Luanda - O incentivo à pesquisa e formação superior através das bolsas é um investimento na educação que requer do Executivo uma análise detalhada dos objectivos e métodos, para que os resultados estejam dentro do previsto ou planeado.

Fonte: JA

A graduação e a pós-graduação, nos âmbitos interno e externo, por exemplo, podem acelerar o desenvolvimento tecnológico do nosso país. O envio de estudantes angolanos ao exterior, para o aprofundamento do saber nas áreas estratégicas, devidamente identificadas nas suas respectivas necessidades, é de extrema importância e constitui uma das preocupações - e prioridades -, da actual governação, que está a tentar, com argúcia, encontrar a melhor solução.


É inquestionável a grande importância que o incentivo ao conhecimento e à pesquisa científica podem trazer ao nosso país. Por isso, ainda que esteja numa fase de reestruturação, o Governo sabe que quer nas universidades nacionais, como internacionais, a oferta de bolsas aos quadros angolanos também pode - no médio prazo - alavancar a internacionalização da nossa produção científica, factor que nos dará um importante respeito e consideração entre parceiros e investidores. Afinal, por se tratar de um investimento público, é preciso que os resultados correspondam às expectativas da nossa economia.


Por isso, convém destacar que a nível interno, nos últimos três anos, o Governo concedeu 4500, 6000 e 6500 bolsas internas (graduação e pós-graduação) e a nível externo, antes da paralisação das bolsas em 2018, em média foram enviados pelo Governo cerca de 400 estudantes (graduação e pós-graduação) para as áreas tidas como prioritárias, à luz do Plano de Formação de Quadros. Em 2016, o Ministério deu início ao programa de capacitação de 600 docentes, em 2016 e 2017 foram enviados 147 docentes para formação em Portugal. É um começo.


O que este investimento - que tende a ser crescente - visa apresentar como resultado é a produção de pesquisa de alta qualidade nas mais diversas áreas do conhecimento e do saber. É um facto que a ciência angolana seja ainda embrionária e que é evidente e imperativa a necessidade de avanço neste sector, principalmente se considerarmos a realidade de outros países economicamente desenvolvidos. No entanto, os esforços actuais devem ser valorizados, pois enquanto em muitos países os cortes nos investimentos à educação e pesquisa são os primeiros em momentos de crise, Angola está a fazer um esforço para manter o que existe, sempre com a perspectiva de ampliar oportunamente.


Dada a actual situação financeira vivida no país, o Governo foi forçado a suspender esse processo em 2018, mas - com muito esforço - reconhecendo a importância da formação e especialização de quadros superiores - enviou 23 docentes para formação no Brasil, quando houve a opção respaldada pela existência da assinatura de dois acordos com duas renomadas universidades brasileiras, nomeadamente, a Unesp e a Unicamp, sem encargos com propinas. Para além disso, existe também um convénio com a Universidade de Coimbra, da Beira Interior.


Valorizar esses esforços do Executivo, sobretudo num momento particularmente difícil da vida económica e financeira do país, é uma responsabilidade política e cívica. Diante de obstáculos visíveis, a materialização do Programa de Envio Anual de 300 Licenciados Angolanos com Elevado Desempenho e Mérito Académico para as Melhores Universidades do Mundo, aprovado à luz do Decreto Presidencial n.º 67/19, de 22 de Fevereiro, tem sido cumprida pelo Ministério do Ensino Superior Ciência Tecnologia e Inovação.


Ainda sobre as bolsas de mérito (programa dos 300), foram aprovados 68 candidatos.


Deste grupo de 68, já estão inseridos 25 estudantes como bolseiros. Isto no primeiro edital que decorreu em Agosto do ano passado. Este ano, para o segundo edital, as candidaturas começaram a 13 de Janeiro de 2020 e terminam a 31 de Março de 2020. Dos restantes que faltam, alguns aguardam o período de candidaturas das universidades estrangeiras.


Revisitamos aqui as palavras do discurso da Ministra, Profª. Doutora Maria do Rosário Bragança Sambo, na cerimónia de abertura da Segunda Conferência Científico-Pedagógica, quando afirmava que “a forte demanda para o ingresso no Ensino Superior exerce sobre as IES uma forte pressão, que deve ser capitalizada com um esforço competitivo saudável, para a captação dos melhores estudantes.”

No mesmo discurso a responsável destacava que “as IES que apresentarem à sociedade os melhores resultados, quer pelas actividades pedagógicas, quer pela investigação, como pela extensão, serão mais facilmente reconhecidas e atrairão os melhores estudantes e terão maiores probabilidades de reter os melhores docentes e investigadores. Serão assim, também, as que maior captação de financiamento conseguirão”. É o reconhecimento pelo mérito, pelo esforço e pelo merecimento. Nele todos nós ganhamos.


* Director Nacional de Comunicação Institucional.
A sua opinião não engaja o MCS