Luanda - Um investigador do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica angolana considerou hoje que Angola terá "nova recessão" em 2020, por "continuar dependente" do petróleo, que regista um declínio na produção.

Fonte: Lusa

Segundo o economista angolano, Francisco Paulo, o país enfrenta nova recessão porque o crescimento da economia angolana continua a depender do crescimento do setor petrolífero.

Para o especialista só uma abordagem séria do Programa Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM), lançado pelo Presidente João Lourenço, em 2019, ou o aumento da produção petrolífera para 1,6 milhões de barris/dia poderão inverter a atual situação.

Angola exportou, em 2019, cerca de 479 milhões de barris de petróleo, a um preço médio de 65,2 dólares por barril, totalizando receitas de 31,2 mil milhões de dólares (28 mil milhões de euros), segundo dados oficiais.

O investigador do CEIC adiantou, no entanto, que apesar do setor petrolífero representar apenas cerca de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) o motor do crescimento continua a ser o petróleo.

A economia angolana "só vai crescer, se no mínimo, Angola produzir 1,6 milhões de barris/dia", afirmou, referindo que com os atuais 1,4 milhões de barris/dia "o país não cresce".

No meio das incertezas devido ao novo coronavírus que tem como epicentro a China, destino de grande parte das exportações petrolíferas angolanas, o economista assinala que ainda antes do surto de Covid-19 a produção petrolífera do país vinha a registar "declínio por falta de investimentos".

Angola "nem conseguiu produzir a quota que a OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] lhe permite", notou Francisco Paulo, destacando o efeito da redução das exportações nas contas do Estado.

"O que poderá ter impacto, de facto, é nas contas fiscais porque se as nossas exportações de petróleo diminuírem então há impacto sobre as receitas fiscais. E isso poderá agravar o défice orçamental", atirou o economista angolano.