Luanda - A abordagem que se segue, tem como base o senso comum e o conhecimento da realidade pela vivência e participação.

Fonte: Club-k.net

Temos estado a acompanhar as nomeações de quadros para diferentes funções do governo Central e Governos provinciais. Desde a conquista da paz em 2002 que começamos a observar critérios e mecanismos de acensão muito pouco claros e contrários a lógica do período pós-independência até 1992.


As estruturas administrativas centrais (Ministérios e secretarias de estado) e locais (Governos provinciais e administrações municipais) têm quadros de carreira, isto é, existem cidadãos em efectivo serviço em tais estruturas, muitos deles com bastante tempo de serviço, com diferentes níveis de formação académicas e técnica. Quando se fazem as reestruturações administrativas, nos parece que quase não se dá primazia à mobilidade interna, promovendo entre os mais destacados os indivíduos que trabalham num determinado organismo.


Consideramos que a nomeação de indivíduos alheios a um certo Ministério ou organismo do estado é um desrespeito aos que se empenham para a manutenção das estruturas, desmotiva, desencoraja e desmobiliza os membros de tal estrutura, propiciando o descaso e até a corrupção.


O partido que governa Angola, o MPLA, é o maior movimento político do país e congrega nas suas estruturas, desde o CAP ao Bureau Político, Angolanos de todas as matrizes sociais e com todo tipo de valências técnico profissionais. A nível dos comités de base (Distritos e Municípios) os militantes do MPLA são muito empenhados na ação política para a manutenção e renovação permanente do poder político, na ânsia da concretização do seu programa que visa erguer a nova Angola, moderna, próspera e democrática.


Sendo o poder para governar uma conquista da acção política do partido, seria justo que de algum modo se fossem colocando à disposição do partido as necessidades de preenchimento de vagas em diferentes níveis da governação, dando-se a oportunidade a militantes activos que quisessem concorrer para tais cargos e tivessem um programa claro e ideias para o desenvolvimento de um determinado sector, tendo como base as metas do programa de governo.


O que tem acontecido, é que bons camaradas, militantes empenhados com qualificações técnicas aceitáveis, não terão pela via da sua actividade política na base a oportunidade de ascenção, a menos que consigam visibilidade nos órgãos de informação da capital do país.


Assim, podemos concluir que a política de quadros deve ser reformulada, pois, não é encorajador que sejam nomeados para sectores específicos da estrutura governativa cidadãos que não conhecem tal sector e com isso terão que ter um período de aprendizagem, quando se poderia promover para a estrutura central quadros das estruturas provinciais que tenham desempenhado bem as suas funções.


Por respeito à resiliência dos seus militantes, amigos e de todo o povo Angolano, o MPLA deve alterar os critérios de captação de quadros para integrar e dirigir as estruturas do estado Angolano, a nossa história recente tem bem registada a acção heroica dos filhos dessa pátria na defesa da nossa independência.

Saudação
Miguel Safo
Licenciado em Ensino de Sociologia
8-04-2020