Luanda - Com a privatização de quase 200 empresas até 2022, o Governo de Angola vai deixar de viver sufocado pela pressão da falta de recursos financeiros, e naturalmente, poder alocar as verbas, nos sectores onde deve reforçar e destinar dinheiros públicos para servir outras áreas, como a Educação, Saúde, Agricultura, Pescas, Construção Civil, Infraestruturas básicas que necessitam de reforço para gerar valor acrescentado e alavancar a economia. 

Fonte: Club-k.net

A Angola dos iluminados, dos escolhidos, dos que lutaram, dos que sabem falar, dos que são mais consequentes, deve passar para as salas de cinema, em filmes de saudade, e no seu lugar nascer o dinâmico e necessário empreendedorismo livre caracterizado pela segmentação dos agentes económicos, de acordo com as suas capacidades de criação de trabalho e de riqueza. O mercado vai poder ganhar a sua independência, tal como o fizeram os políticos, na sua luta pela emancipação do país, por categorias, num modelo económico, em que estão reunidos o Estado, as Empresas, as Famílias, Mercados e o Resto do Mundo, que procuram através da produção, transformação, distribuição, e investimento em relações de natureza económica, produzir bens e serviços de consumo local e externo. Ao libertar e realizar capital com a venda de activos móveis e fixos empatado num sistema em que se assumia como patrão, o Estado angolano vai livrar-se de um pesado encargo, que o impedia de poder atender às necessidades dos sectores onde a sua prestação era e é muito requerida. Estamos a falar da água potável, da energia, das infraestruturas de saneamento básico, para além das que já enunciamos que são a Educação e a Saúde pública, etc..


Os conselheiros da República parecem estar cientes desta realidade e não deixarão de aconselhar o PR a tomar decisões acertadas para que o mercado assuma a sua verdadeira vocação, sem as interferências ideológicas, que a tornavam num Estado providência, onde em tudo tinha que interferir e decidir, até para tomar um comprimido para as imensas dores de cabeça, que qualquer farmácia pode vender.


Libertando-se da pesada responsabilidade que era dar de beber à dor e a tantas outras complicações, como diz o fado da portuguesa Amália Rodrigues, que ouvia o meu pai a cantarolar pelos cantos da casa, em razão de um certo saudosismo da velha senhora, que foi o Portugal colonial, o Estado angolano inaugura uma nova era, em que o mercado assumirá toda a sua preponderância e plenitude, no jogo salutar da oferta e da procura.


Todo o sector financeiro às mãos de um certo número de senhores, que governa(va)m a vida económica do país, as suas reservas monetárias e minerais, de acordo com os seus caprichos, vai ter de curvar-se aos dictames do mercado e em função dele maximizarem o lucro, que é afinal o seu objecto social.


Os players vão confrontar-se finalmente no grande campo relvado, que é o mercado e nele encontrarem motivações para darem largas à sua imaginação, para que a fome e a pobreza, a única dor que carregamos ao peito durante anos, enquanto detentores de um solo pátrio rico e diversificado, seja uma enorme expressão de saudade. 


Na verdade, não fica bem a um país como este, virem grandes senhores lá de fora, com argumentos financeiros do mundo capitalista e com traquejo e cobertura das parcerias público-privadas com Angola e num estalar de dedos, saírem dos nossos aeroportos, com um largo sorriso nos lábios, para nas respectivas terras construírem os seus impérios de sonho e realizações de sucesso.


Os angolanos se forem iniciados nas modernas técnicas de gestão e de realização financeira podem muito bem assumir o papel de players. Para isso é necessário além da aposta e subvenção da criatividade, a liberalização da iniciativa, com base nas oportunidades que o mercado oferece.


Não faz sentido Angola com o potencial que tem, a todos os níveis, estar submetido à singularidade das ideias, da riqueza, do trabalho de outrem, que bem geridos conduzem ao bem estar e à felicidade, que há muito almejamos.


Portanto, o Governo deve preparar-se para apostar de forma intensa, nos angolanos, que já provaram, nestes anos de canícula financeira, poderem passar à fase de arranque de um ciclo de desenvolvimento sustentável, deixando o mercado solto para o seu voo planado, rumo ao progresso.


O mercado vai dizer a todos os angolanos, que há espaço para trabalhar, para transformar a natureza, porque provas já existem da sua enorme capacidade de criar riqueza, mesmo em situações de adversidade.


