Luanda - O presidente da UNITA, maior partido da oposição em Angola, afirmou hoje que a remodelação do Governo angolano, embora profunda, deixou de fora um setor estratégico como a economia e considerou que o excesso de mudanças revela “insegurança”.

Fonte: Lusa

“Trata-se de uma profunda mexida, com exceção da liderança da área estratégica de caráter económico que, pela inexistência de resultados, é surpreendente que não tenha sido tocada”, assinalou o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, salientando que “não tem havido ganhos no plano económico” nem diversificação da economia.

 

O responsável da UNITA manifestou também dúvidas sobre mexidas “em tantos ministérios numa fase destas, de luta contra um inimigo público” como a covid-19.

 

“Numa fase destas uma profunda mexida, um começar do zero em muitos setores não sei se é muito avisado”, declarou, criticando as constantes alterações no elenco governamental, que, considerou, demonstram insegurança.

 

“Praticamente de dois em dois meses vemos movimentos de ministros, isto demonstra uma grande insegurança de quem está a dirigir, não tem certezas do que está a fazer”, criticou Adalberto da Costa Júnior, frisando que “não é bom para o país”, porque “não há estabilização” e os ministros não têm tempo de ver resultados.

 

“Tudo isto custa dinheiro ao Estado e, por isso, a minha análise não é muito positiva”, comenta.

 

Quanto aos benefícios de reduzir o número de ministérios de 28 para 21 diz que só haverá respostas no futuro: “Houve emagrecimento ou apenas diminuição de titulares? Os ministérios mantêm a sua carga de pessoal, juntam-se ministérios com o mesmo número de funcionários? Então não há emagrecimento, esse é um elemento a verificar”.

 

Adalberto da Costa Júnior mostrou-se igualmente surpreendido por continuarem no Governo “alguns nomes muito expostos no plano público, ligados a corrupção no passado”, considerando “que há um protecionismo à mesma junto do Governo” e que o combate à corrupção “é dirigido”.

 

Disse ainda recear que esta mexida seja para garantir determinados pressupostos de 2023 [ano em que se realizam eleições gerais] “para pôr algumas pedras, assegurar determinados lugares com garantia de controle”, declarando-se “preocupado” com o modelo eleitoral que Angola tem.

 

“Não é possível uma democracia subsistir quando um partido político manda no instrumento que decide os resultados das eleições”, afirmou, numa alusão à polémica nomeação do novo presidente da Comissão Nacional Eleitoral, que a UNITA contestou.

 

Quanto às novas caras no elenco governamental como a bióloga Adjany Csta que, aos 30 anos assume um superministério que integra Ambiente, Cultura e Turismo, valorizou a competência, mas considerou que há “nesta postura de João Lourenço uma tentativa de ir buscar na juventude a compensação de uma perda de imagem”, sobretudo “aquela com algum protagonismo”.

 

O Presidente de Angola divulgou na segunda-feira a lista dos novos membros do executivo, que encolheu de 28 para 21 ministérios, destacando-se a saída de Manuel Augusto, das Relações Exteriores, substituído pelo seu secretário de Estado Tete António.

 

Da longa lista de exonerações divulgada pela Casa Civil de João Lourenço constam 17 ministros e 24 secretários de Estado, bem como o secretário do Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constitucionais e Parlamentares e o diretor do Gabinete de Ação Psicológica e Informação da Casa de Segurança do Presidente da República.