Luanda - Confirmada a morte do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, o desespero apoderou-se de cada um dos seus seguidores, dos mais diversos sectores da vida da UNITA e das FALA, dos quadros, dos oficiais de diferentes escalões, dos soldados e do povo. Tudo parecia perdido. A luz tinha-se apagado e o caminho estava completamente escuro.

Fonte: Club-k.net

Para onde ir e o que fazer? Eram perguntas que cada um se colocava a si mesmo sem cessar. Logo a seguir a morte do Dr. Savimbi, o general Condenado cujo posto das transmissões militares era chefiado pelo coronel Mumbepia, recebeu a mensagem do Vice-presidente António Dembo a anunciar para o interior do Partido, a morte do Líder, pois, até àquela altura, eram apenas as notícias radiofónicas que se referiam ao facto e a que todos os partidários da UNITA nas matas tínhamos acesso.


A mensagem do Vice-presidente veio confirmar o infortúnio que nunca ninguém imaginou, por mais dificuldades que se avolumavam no decorrer do fim do ano de 2001 início do ano de 2002.


A partir daí, a situação afigurava-se catastrófica, cada um imaginava como seria o seu futuro. Para piorar ainda mais a situação, de Luanda ouvia-se falar em “perseguição às bolsas de resistência” de seguidores de Jonas Savimbi.


Foi aqui que o papel de Lukamba Gato veio a revelar-se estratégico e determinante para a sobrevivência da UNITA. Ele era o único membro do triângulo que tinha ficado em vida e sobre quem recaia toda a responsabilidade política de salvaguardar a UNITA e tudo o que representava o seu patrimônio material e imaterial, construído ao longo de 36 anos de percurso.


Sabíamos que o General Lukamba Gato estava algures no Lukonha, não muito longe de Muangai, talvez a algumas horas de marcha de Cassamba, onde viria acontecer um primeiro encontro exploratório entre as chefias das FALA e das FAA.


Por sua iniciativa, depois de longas reflexões e discussões com os seus colegas mais próximos, entrou em contacto com vários comandantes das frentes, regiões e unidades militares e com quadros aos quais baixou orientações face ao momento que o Partido estava a experimentar. Um desses Oficiais era o general Benjamim Ekwikwi, que no dia 30 de Março de 2002 e na sequência da hecatombe encontrava-se no Porto Rico, de onde teve o mais esperado contacto com o então Secretário-geral de quem recebeu a mensagem reconfortante e credível.


Geconias Samondo que era coordenador político da base do general Beja, recorda que a mensagem de Lukamba Gato era de fé e de esperança em que o dirigente reconhecia o declínio no campo militar, mas achava que políticamente era possível explorar avenidas para a paz com vista a salvar o Projecto Político – UNITA. Recorda, ainda, que naquele contacto o general Gato fez saber que dia 2 de Abril estaria na cidade de Luena para a conclusão das negociações do Memorando de Entendimento a assinar na Assembléia Nacional no dia 4 de Abril.


Geconias diz, por outro lado, que a partir do contacto com o Secretário-geral Gato as esperanças começaram a reerguer-se e já se sabia da agenda que orientaria nos dias seguintes a marcha do Partido, sem o seu Presidente Fundador.