Luanda - Já passaram 42 anos, desde que a Conferencia Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, foi realizada em Alma-Ata – Cazaquistão, sob a égide da Organização Mundial da Saúde, que manifestava a necessidade de acção urgente e coordenada de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo.

Fonte: Club-k.net

A mesma conferencia clamava pela atenção dos países desenvolvidos em alinhamento com a OMS e a UNICEF, na busca de soluções urgentes visando a promoção de saúde como uma das prioridades da nova ordem económica internacional.


A visão consensual que dominava na efeméride, fundamentava-se na base de que o desenvolvimento económico e social baseado numa ordem económica internacional é de importância fundamental, para a realização da meta de Saúde para todos, e para a redução da lacuna existente entre o estado de saúde dos países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.


A luta pela promoção e protecção de saúde para todos povos é essencial para o contínuo desenvolvimento económico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz mundial.


Apesar dos avanços registados na segunda metade do século XXI com desenvolvimento tecnológico iniciado na Inglaterra, que foi se expandindo para outras partes do mundo, o que permitiu a consolidação do sistema económico capitalista, a verdade é que chegamos num ponto de interrogação, sobre a viabilidade operacional dos modelos económicos concebidos sem a inclusão da variável saúde.


O “pause” económico que o mundo se encontra, não constava nas previsões de nenhum cientista político, filosófico ou economista. Estamos a vivenciar um momento “sui generis” na história económico e social da humanidade, que poderá acarretar impactos negativos para o tecido económico e social de todos países durante muito tempo.


O mundo parou, as economias desligadas, no Vaticano até o Papa Francisco celebrou a missa de Páscoa, com a tradicional benção "Urbi et Orbi” sem a presença de fiéis na Basílica de São Pedro.


Precisamos todos de reflectir e aceitar que o choque térmico que abala a economia mundial tem causas, e muitos de nós, temos focado as nossas intervenções nas consequências, tirando conclusões imperfeitas da realidade que nos apoquenta.


A maior parte dos governos estão a avançar com estímulos económicos, usando poupanças, e na ausência deste, incorrem a endividamentos soberanos elevados ou imprimem moedas, para fazer face as necessidades intervencionistas que se impõe, objectivando salvar empresas, manter empregos, tentando mitigar o máximo possível o tombo das suas economias.


No entanto, estimular economias com aumento de endividamentos escalonados, procurando um efeito multiplicador, que relance as economias para a dinâmica produtiva desejada, com capacidade de fazer frente a concorrência no mercado internacional, apresenta-se como o receituário económico do covid 19.


Sem querer fazer parte das teorias de conspiração que encanastram esta novela de terror, com acusações horizontais entre as potências, a pura realidade é que o mundo está a ficar cada vez mais órfão de instituições internacionais credíveis, que imponha o seu poder e autoridade à nível mundial. A crise do covid 19 é o resultado do fiasco das políticas de saúde de todo mundo.


Nenhum sistema económico sobreviverá, sem que o mundo evolua para uma visão de concertação de políticas sanitárias, de nada adianta atirar pedras ao mercado, quando este não foi concebido para funcionar num ambiente de pandemia. Precisamos mais do que a implementação de políticas económicas intervencionistas keynesianas ou correccionais, o sistema económico atrelado aos mercados, necessita funcionar num ambiente que haja garantia de paz, saúde, colaboração e solidariedade institucional.


É urgente a reforma das políticas sanitárias á nível mundial, atribuindo as suas instituições mais poderes, autoridade e recursos financeiros, que de suporte funcional a complexa ordem económica em metamorfose.