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CONSELHO DA REPÚBLICA DE ANGOLA: CRÍTICAS SUGESTIVAS À POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE QUADROS E DE GESTÃO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA.

 

Excelentíssimos Membros do Conselho da República,

Dirigimos esta missiva na perspectiva de adopção de novas políticas de Formação de Quadros e de Gestão da Ciência e da Tecnologia, numa altura em que todas intenções estão viradas na prevenção e combate ao COVID – 19 e nos consequentes contornos económicos; mas como se diz na linguagem militar – na guerra nos preparamos para a paz e na paz nos preparamos para a guerra. É com base nesta ideias que passamos a aferir a política nacional de formação de quadros e de gestão da ciência e tecnologia, avançando os seguintes casos:


1. Apesar de poucos, o País tem quadros formados em diversas áreas do saber e de elevada competência, tais como, microbiologistas, químico-medicinais, engenheiros de diferentes especialidades; mas que no momento necessário não são tidos nem achados;


2. Havendo necessidade de integração dos diferentes quadros mencionados assim como outros, o País não dispõe de condições mínimas para tal, devido a falta de variadíssimos equipamentos e aparelhos;
3. Os (poucos) quadros existentes nas mais diversificadas áreas foram formados no exterior, que, apesar de a ciência obedecer a um padrão fidedigno, o meio e as linhas de investigação dessas universidades influi no desempenho profissional dos técnicos, dado o facto que cada povo tem seus problemas e diferentes aspirações.

Onde é que o País peca?


O envio de quadros ao exterior não é um mal, mas confiar apenas nessa via (como acontece em várias áreas do conhecimento na senda de especializações e formação pós-graduada) é bastante perigoso; pois, como já se debateu, as universidades orientam suas linhas de investigação de acordo as necessidades dos países a que pertencem bem como problemas regionais. A título de exemplo, a Cuba enviou muitos quadros à União Soviética, China, Índia e Itália para formarem-se em Medicina, mas foram os quadros formados internamente que conseguiram dar solução aos principais problemas sanitários do país, como é o caso da criação da vacina mais eficiente do mundo contra a hidrofobia animal;

Os cursos de especialização, mestrado e doutoramento que têm sido administrados no País estão descontextualizados com os padrões universais, principalmente nas áreas de ciências e tecnologia; pois, todos cursos são concebidos em contexto profissional, não académico, e são leccionados geralmente por altos dirigentes do Ministério do Ensino Superior e das Instituições de Ensino Superior, tendente mais a negócio do que formação – conforme se diz nas conversas de grupo: um módulo vale um milhão de kwanzas ou mais. O triste é que os estudantes é que financiam tais cursos cujo impacto consiste apenas no asseguramento de um bom poste laboral.


Excelências, se Angola quer ser um País forte em África deve definir pelo menos duas linhas de investigação em cada uma das letras: CTSA – Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente; mas para isso, é necessário:


 Diminuir o envio de bolseiros ao exterior e aproveitar as receitas poupadas e outros financiamentos para investir em materiais e/ou equipamentos necessários;


 Seleccionar os professores com distinção em determinadas áreas para leccionar os cursos de mestrado e doutoramento na perspectiva académica, eliminando o velho (mau) hábito de troca de formação séria pela garimpagem;


 Contratar do exterior os quadros que o País não possui oferta ou possui de forma reduzida;


 Requalificar o pessoal docente do ensino geral e superior em especialidades de acordo as linhas de investigação e outras directrizes superiormente emanadas.


Em dois artigos que tivemos acesso através do club k, os autores apresentam ideias brilhantes que infelizmente não mereceram atenção de nenhum membro de direito: eles propõem a organização de edições especiais para requalificação de professores em áreas de ciências e tecnologia, podendo serem leccionados numa única província diferente de Luanda.


O envio de estudantes ao exterior nas famosas de bolsas de estudo de mérito é uma aberração, pelo facto de a nota constituir um aspecto subjectivo no mérito estudantil, pois, os docentes que não apresentam tais requisitos é porque estudaram em tempos e espaços diferentes e sob condições sociais diferentes. É possível o aluno ser de mérito se os que o formaram são detentores de certificado de demérito estudantil? Mudança de mentalidade!

O País não precisa um ensino superior que entra em quarentena em momentos difíceis. Da universidade espera(ria)mos a solução dos problemas sociais, desde que os políticos queiram.


ANGOLA CHIKAMA, ANGOLA JUKULOMESSO, ANGOLA LEVANTA-TE E ANDA!