A principal matéria prima deste país não são apenas as riquezas naturais. São sobretudo os angolanos submetidos a uma ordem nacional, que estimula a sua realização pessoal, a organização da produção em todas as suas vertentes, com base nos recursos disponíveis, que são os financeiros e os naturais que reinam em abundância, ao ar livre, no mar e na atmosfera, neste caso particular, com a forte densidade pluviométrica em várias regiões do país.


Tirando as variações climáticas que produzem a seca, que pode igualmente ser transformada em oportunidade de negócio sazonal.


O que é que o Governo deve fazer? Em primeiro libertar-se das peias burocráticas, descomplexar o sector financeiro, através da aversão ao risco que representam as operações de crédito, quer à produção, consumo e à distribuição.


No crédito ao consumo é salutar o estímulo à venda a prestações para que as operações comerciais sejam estimuladas, amenizando o esforço na aquisição a pronto pagamento, de bens e serviços, ao consumidor.

 

Não faz sentido um país que tem tudo por fazer obrigue o consumidor a adquirir bens e serviços a pronto pagamento, para todas as suas necessidades, desde a habitação, meio de transporte para trabalho e pessoal, educação, etc.., quando outros países que investem em Angola, dispõem para os seus nacionais, de crédito para o investimento no nosso país, em condições francamente vantajosas, permitindo, com o dinheiro emprestado no território de origem sirva em Angola, por exemplo, para comprar duas parcelas de terra, sendo uma para o seu objecto social e a outra para satisfazer as obrigações da dívida contraída, como tem acontecido nos pólos industriais, onde os nacionais foram escorraçados pelo clientelismo instalado no Ministério da Indústria com situações lesivas para os superficiários nacionais, que é preciso resolver para acabar com as situações de violência, que compõem o dia a dia no município de Viana.


O escoamento dos produtos do campo para os mercados bem pode estimular o negócio da venda a prestações de carrinhas, através da engenharia financeira das companhias de seguro ou de avalistas credenciados, pela justiça e a banca, para acautelarem eventuais incumprimentos.


As concessionárias de automóveis e o fisco devem criar sistemas de protecção para que a viatura comercial seja vendida a um preço abaixo do valor de mercado, ou seja com incentivos fiscais, como acontece lá fora. No fundo, os incentivos devem atrair os promotores agrícolas para o campo, que é lá que se produz e se cria o desenvolvimento e a base alimentar

O mesmo se deve dizer-se dos equipamentos agrícolas motorizados, das motoniveladoras de aluguer e compra, para desbravar caminhos assolados pelas chuvas e outras actividades campesinas. Com tudo isto acautelado, os produtos agrícolas chegam à mesa com sabor e preço abençoados por Deus.


É hora de potenciar o campo e promover o retorno às origens dos seus membros, que preenchem as cidades, tornando-as superlotadas e sem aconchego para uma vida tranquila e saudável.


É preciso acabar de vez com as práticas, que criam desestabilização na paz social que pretendemos. Que o Governo reponha a ordem nos departamentos da Indústria, onde se instalou o caos, com a venda, o esbulho de terrenos, onde muitos nacionais foram arredados dos seus legítimos direitos.


Em nome da paz social, repito, deve-se rever esta questão, para que o cidadão empreendedor não se sinta traído, nem abandonado, nas suas intenções e nos direitos enquanto detentor do bilhete de identidade angolano.


 ANDRÉ PINTO


LISTA DAS EMPRESAS A PRIVATIZAR

(Jornal Económico-Portugal)

