Havana -  Estudantes angolanos na província de Havana-Cuba perdidos entre a falta de respostas do SAE (Sector de Apoio Estudantil) - INAGBE e o BPC, mais uma vez deixam os estudantes a deriva. 

Fonte: Club-k.net

Como estudantes em Cuba temos vivido meses de desconfortos e mergulhados no conformismo de respostas insatisfatórias por parte do SAE-INAGBE. Sucessivas vezes saem informações nas redes sociais por parte dos estudantes, pois, nos sentimos a deriva, num país alheio onde a situação está cada vez mais apertada para os estrangeiros. 

 

Temos vivido ciclos de atrasos do subsídio de bolsa e, por conseguinte, consequências desagradáveis como estudantes. Aquilo que deveria ser um subsídio mensal passou a trimestral em tempo indeterminado, chegando muitas vezes até 4 meses, sem uma clara explicação. Entre as supostas causas, o INAGBE afirma ser o BPC quem não efectua as transferências a tempo, alegando falta de Kwanzas. Ao nosso ver, são meramente acusações que não nos oferecem soluções. Na busca de respostas nos sentimos mais uma vez abandonados e de certa forma desrespeitados quando nem mesmo o responsável do SAE, representação do INAGBE em Cuba na pessoa do Dr. Eugénio Novais, sabe dar-nos respostas, assumindo ele que é notável uma tremenda falta de comunicação entre INAGBE-SAE e INAGBE-BPC. 

 

A falta de subsídio põe em engarrafamento todas as nossas actividades pois muitas universidades requerem dois a quatro transportes diários, sem deixar de mencionar a parte a alimentação que também é precária (o número de estudantes com problemas gástricos fala por si só) e neste período de grande pânico comunitário nos vemos sem saída, pois, conhecemos as particularidades que tem Cuba. 

 

Quanto mais passa o tempo mais se escasseiam os produtos, não sabendo assim até quando vai o confinamento pelo Covid-19 e encontramo-nos sem recursos para afrontar esta situação. Qual é a real causa dos atrasos, e até quando seremos espectadores do desfile do SAE, INAGBE e BPC? 

 

Se o estado angolano já percebeu que o banco BPC não consegue acudir a demanda de transferências para Cuba, tendo em conta a quantidade de dinheiro necessário por quê insistir num sistema onde os prejudicados são os estudantes? 

 

Vale acrescentar que no passado dia 18 de abril percebemo-nos de meios não oficiais de uma ajuda denominada humanitária enviada para a comunidade angolana em Cuba. 


Lamentavelmente quando questionado, o representante do SAE por via oral confirmou a tal ajuda humanitária para os estudantes de Cuba, mas sem deixar a par até então que classe de mantimentos se referia e que quantidade especificamente. Eis a razão de nos pôr a questionar: 
Porquê tanto sigilo em volta do assunto? 


Porquê não há nenhuma informação clara a respeito? 

Esse material nos servirá por quanto tempo? 

Supondo-se que somos os "futuros profissionais do país" porquê tratar-nos como qualquer coisa, abandonados a sua sorte? Sem prévios esclarecimentos, apenas vimos passar e quando questionamos, recebemos respostas que deixam a desejar qualquer ouvinte. Segundo o representante do SAE, já é do conhecimento do diretor do INAGBE e da ministra do ensino superior a situação por nós enfrentada. Parece ter feito em um apelo que resultou no envio do mês de Janeiro no decorrer de Março, alega também que se pediu ao BPC que se transferisse a um outro banco o mês de Março (já que o mesmo não tem Kwanzas) e desde o dia 2 de Março até agora o BPC não fez a mesma transferência, ou seja somos vitimas de má fé ou mesmo falta de vontade de algumas pessoas. 

 

Notamos realmente que não há comunicação entre o BPC e o INAGBE, ao menos é o que fazem-nos crer e falta de interesse por parte das instituições que nos regem, mas seja qual for a instituição que não esteja cumprindo com o seu papel, é de inteira responsabilidade do INAGBE o mau bocado que estamos a viver como estudantes bolseiros do estado. A realidade simetricamente igual com resto das províncias de Cuba onde há estudantes angolanos. Aproveitamos a oportunidade para esclarecer uma informação que saiu na entrevista que nos foi concedida pela emissora MFM (91.7) no dia 27 de Abril; dizer que os estudantes angolanos em Cuba não correm risco de serem expulsos das residências e muito menos das universidades por falta incumprimento no pagamento das propinas, sendo que essas questões são atendidas pelo INAGBE e o ministério de RI de Cuba. 

Pedimos às entidades competentes que venham à público e ajudem-nos a sair deste estado de abandono. 

Atentamente,

Águeda Rosália Namuele Caliqui, representante da Associação de Estudantes Angolanos em Havana-Cuba. 


Com unânimidade dos presidentes de faculdade à nível de Havana, 

Domingos Carlos, pela universidade de Havana (UH), 
Adão Simão Jorge ,pela universidade de ciências pedagógica Enrique José Varona, 
Vagner Aristóteles Haufiko ,pela residência estudantil presidente allende, 
José Eduardo Raimundo Fernando ,pela universidade de ciências informáticas (UCI), 
Agostinho Mavela Tchipeta, pela faculdade de ciências médicas (FATESA), 
Aldaire Paulino Txissueia, pela universidade de Victoria de GIRON, 
Amilcar Inácio Junqueira De Lemos, pela faculdade de ciências médicas Julio Trigo, 
Osvaldo Tomé Quingongo, pela universidade tecnológica de Havana (CUJAE). 

A presidente provincial 
Águeda R. N. Caliqui 

Havana, Maio de 2020