Lisboa – O ex-Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente contactou recentemente - por telefone -  o seu antigo superior  hierárquico José Eduardo dos Santos (JES),  para uma abordagem que visou sarar mal entendidos entre as partes.

Fonte: Club-k.net

MV  nega ter apadrinhado  'complot' contra Isabel dos Santos 

Na abordagem, Vicente fez passar ao antigo Chefe de Estado, a mensagem de que não foi ele o entusiasta do complot do “Luanda Leaks”, conforme acusações públicas  feitas pelo casal Sindika Dokolo e Isabel dos Santos, no mês passado.  Ao fim do   esclarecimento feito, Vicente  desejou respeitosamente  rápidas melhoras a JES que se encontra em Barcelona, por motivos de saúde.


De acordo com fontes do Club-K, o antigo Presidente José Eduardo dos Santos e o seu “ex-delfim”, Manuel Vicente encurtaram os contactos ainda antes da campanha eleitoral de 2017, agravando-se quando o segundo alinhou-se, pouco tempo depois, a corrente do futuro Chefe de Estado, João Lourenço  que o defenderia  abertamente das perturbações da justiça portuguesa. O distanciamento do antigo patrão da Sonangol e o circulo presidencial  de JES acentuou-se quando Vicente  saiu dos negócios,  que partilhava  com  conhecidos generais da presidência, optando por  aderir  ao apelo das autoridades, respeitante ao processo de repatriamento de fundos.

 

Em finais de Janeiro, Isabel dos Santos concedeu uma entrevista a RTP3, em que colocaria Manuel Vicente no centro do furacão, imputando-lhe responsabilidades por aquilo que diz ser uma "campanha contratada" contra si.

 

Apoiando-se em documentos que entregou a RTP, a filha do antigo líder angolano explicou que tudo terá começado em 2019 com a contratação da empresa lobista norte-americana Squire Patton Boggs por parte do Governo angolano, com a missão de ajudar o país a reformar o setor financeiro, atrair investimento internacional e identificar aliados em Washington. Esta, por sua vez, subcontratou uma empresa denominada Erme Capital, criada em Malta, em que surge como um dos acionistas  Pedro Ferreira Pinto, enquanto o seu pai, Carlos Ferreira Pinto, é diretor.

 

Nesta cascata, segundo explicou Isabel dos Santos, surge a ligação da Erme Capital à Domínio Capital, detida precisamente por Carlos Ferreira Pinto, cujas ligações à Sonangol remontam ao período em que Manuel Vicente liderava a petrolífera. No site, a empresa refere como seus principais clientes, além da petrolífera angolana, a Falcon Oil, a Galp Energia e o Banco Nacional de Angola.

 

Segundo, o Jornal de Noticias de Portugal, um dos sócios da Squire Patton Boggs é Joseph L. Brand, que fez serviços de lóbi para a Sonangol em 2008, precisamente durante o consulado de Manuel Vicente. O segundo, como nota a Africa Intelligence (AI), uma publicação de acesso restrito, no seu número 804, tem que ver com a subcontratação dos serviços. "O contrato assinado entre João Lourenço e a Squire Patton Boggs contém uma cláusula inusual: a firma compromete-se a subcontratar trabalho a uma empresa financeira desconhecida chamada Erme Capital recentemente registada em Malta", assinala a AI.