Luanda - O líder da UNITA, o maior partido da oposição angolana, Adalberto da Costa Júnior, manifestou-se hoje "surpreendido" pela falta de rastreio de temperatura no aeroporto de Lisboa ao contrário do que aconteceu na entrada em Cabo Verde e Luanda.

Fonte: Lusa

O presidente do partido do "Galo Negro" passou por Lisboa na passada quarta-feira, a caminho da Cidade da Praia (Cabo Verde) para participar numa conferência do Movimento para a Democracia (MpD) e regressou no domingo também pela capital portuguesa.

 

"Foi uma enorme surpresa para mim e para o secretário das Relações Internacionais com que viajei, verificar tanto à entrada como à saída [do aeroporto de Lisboa] não existir nenhum controlo, nem um controlo mínimo de temperatura, nem nenhum cuidado mínimo. Surpreendeu-me", declarou à Lusa pós uma visita ao bispado do Sumbe, no âmbito das IX Jornadas Parlamentares da UNITA.

 

Adalberto da Costa Júnior notou que o aumento do número de infeções em Portugal entre a passada quarta-feira e domingo, "deixou a ideia que talvez não tenha sido o melhor não fazer esse controlo" para prevenir a propagação do coronavírus que provoca a Covid-19.

 

Salientou ainda que foram feitos rastreios em Cabo Verde e em Luanda, nomeadamente a nível da medição da temperatura e disse que "a problemática do coronavírus não deve ser tratada de forma ligeira", acrescentando que "o se passa hoje em Itália deve servir de alerta".

 

Na terça-feira, o governo angolano admitiu que Portugal poderia entrar na lista de países com restrições à entrada no território - que atualmente integra China, Itália, Coreia do Sul e Irão - se o número de casos de infeção continuasse a aumentar.

 

Algo que, "se for necessário, deve fazer-se", defendeu o presidente da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola).

 

"Os níveis de propagação preocupam bastante e sabemos o quanto os nossos serviços de saúde são débeis", reforçou o dirigente partidário, sublinhando que "a prevenção é absolutamente necessária".

 

Adalberto da Costa Júnior falou também sobre os efeitos do coronavírus no plano económico, com a descida drástica do preço do petróleo, destacando que o país é fortemente dependente de importações e do petróleo, advertindo para as consequências sobre os bens de primeira necessidade.

 

"Espero que todas estas realidades tenham sido devidamente tratadas ao nível do governo para evitar o aprofundamento da crise que já não estava fácil", frisou.
O tema, que foi debatido pela direção do partido há cerca de uma semana vai ser também abordado durante as jornadas parlamentares.

 

Hoje de manhã, o governo da África do Sul anunciou que um dos 13 casos de Covid-19 no país é de um homem de 40 anos que regressou de Portugal. O comunicado refere que o homem de 40 anos, que visitou Portugal, regressou à África do Sul no passado sábado, 07 de março, sem especificar a sua nacionalidade.

 

As autoridades de Saúde realizaram até hoje 3.642 testes de Covid-19, salienta-se na nota do Ministério de Saúde sul-africano.

 

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.

 

Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

 

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 631 mortos e mais de 10.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.

 

Portugal regista 59 casos confirmados de infeção, segundo as últimas informações da Direção-Geral da Saúde (DGS).