Sumbe – A ministra das Pescas e do Mar, Maria Antonieta Baptista, anunciou recentemente no Sumbe, capital da província do Cuanza Sul, o inicio das actividades da empresa Wangfestão-KP, proprietária do novo Porto Pesqueiro, no município do Porto Amboim.
*Ismael Nascimento
Fonte: Club-k.net
O anúncio foi feito durante a visita que efectuou no dia 21 deste mês ao Sumbe, onde inaugurou o Centro de Apoio à Pesca Artesanal, tendo explicado que os trabalhos que condicionavam o arranque da Wangfestão-KP já foram melhorados.
“Estamos a correr em sentido contrário, mas o Ministério das Pescas, enquanto órgão de orientação metodológica, já fez a vistoria”, destacou a ministra.
Para o início da actividade, o Ministério das Pescas e do Mar entregou já as primeiras embarcações à Wangfestão-KP, cuja empresa começa a admitir já o pessoal, maioritariamente jovens, a partir do dia 1 de Março.
Fontes ligadas ao projecto disseram ao Club-K que a decisão da ministra das Pescas e do Mar foi enaltecida pela direcção da Wangfestão-KP, sendo que há muito esperavam por um pronunciamento de quem tutela o sector das Pescas, numa altura em que a primeira fase do projecto está pronto para arrancar.
Com esta decisão, vários jovens vão concretizar o sonho de encontrar o primeiro emprego na Wangfestão-KP, cujo projecto prevê proporcionar mil e 500 empregos directos, e quatro mil indirectos.
Maria Baptista Antonieta considerou este projecto pesqueiro de empresários angolanos como “boa iniciativa erigida por responsabilidade própria”, e que, nos últimos meses, integrou o Ministério das Pescas.
Entretanto, um empresário do ramo pesqueiro do Porto Amboim louvou também a iniciativa da ministra das Pescas em autorizar o arranque dos trabalhos da Wangfestão por considerar uma mais-valia, numa altura em que vai empregar cidadãos, por um lado, por outro, gerar receitas para os cofres do Estado.
Segundo o empresário, a entrada da Wangfestão-KP no mercado piscatório, além da oferta de emprego, vai também revitalizar o próprio sector no município do Porto Amboim, em particular, e no Cuanza Sul, em geral, há muito adormecido com a extinção ou em vias de extinção da antiga PescaKwanza.
Com um investimento de 50 milhões de dólares, a Wangfestão é uma empresa angolana com parceria-chinesa, projectado em resposta ao apelo do Presidente da República, João Lourenço, para a necessidade da construção e revitalização de portos pesqueiros no país.
Burocracia no licenciamento
Situada na zona industrial da cidade do Porto Amboim, é uma imponente obra que contempla várias áreas entre escola de formação de marinheiros, internato com mais de oito naves, mais de 30 câmaras de congelação, refeitório, duas residências com II a III pisos, posto de saúde, áreas de tratamento e processamento de peixe, mariscos e outros produtos do mar e muito mais.
Devido à burocracia no Ministério das Pescas para autorizar o início dos trabalhos, a empresa estava de mãos atadas sem poder fazer nada.
O presidente do conselho de administração da empresa, Cardoso Pereira, disse em entrevista conjunta aos órgãos de comunicação social em Janeiro de 2020, no Porto Amboim, que a sua empresa quer que primeiro chegue os barcos para depois passar a acção.
“Para nós, o mais importante é que as pessoas sejam admitidas antes e começam já a ser formadas, quer pilotos da altura como os operadores das máquinas para terem conhecimento”, disse,
Acrescentando que “é isso que nós definimos que é necessário termos uma carta conforto que nos garanta que em breve nós teremos o licenciamento. Daí podemos admitir, e há verbas suficientes para garantir o subsídio dos formandos”, disse o gestor.
O que falta?
“Só as licenças, vocês puderam acompanhar, temos todas câmaras a funcionar, estamos em condições neste momento para receber embarcações com 35 metros e as outras embarcações de pesca artesanal. Portanto, nós estamos dentro daquilo que é a orientação central do governo”, assegurou.
A vontade do empresário em contribuir para o desenvolvimento da província é maior, mas as forças negativas ou os bí-faciais, segundo ele, imperam tal interesse e, “é a província que sai a perder”, frisou.
“Na província do Kwanza Sul temos que ter uma indústria pesqueira, a orientação política é que multipliquemos os complexos pesqueiros na costa que nós temos, a orientação política é diminuir as importações, é aumentar os empregos, situação que não passa apenas por uma acção directa do governo, é preciso que os empresários tomem conta do seu papel que há muito ficou para trás. Portanto, agora o problema esta naquilo que chamamos de forças negativas”.
Forças de Acção de Negativa
Definiu o termo ‘Forças de Acção Negativa’ como sendo “aquelas pessoas que se apresentam como amigos do governo, mas o objectivo é danificar as orientações do próprio governo”, explicou.
De acordo com o entrevistado, a província do Kwanza-Sul não está exercer a pesca semi-industrial, nem industrial e que se tivesse a garantia, disse, na altura, admitiria imediatamente 700 funcionários.
“Basta eu ter a garantia, vou admitir os funcionários e peço aos camaradas jornalistas que voltem aqui, tão logo que nós tenhamos uma garantia oficial”, salientou, acrescentando que “não me interessa até o próprio licenciamento, só a garantia nós vamos admitir imediatamente, há verbas para pagar salários”.
O mesmo lembrou que aquando da visita do Presidente da República aquela província, a ministra da tutela afirmou que está em sintonia com os responsáveis da empresa e que no primeiro trimestre, ou seja, até Março deste ano, a empresa vai entrar em funcionamento.
“Temos essa garantia mas, nós só queremos que essa seja oficial. Portanto, a senhora ministra disse na presença do senhor Presidente que está preocupada com os empregos, nós temos aqui os empregos então, é só uma questão de formalização”, enfatizou.
Este portal sabe que a Wangfestão- KP é detentora de 21 embarcações de pesca com 42 metros de comprimento e tem capacidade para mais de 12 toneladas cada, mas, nesse momento, encontram-se na Mauritânia atracados no porto daquele país e a empresa paga mensalmente cerca de USD 178 mil dólares americanos de estadia uma vez que não podem vir a Angola por falta de licenciamento por parte do Ministério das Pescas. “Dinheiro este que poderia ser pago ao governo angolano por via do ministério de tutela”, salientou.
Face à situação, a Associação dos Pescadores da província do Kwanza-Sul na pessoa do seu presidente reagiu da seguinte forma: “Nós temos problemas sérios. As pessoas hoje em vez de autuar de acordo com a Lei, as vezes autuam fora da Lei. É que a nossa orla marítima hoje não apresenta barcos semi-industriais que são nacionais. Vemos que é uma empresa aqui para nós que veio para ficar e não só. Com a estadia dessa empresa muitos ganhos teremos, não só para os cofres do Estado como também dos próprios armadores de pesca e da população”.