Luanda - Cerca de cem famílias, na condição de vulneráveis, no bairro da Terra Nova, distrito urbano do Rangel, em Luanda, acusam a Administração de desviar diversos bens de primeira necessidade, doados para colmatar a carência alimentar de pessoas desfavorecidas durante a observância do estado de emergência.

Fonte: NJ


Ao NJ alguns moradores daquele bairro explicaram que funcionários da Administração do Rangel estão a comercializar produtos doados à população, como fuba de milho, massa alimentar, óleo e produtos de higiene.


"Fui para o mercado do Asa Branca fazer compras, não consegui porque encontrei encerrado. No meu regresso, quando circulava pela rua do Macau, na Terra Nova, deparei-me com os funcionários da Administração que circulavam numa motorizada com vários produtos.

 

Perguntei se me poderiam oferecer um saco, mas um deles disse que os produtos estavam à venda e paguei 5 mil kwanzas", confidencia Maria Bandeira, moradora do bairro.


Por outro lado, os queixosos, na sua maioria famílias residentes nas proximidades da linha férrea (por detrás da FTU), fizeram saber que dependiam do conhecido mercado Tunga Ngó para venda e compra de produtos alimentares. Com o encerramento do referido mercado devido ao estado de emergência, passaram a contar com as doações.


"O mercado está encerrado, daí ser necessário a Administração estender as mãos aos mais carenciados. É muito triste o cenário que temos assistido no momento da distribuição da cesta básica", refere Gilson Caetano, morador.


Teresa Ngola, outra moradora, também confirma a acusação: "Os funcionários da Administração escolhiam casas para fazer a entrega dos bens da cesta básica e houve pessoas que chegaram a comprar os produtos. O sabão azul é que mais estava a ser comercializado".


Os moradores disseram que já recorreram à Administração do Rangel para pedir explicação, mas sem sucesso.


"É muito triste o que enfrentamos aqui na Terra Nova. Com esta situação da Covid-19, as pessoas estão a passar fome. O senhor administrador tem que sair à rua para ver a realidade que a população enfrenta todos os santos dias", apela Manuela António, também moradora.