Luanda - A consultora Fitch Solutions estimou hoje que o setor bancário em Angola deverá registar um crescimento médio de 7,4% até 2024, registando uma expansão de empréstimos aos clientes na ordem dos 9,8% este ano.

Fonte: Lusa

"Prevemos que o crescimento dos empréstimos aos clientes seja de 9,8% este ano face ao ano anterior, e até ao final do nosso período de previsões, em 2024, antevemos que os empréstimos registem um média anual de 7,4%", lê-se numa análise ao setor bancário angolano.

 

No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas dizem que "o setor deverá continuar a enfrentar desafios crescentes ao longo do período das previsões, mantendo uma trajetória de crescimento".

 

O endividamento do Governo está a crescer e a qualidade dos ativos, salientam, permanece fraca, e está sob pressão para melhorar, o que leva os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de 'rating' Fitch a preverem que o crescimento vá abrandar ao longo dos próximos anos.

 

"O setor já está a antever mudanças estruturais nos próximos anos, com os planos governamentais para privatizar várias entidades e deverá haver mais consolidação entre instituições pequenas que estão a debater-se para cumprir as exigências regulatórias", escrevem os analistas.

 

Entre as principais vantagens do setor financeiro angolano está a fraca bancarização entre a população, o que "oferece oportunidades de crescimento a longo prazo" e a "comunicação clara por parte do banco central, que melhora o ambiente operacional", para além do grande mercado da energia, que precisa de financiamento.

 

Por outro lado, acrescentam, as contas dos bancos estão "demasiado dependentes do setor dos hidrocarbonetos, com uma grande parte dos empréstimos a irem para atividades relacionadas com a indústria petrolífera", já que o resto da população tem pouca margem financeira para garantir um crescimento do setor bancário.

 

Entre as principais ameaças ao desenvolvimento do setor os analistas destacam a fraca qualidade dos ativos, que "ameaça a insolvências das instituições mais pequenas", o afastamento dos empréstimos ao setor privado devido às garantias dadas pelo Estado na contração de crédito e os altos níveis de corrupção, que "criam dificuldades aos setores bancário e financeiro".