Luanda - Há exactos 30 anos, a edição do Jornal de Angola do dia 25 de Fevereiro de 1990 esgotou num abrir e fechar de olhos. A manchete era previsível porque estava na boca do povo desde o dia anterior, por conseguinte, era enorme a euforia pelo bombardeamento da Jamba, quartel-general da UNITA.

Fonte: Club-k.net

O que muitos consideravam impossível de acontecer, de repente parecia real. Agora, era mais fácil acreditar que a guerra tinha os dias contados, a música Cartinha de Saudades de Jacinto Tchipa ,que também era sucesso na VORGAN, ganhou um novo significado ainda mais porque "o amanhã mesmo voltarei", agora era mais do que esperança para quem tinha entes queridos envolvidos na guerra. As FAPLAS estavam com a faca e o queijo na mão, estavam na moda e com a cotação bem alta, dentro e fora de Angola, com a recuperação de Mavinga, e, o caminho livre para marchar até a Jamba, localidade que na época não fazia parte da geografia de Angola.


Fevereiro de 1990 estava a ser um mês promissor demais para o exército governamental, todo o discurso oficial alinhava no mesmo pensamento único, o governo como que para dissipar todas as dúvidas deu uma chapada com mão ao inimigo, ao autorizar o bombardeamento da Jamba. A mensagem do governo estava a passar perfeitamente com o bombardeamento aéreo a Jamba, nem o famoso míssil terra-ar Stinger tinha como impedir que o governo tirasse bom proveito da superioridade aérea, até parecia que o inimigo tinha se esquecido de guardar uns mísseis no stock para proteger a sua Jamba.


"Quando as FAPLAS chegar, é melhor desaparecer, bandido", esse refrão da música "VITÓRIA CERTA de Calabeto está bem patente quer no comunicado do Ministério da Defesa quer na manchete do Jornal de Angola, o povo gostou da colagem e dançou o que parecia o fim iminente da guerra.


A correlação de forças favorecia grandemente o governo, sem a ajuda do exército sul-africano, agora empenhado em cumprir os acordos de Nova Iorque, eram poucos os que viam escapatória para a Jamba, o avanço das FAPLAS tinha tudo para ser imparável.


Como o discurso oficial era de paz, "apelo ao bom senso de Jonas Savimbi no sentido de pôr em prática os compromissos assumidos em Gbadolite", a estratégia governamental mudou, os jornalistas não tiveram opção, motivo por que o Jornal de Angola entrou na onda e anunciou a deserção de Demóstenes Amós Chilingutila, que antes do sucesso das FAPLAS tinha sido chefe do estado maior general das FALAS, exército da UNITA.