Luanda - O Presidente angolano, João Lourenço, afastou o Conselho de Administração do Porto do Lobito, na província de Benguela, depois de confirmadas alegações de gestão unipessoal, com avultados prejuízos para uma empresa a clamar por reformas e equipamentos de trabalho, revelou à VOA fonte do Ministério dos Transportes.

Fonte: VOA

Na tomada de posse dos novos administradores, na terça-feira, 5, uma semana após o anúncio das mexidas, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, pediu transparência na gestão financeira, ao anunciar a privatização de terminais, entre os quais o mineral, que custou ao Estado 502 milhões de dólares.

Uma vistoria da Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE) permitiu descortinar algum alívio nas finanças, com indicadores de receitas diárias na ordem de 15 milhões de kwanzas, bem acima do que se arrecadava em tempos de crise nas importações, confidenciou um técnico administrativo que seguiu os inspectores.

Também a par de sinais de estabilidade financeira, o primeiro secretário da Comissão Sindical, Ezequiel de Carvalho, fala em gestão para esquecer, sem reflexos na vida social e laboral dos cerca de dois mil trabalhadores portuários.

‘’Foi danosa (a gestão) por vários fatores. Achamos que o Porto é uma empresa acorrentada em dívidas, uma empresa que, em dois meses de estabilidade financeira, optou por adquirir viaturas milionárias, quando nem sequer equipamento de trabalho possui ’’, aponta o sindicalista.

Da estrutura central do Ministério dos Transportes, chega a informação de que a compra de carros desagradou as chefias sobretudo pela necessidade de melhorias de serviços e da situação social dos trabalhadores, que chegavam a lançar várias ameaças de greve.

Aliás, o ministro Ricardo de Abreu apontou a privatização dos terminais de carga, mineral e de contentores, todos inoperantes, como estratégia para mais receitas.

‘’A empresa vai funcionar como o porto/senhorio, algo que já se faz em Luanda, podendo ter o concurso de entidades internacionais para dinamizar as suas actividades’’, anuncia o governante.

Terminais estes que, segundo o despachante António Monteiro, não passam de «elefantes brancos», já que representam um enorme investimento público sem rentabilidade.

‘’Sendo o Estado a gerir … não há impostos, os gestores públicos, infelizmente, só esperam do Orçamento Geral do Estado. O privado vai rentabilizar, dar empregos. Atenção que houve muito dinheiro gasto aí no Porto’’, diz o empresário.

Celso Rosas é o novo presidente do Conselho de Administração do Porto do Lobito, sucedendo a Agostinho Felizardo, que até conseguiu um acordo com a Comissão Sindical para aumentos salariais, porém insuficientes para ofuscar denúncias que chegaram a João Lourenço.