São vários os factores que concorrem para este estado de coisas dentre eles a indisponibilidade de infra-estruturas, equipamentos e recursos humanos, bem como, os níveis de saneamento do ambiente, a disponibilidade de água potável e a quantidade e qualidade de alimentos.

Em Luanda e um pouco por todo o país os mercados onde a maioria da população adquire os principais bens alimentares encontram-se em locais impróprios, junto ou por cima de grandes lixeiras, o que constitui um atentado a saúde pública.

O Director provincial de Luanda de Saúde Pública, Dr. Vita Vemba, falou do esforço que o governo provincial está a fazer para criar melhores condições quer de venda como de higiene.

Rm « Neste momento o esforço que está a ser feito pelo governo da província de Luanda no sentido de melhorar os principais mercados criando condições de venda, de higiene, mas a nível dos bairros ainda persistem pessoas a vender em condições de insalubridade, isso realmente constitui um grande atentado a saúde pública. Porque as pessoas muitas vezes expõe os seus produtos no chão utilizando um pano e esses produtos são perecíveis, como o tomate, legumes e outros, o que eles estão a comercializar é um produto que fica contaminado durante todo o tempo que estiver em contacto com o sol, porque nós não sabemos o que aconteceu com este sol um dia antes ou uma semana antes.

Sabemos também que em muitos desses sítios as pessoas quando não encontram ninguém a vender utilizam qualquer sítio para urinar, defecar, mas vemos alguém a colocar o seu produto para vender por cima de um sítio onde três dias antes alguém defecou, podemos depreender quais são as consequências em termos de saúde das pessoas que vão comprar estes produtos quando se trata de produtos perecíveis».

O Dr. Vita Vemba, disse ainda que é tarefa da polícia impedir que as pessoas vendam em mercados ilegais já que os produtos perecíveis não devem ser vendidos nesses locais.

Rm« É tarefa da polícia correr com as pessoas, nós trabalhamos com o mercado legalizado para ver o certificado de higiene das pessoas vendedoras, porque quem vende no mercado mesmo que tenha boas condições de higiene a pessoa que vende não pode ser um doente de tuberculose por exemplo, facilmente poderá transmitir a doença. Nós também condenamos todas as vendas nos mercados legais de todo o tipo de produtos que deve ser conservado fresco».

O deficiente saneamento do meio ambiente continua a dificultar e a impossibilitar o controlo de várias doenças como a poliomielite, malária, doenças diarreicas agudas, cólera, sarna, tuberculose, tripanossomíases e doenças respiratórias agudas.

No dia Mundial da Saúde que hoje se assinala, um olhar para a saúde em Angola, onde é preocupante a situação da saúde materna com estimativas que apontam que a mortalidade materna poderá situar-se em torno de 1.500 mortes em cada 100.000 nados vivos. Estes números estão estreitamente ligados ao facto das maternidades periféricas, para além de serem insuficientes não terem condições técnicas e capacidades humanas que garantam eficiência nos serviços que prestam.

A mortalidade infantil em crianças menores de 5 anos, é a terceira mais alta do mundo, com cerca de 21.000 mortes por ano. A desnutrição é um factor agravante que contribui para 60% das mortes por diarreia, 57% por malária e 52% das mortes por doenças respiratórias agudas.

A tuberculose para além de ser uma doença decorrente da pobreza em 60%, continua a aumentar devido a esse factor mas também, a co-infecção com o VIH-SIDA.

A cobertura do programa alargado de vacinação apesar de estar a aumentar cobre cerca de 40% da população alvo e o desejável é que cubra 80%.

A malária continua a ser a primeira causa de morbi-mortalidade representando mais de 50% da procura das unidades sanitárias no país. Ela é responsável em 23% pela mortalidade entre crianças com idade inferior a 5 anos, contribuindo também para a mortalidade materna, provoca e agrava a má nutrição e anemia, aumentando a mortalidade materna e infantil.

No país o acto para assinalar o" Dia Mundial da Saúde" foi realizado na província do Kwanza-Sul e foi presidido pelo vice-ministro da saúde, José Van-Dúnen.

* AMendes
Fonte: VOA