Lisboa  - Angola "terá de depender dos fluxos de investimento direto estrangeiro, mais desembolsos do FMI, emissões de Eurobonds e ajuda externa para financiar o défice externo", considerou a Oxford Economics.

Fonte: Lusa

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A consultora Oxford Economics considerou que Angola vai ser obrigada a recorrer a investimentos externos, mais financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), emissões de dívida soberana e ajuda externa para financiar as contas públicas durante a crise.

 

Infelizmente, as autoridades encontram-se numa situação com pouca margem para estimular a economia seja através da política orçamental, seja através da política monetária”, escreveram os analistas numa nota sobre o país, a que a Lusa teve acesso.

 

Na análise, a Oxford Economics afirmou que “o governo vai ter de rever em baixa a despesa orçamental no orçamento retificado e terá de depender dos fluxos de investimento direto estrangeiro, mais desembolsos do FMI, emissões de Eurobonds e ajuda externa para financiar o défice externo”.

 

De acordo com o texto, enviado aos clientes, na semana seguinte à Standard & Poor’s (S&P) ter descido o rating do país, a Oxford Economics disse que “para tornar as coisas ainda piores, a pandemia global da Covid-19 e o início das infeções forçou o governo a impor uma quarentena de 15 dias”.

 

Para a Oxford Economics, depois da Fitch, no princípio do mês, e a da S&P, mais para o fim de março, também a Moody’s deverá baixar o rating nos próximos tempos.

 

“É razoável antecipar que a habitualmente mais lenta Moody’s também corte o rating em um nível nos próximos meses”, concluíram os analistas.



A consultora anunciou ainda que vai rever “drasticamente em baixa” as previsões económicas para Angola, antecipando para este ano uma recessão maior que 2% e um desequilíbrio negativo na balança orçamental e corrente.

 

“Vamos rever drasticamente em baixa a previsão de crescimento económico e as métricas da dívida, já que esperamos que o crescimento económico registe uma contração de mais de 2% em 2020 e que o saldo orçamental e corrente registe défices, ao invés dos excedentes que prevíamos”, lê-se na análise.


No documento, a Oxford Economics sugeriu que Angola está a enfrentar uma espécie de “tempestade perfeita“, com a quebra dos preços do petróleo exacerbada pela guerra de preços entre a Rússia e a Arábia Saudita, a redução drástica do comércio internacional e da procura de petróleo, a que se junta o corte decretado na atividade económica local por via das restrições à mobilidade para conter a propagação do novo coronavírus.

 

Enquanto estiver em efeito, o fecho de fronteiras vai ter um efeito adverso significativo, embora talvez temporário no comércio e na atividade económica e vai empurrar os preços para cima devido à escassez”, apontaram os analistas.


No texto, os analistas lembraram que “a guerra de preços no petróleo é um golpe devastador para a economia, já que os hidrocarbonetos valem 96% das exportações, cerca de 33% do PIB e 60% da receita governamental”, concluindo que o apoio contemplado no programa de assistência do Fundo Monetário Internacional não vai ser suficiente para “salvar a economia das consequências da guerra de preços”.


Na sexta-feira, a ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, reconheceu a dimensão do problema que o país enfrenta, tendo anunciado que ia lançar um orçamento retificativo que contempla o preço do petróleo abaixo dos 35 dólares, face aos 55 previstos para este ano, e que a economia dificilmente escapará a mais um ano de crescimento negativo, anunciando igualmente um conjunto de medidas para enfrentar a crise económica.

 

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.

 

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

 

O continente europeu, com mais de 413 mil infetados e mais de 26.500 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 11.591 mortos em 101.739 casos confirmados até esta terça-feira.

 

O número de mortes em África subiu para pelo menos 152, com 4.871 infetados acumulados em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia divulgadas pelo Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) da União Africana.