Luanda - O ministro angolano da Indústria e Comércio admitiu hoje a possível deterioração de produtos agrícolas por falta de escoamento para os mercados, alguns encerrados para conter a covid-19, alertando para a salvaguarda de «um bem maior».

Fonte: Lusa

Victor Fernandes, que falava em conferência de imprensa em Luanda, afirmou que no período do estado de emergência “onde a vida não está normalizada, empresas e famílias terão de enfrentar algumas questões que não são do dia, que colocam uma pressão sobre tudo”.

 

Angola entra hoje para o quinto dia da segunda fase do estado de emergência, que se estende até 25 de abril, com vista a conter a propagação do novo coronavírus, que no país conta com 19 casos positivos, entre os quais 12 ativos, dois óbitos e cinco recuperados.

 

Os primeiros 15 dias do estado de emergência em Angola decorreram de 27 de março a 10 de abril.

 

Limitação da mobilidade de pessoas e viaturas, bem como dias e horários específicos para venda de produtos alimentares nos mercados informais (terças-feiras, quintas-feiras e sábado entre as 06:00 e as 13:00), estão entre as medidas excecionais que vigoram neste período.

 

Segundo o ministro, o facto do decreto presidencial que aplica estas normas limitar o funcionamento dos mercados, deixa “algumas situações” por resolver, para as quais não há soluções.

 

“Não temos soluções para essas situações, porque estamos em emergência. Ficarmos todos em casa não é a mesma coisa que estarmos em circulação, é de facto uma situação complicada mas que é para um bem maior”, frisou, quando questionado pela Lusa.

 

A alternativa, observou o governante angolano, seria “o contágio comunitário que deve ser evitado”.

 

“É um período difícil, mas temos de conviver com ele”, frisou.

 

Muitos das pessoas ligadas ao setor informal, que representa uma parte importante da economia angolana, queixam-se de não ter alternativas de sobrevivência que não seja sair para prestar pequenos serviço ou vendas, das quais depende o seu rendimento diário.

 

Luanda tem sido apontada como a província onde se deteta um maior desrespeito pelas normas do estado de emergência.

 

O governador provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova, anunciou na terça-feira que, pelo menos, 61 mil famílias em situação de vulnerabilidade, cadastradas pelas administrações municipais de Luanda, irão beneficiar da cesta básica.

 

Segundo o governador, a ação vai privilegiar idosos, portadores de deficiência física, lares de acolhimento e outras populações vulneráveis, com uma cesta composta por 10 produtos essenciais.

 

A iniciativa enquadra-se nas medidas do Programa Nacional de Fortalecimento do Sistema de Proteção Social de Base, que visa mitigar o impacto do risco social, decorrente das medidas de prevenção e controlo do novo coronavírus.

 

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

 

Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infetadas e, por regiões, a Europa somava hoje 85.272 mortos (mais de 1 milhão de casos), a América do Norte 26.983 mortos (636.413 casos) e África 874 mortos (16.285 casos).

 

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.