Empresas de referência nacional (32): BCI, ENSA, BAI, Bodiva, Banco Económico, Banco Caixa Geral Angola, SD ZEE, Aldeia Nova, Biocom, Textang II, SATEC, África Têxtil, Nova Cimangola, Secil do Lobito, Cuca, EKA, Ngola, Mota Engil Angola, MS Telecom, Net One, Unitel, Sonangol Sonangalp, Endiama, Sonair, TAAG, SGA (Enana), Angola Telecom, TV Cabo Angola, Angola Cables, Multitel, ENCTA, Technip Angola, OPS Production, OPS Serviços de Produção Petrolífera, Sonamet Industrial, Angofles Industrial, China Sonangol, Sonimech.Empresas participadas e ativos Sonangol (50): Centro Infantil 1 de Junho, Centro Infantil Futuro do Amanhã, Dirani SGPS, Dirani Project II,, III e IV, Genius, Solo Property Nightbrigde, Founto, Atlântida Viagens Turismo (Luanda), Atlântida Viagens Turismo (Lisboa), Miramar Empreendimentos, WTA/Houston Express, WTA International, WTA (Paris), WTA Travel Agency Luanda, ITSS, Clínica Girassol, CCTA, Manubito, Luxerviza, Porto Amboim Estaleiro Naval, Estaleiro Naval do Lobito, Puaça, ENCO, Jasmin Shipping Company, China Sonangol Internacional, Puma Energy, Societé Ivoirienne de Raffinage, Sonadiets Lda, Sonadiets Services, Sonaid, Sonangol Cabo Verde, Sonasurf Angola, Sonasing Mondo, Sonasing Saxi Batuque, Sonasing Xicomba, Sonasurf International, Sonatide Marine Lda (sucursal), Sonatide Marine Services, Petromar Lda, Kwanda Suporte Logístico Lda, Sona Cergy, Hotel Infotur Benguela, Hotel da Base do Kwanda, HCTA, Hotel Florença.Unidades industriais da ZEE (51): Univitro, Juntex, Carton, Absor, Indugidet, Coberlen, Saciango, Indupackage, Induplas – Indútria de sacos de plástico, Angtor, Transplas, Bombágua, Galvanang Indústria da Galvanização, Infer, Matreléctrica, Indupame, Telhafal, Inducarpin – Indústria de Carpintaria, Indutubos – Indústria de Tubos de HDPE, Mecametal, Induplastic – Indústria de Acessórios de Plástico, Pipeline – Indústria de PVC, BTMT – Indústria de AP, BT & MT e Caldeira, Inducabos, Ninhoflex, Vedaela, Calcante, Empave, Funsulcaco, Inducon, Indufex, Indulouças, Indutive, Indutite, Portatura, Ursucobal, Angola Cabos, Betonar, Indugalve, Fundinar, Inocombo, Sidurex, Tensão BT, Unidulab, Pivangola, Inducerang, Indumassas, Lab Control, Zube II, Mangotal, Inducamar.Outras empresas e activos a privatizar (62): Matadouro Industrial da Catumbela, Matadouro Industrial e Porto Amboim, Matadouro Modular de Luanda, Matadouro Modular de Malanje, Fábrica de Processamento de Tomate e de Banana de Caxito, Entreposto Frigorífico de Caxito, Fábrica de Latas de Dombe Grande, Fábrica de Processamento de Tomate de Dombe Grande, Entreposto Frigorifico de Dombe Grande, Fábrica de Processamento de Tomate do Namibe, Entreposto Frigorífico do Namibe, Complexo de Silos da Caconda, Complexo de Silos da Caala, Complexo de Silos de Catabola, Complexo de Catete, Complexo de Silos da Ganda, Complexo de Silos da Matala, Fazenda Quizenga, Fazenda Cubal, Fazenda Pungo Andongo, Fazenda de Longa, Projecto de Desenvolvimento Agrícola da Camaiangala, Fazenda Agro-industrial do Cuimba, Projecto de Desenvolvimento Agrícola de Sanza Pombo, Hotel Infotur Lubango, Hotel Infotur Namibe, Hotel Infotur Cabinda, Hotel Maianga, Hotel Rio Mar, Unicargas, TCUL, Secil Marítima, ACS, Elta, Peskwanza, Centro de Formação e Processamento de Pescado do Ngolome, Centro de Larvicultura e Engorda do Massangano, Estaleiro Naval ex-Soconal, Estaleiro da Caota Deolinda Rodrigues, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Lândana, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Lombo Lombo, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da lha de Luanda, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Buraco, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Cabo Ledo, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Equimina, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Damba Maria, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Caota, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Egipto Praia, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Tombwa, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Lucira, Centro de Salga e Seca do Tombwa, Centro de Salga e Seca de Moçâmedes, Centro de Apoio à Pesca Artesanal das Salinas, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Kicombo, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Soyo, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Nzeto, Centro de Apoio à Pesca Artesanal do Kasai, Centro de Apoio à Pesca Artesanal da Barra do Dande.