Luanda - Considerando que a fome pode ser o último recurso mais terrível da natureza, o poder da população é tão superior ao poder da terra para produzir subsistência para o homem, que a morte prematura deve, de alguma forma ou de outra, visitar a raça humana. Assim acreditava o economista da escola clássica, Malthus.

Fonte: Club-k.net

Assim uma catástrofe malthusiana também conhecida como cheque malthusiano, crise malthusiana, espectro malthusiano ou trituração malthusiana deve sempre ocorrer quando o crescimento populacional ultrapassa a produção agrícola.Será este o caso no século XXI que ostenta uma população mundial de 7.8 bilhões de almas?

 

Importa aqui realçar que, os vícios da humanidade, são neste e no actual contexto, os precursores do grande exército de destruição e, muitas vezes, terminam eles mesmos o terrível trabalho. Mas, se fracassarem nessa guerra de extermínio, as epidemias como COVID-19 ou Coronavirus como pestes, avançam de maneira extraordinária e varrem seus milhares e dezenas de milhares de seres humanos. Isto não é ficção científica.

 

Se o sucesso ainda estiver incompleto, a fome inevitável e gigantesca, pode perseguir na retaguarda, e com um poderoso golpe nivela a população com a falta de comida no mundo. Cenário sombrio e não desejável.

 

Portanto, torna-se imperativo garantir o fluxo suave do comércio global, e fazer pleno uso dos mercados internacionais como uma ferramenta vital para garantir o suprimento de alimentos.

 

Se isto não acontecer, países como Angola que quase 45 anos depois da independência, por razões que desafiam minha sanidade mental, ainda vive de uma cesta básica quase composta por produtos importados e o resto da África, sofrerão um segundo revés além do COVID-19, que será a fome.

 

Daí, instituições globais como a Organização Mundial do Comércio, a FAO, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional devém desde já exigir aos países no geral, que não usem o COVID-19 como uma desculpa para emitir políticas protecionistas comerciais.

 

Aqui também, os países como Angola devem desde já apoiar as poucas empresas de comércio eletrônico no país, principalmente aquelas que se dedicam a entrega de comida, para desempenharem um papel logístico essencial. Por exemplo, com as medidas de bloqueio como o actual estado de emergência vigente no país desde o dia 27 de Março, claramente aumentarão a demanda para entrega de alimentos em domicílio.

 

Sendo assim, as empresas de comércio eletrônico usando o recurso dos aplicativos já existentes para entrega de mantimentos, sem contato, permitem que seus agentes deixem uma encomenda em um local conveniente para os clientes buscarem , excluindo assim interação de pessoa para pessoa. Essas empresas devem beneficiar de um tratamento especial pelo Executivo.

 

Também pelo que ouvimos na passada Sexta Feira da Ministra das Finanças, certamente são necessárias redes de segurança social para proteger aqueles que serão os mais afetados e os mais vulneráveis. Essas redes de segurança, podiam não ser so na forma de transferências em dinheiro ( Kz 8.500), deviam também ser em espécie, pela especificidade do contexto que o país vive.

 

Essas medidas deviam ser acompanhadas de intervenções das autoridades de saúde e nutrição, porque investir na saúde e nutrição das populações vulneráveis, ​​pode diminuir a taxa de mortalidade por doenças como COVID-19 , isto porque o nível nutricional e taxas de mortalidade estão intrinsecamente ligadas.

 

Ate porque as redes de segurança social também serão cruciais no período pós-epidêmico para impulsionar os esforços de "reconstrução de Angola”

 

Como economista, sou apologista de que são necessários mais investimentos para construir um sistema alimentar ainda mais resiliente em Angola. Esse investimento quando bem direcionado, aumentará a capacidade de desenvolvimento do nosso país em impedir ou conter uma crise de segurança alimentar acima referida.

 

Vivemos num mundo altamente interconectado, onde doenças contagiosas como SARS, Ebola, gripe aviária e COVID-19, estão facilmente a atravessar fronteiras. Angola, portanto, precisa de rever o OGE e se calhar, não em Maio, mas agora, e da mesma forma, rever as suas políticas econômicas para que no final, vidas possam ser salvas da pestilência e fome.