Lisboa  – Um sucedido empresário na província da Huíla, Admar Damião, disparou na quarta-feira, 15 de Abril, contra a sua própria esposa com quem ele está em vias de separação e em fase de partilha de bens. Os disparos não provocaram danos maiores. Porém, a vítima - que saiu ilesa  do homicídio frustrado, de acordo com o art. 350.º do Código Penal Angolano - apresentou uma queixa-crime contra o autor/esposo junto ao piquete do Serviço de Investigação Criminal (SIC).

Fonte: Club-k.net

Tentativa de homicídio

O mais caricato é que os investigadores que registaram a queixa-crime tentaram persuadir a senhora a retirar-la, uma vez que o empresário é sócio e amigo do governador, Luís da Fonseca Nunes.

 

Também conhecido por “Ady”, o empresário Admar Damião é o proprietário da moagem de milho Nova Cimor, localizada na Matala e das empresas SEIPO e MAKOTOKO. Junto com o governador Luís Nunes, ambos têm interesses cruzados na HILOLUWA, detentora de uma fábrica de água e sumo no município da Humpata.

 

Admar Damião está em vias de separação com a esposa Vanusa com quem tem três filhos menores. Dois dos quais a viverem em Portugal. A terceira é uma bebé de sete meses. O casal tem alguns bens imobiliários em comum. Desde algum tempo que o empresário abandonou o lar, passando mais tempo com uma jovem amiga.

 

Tendo em conta ao período de Estado de Emergência, a esposa Vanusa, com a bebé ao colo, decidiu ir passar esta fase – de luta contra a propagação do Covid-19 - em casa de um irmão, para não ter que ficar em casa sozinha. Mas a mesma ia em dois em dois dias controlar a sua casa.

 

Ao notar que a esposa estava a passar a quarentena em casa de um irmão, o empresário Admar Damião decidiu mudar a fechadura da residência do casal sem ter dado a conhecer a esposa. No dia da ocorrência, Vanusa foi, mais uma vez, como era habitual, ver como estava a casa e deparou que as fechaduras estavam trocadas, tendo optado pelo arrombamento para ter acesso a residência.

Já no interior da residência, o guarda terá supostamente telefonado ao patrão Admar, para informar que a esposa conseguira ter acesso. Não tardou, o empresário apareceu no local com uma arma de fogo tendo efectuado dois disparos direccionados a esposa - que se encontrava a cuidar da criança - e, por sorte do destino, não atingiram o alvo. Um dos tiros terá passado muito perto da bebé de sete meses.

 

Traumatizada com o triste episódio que, quase lhe custou a vida, Vanusa apresentou queixa-crime contra o esposo no Serviço de Investigação Criminal (SIC) do Lubango. Nesta instituição, a senhora foi desencorajada e desvalorizada pelos agentes, fazendo-a crer que era uma simples "briga de casal". Um dos agentes foi mais lacónico ao citar o adágio popular: “onde saiu um dente, a língua sempre passa”. Por fim, os agentes do SIC persuadiram em vão, a vitima a retirar a queixa uma vez que o “senhor Ady é pai dos seus três filhos”.

 

No momento em que Vanusa apresentava a queixa, o empresário Admar Damião “Ady” compareceu no local (nas instalações do SIC), ficando a chacotear da própria esposa, uma vez que os investigadores eram seus conhecidos. Uma equipa do SIC decidiu ir ao local do crime para fazer a competente perícia. Não se sabe o por que, mas foram transportados pelo próprio infractor, deixando alguns observadores perplexos pela excesso de cumplicidade que se estava a ter.

 

Uma fonte próxima do SIC/Huíla, que prima pela justiça, disse ao Club-K não ter apreciado do procedimento dos seus colegas, tendo questionado como era possível “uma tentativa de homicídio e o suposto infractor ainda leva os elementos do SIC na sua própria viatura para o local do crime?”

 

“O infractor zombava na cara da Sra. Vanusa e viemos a descobrir que é amigo e sócio governador da Huíla. Daí que todos tremeram e mandaram o homem para casa por ser sócio do governador Luís da Fonseca Nunes”, contou uma segunda fonte.

 

Segundo depoimentos, a cidade do Lubango está literalmente em choque devido a forma que o SIC está acobertar o empresário Admar Damião “Ady”, havendo mesmo receio que, algo de mal possa acontecer contra a vítima.