos a dizer aqui. Afinal se só os que entraram em 1966 é que são da UNITA, se nós nos levantarmos vocês vão se rir de nós porque somos poucos. Mas somos poucos porque fomos sempre poucos? Somos poucos porque sobre os nossos ombros pesam os 33 anos de luta, temos que aceitar todos os outros. Essa história de setembro, de Outubro, de Novembro, de Dezembro, de Abril, não cabe aqui. Ninguém sabe tudo, temos que aprender constantemente. A posição de aprender é uma posição de humildade, você tem que aceitar.

É importante sublinhar aqui diante de todos os conferencistas, se eu estou vivo, neste momento, até esta altura, eu devo-o ao velho SAISSAZU, ele é que conhece aquela área. Dizia ele, ó Mais velho não é aqui, até os mapas saíam, os instrumentos, G.P.S, não, o SAISSAZU não preciso do GPS. Diz mesmo,« puãi a sekulu uh yongola okwenda pi? Oku tu yongola oku enda ka tua kulihile ko. Ala, ococo puãi. Da tua lomboka okatapalo aka, ono eyi ya Massali, apa usenge há pa kale, cilo nda paliye? U yongoli apa? Ono eyi ya Silimane? O GPS yi kaki oko. Todos os que tinham os seus GPS, hati a sekuku tuende. Oku ñuala ndeti. Unyali puãi wo yeveli pi? Hati hayu apa. Ukuavo ayu apa. Ococo puãi , ococo, oco ate nda tua liako “o curva “okuavo eyi ya luelo. Toke tuapitila palo. Ame nda ndacikolela okuti, ndaño veya ene ongongo yene, ka Wu kuete u usonguili. Ame haico ndiliako evindi, la sekulu SAISSAZU, haco, tua ka taka.

Toda a gente sabe alguma coisa, dar o valor do saber de cada um. Se fosse só com os mapas, com os GPS e tudo, “ okonferência, nda kakuli,” cada qual sabe alguma coisa, temos que valorizar aquilo que nós sabemos. Não digamos que sabemos tudo, não os outros também sabem o que sabem. E não tenhamos este orgulho, é como eu dizia, o saber é uma posição de humildade, eu quero aprender, se você quer aprender você pode saber. Mas se você disser que eu já sei, então se você já sabe, você não pode fazer mais nada porque você já sabe. Os professores para escreverem no quadro preto é preciso apagar o quadro preto. Há uma outra maneira de se escrever o quadro preto? É preciso apagar o quadro preto para se escrever outra vez. Se você está a dizer que eu já sei, já escreveu não se escreve mais. A humildade na Revolução é necessária. Cada um de vocês sabe o que eu não sei, também eu sei o que você não sabe. Há coisas que vocês sabem mesmo se formos a falar da pura arte militar, há coisas que eu não sei que vocês sabem. Se eu for a pensar que interessa-me saber, eu vou aprender convosco, mas se você for a dizer que mais velho aprenda como é que se anda, com o tanque eu não quero, esse já não é o meu trabalho, esse é o vosso trabalho. Mas se souberem alguma coisa que eu penso que interessa a minha acção eu vou aprender convosco , mas, é preciso humildade, se você for a dizer que eu já sei... é o quadro preto que já está escrito, não se pode escrever mais, tem que apagar 1º para se escrever outra vez. Está correcto? – Está (coro)

Vocês têm repetido « a prática é o critério da verdade» mas vocês estão a falar só repetindo a prática é o critério da verdade mas o que é isso? Significa o que é isso? Significa o quê? Mas quando está com seus soldados não comeram e você comeu, e essa prática é o critério da verdade? Você comeu ele não comeu, isso você não faz esforço. O problema da comida nesse momento é um problema da Direcção. O Dirigente na Coluna é o problema dele não é problema dos outros lá. Epa! Vocês vão fazer a campanha, não! Não; é o seu problema, eu que tenho que discutir com o velho Saissazo, com o velho Vituzi, com o Chefe do Alto Estado Maior, Vice-Chefe, onde é que está a lavra. Não há um dia, uma ordem, uma agenda onde não há comida. Está lá eu é que escrevo; mas agora a comida como é? Vão arranjar aonde? Porque é a minha responsabilidade, e tenho de ensinar as pess
oas como executam esse problema.

Continua...