Luanda - A Polícia Nacional continua a cometer atrocidades contra cidadãos que violam ou alegadamente violam o Estado de Emergência vigência no País e prorrogado pela terceira vez em sede do Decreto Presidencial no 128/20. Caso após caso, tem ficado evidente que os agentes da Polícia Nacional possuem um domínio fraco e distorcido do conteúdo dos documentos que regem e regulam a medida de excepção vigente desde 27 de Março de 2020.
Um dos mais recentes casos de atrocidade policial ocorreu no Bairro "Huambo", provincia de Luanda.

*Nuno Álvaro Dala
Fonte: Club-k.net

Por volta das 22h00 de sábado, 9 de Maio, cerca de 7 agentes da Polícia Nacional, uns fardados e outros à paisana, procederam à detenção de um grupo de cidadãos que se encontravam a consumir bebidas alcoólicas numa cantina que, ao contrário nas normas do Estado de Emergência, continuava aberta fora do horário determinado. Enquanto alguns estavam algemados, outros eram surrados pelos agentes.


Entrementes, alguns metros na mesma rua, à porta de uma casa de venda de pipocas e outros consumíveis, havia um grupo de jovens, de número não precisado, que, ao aperceberem-se da detenção na cantina, puseram-se a correr desalmadamente.

 

O frenesim da corrida chamou a atenção de dois dos sete agentes que procediam à detença dos jovens da cantina e os surravam. Saíram e foram atrás do grupo. No tumulto gerado, os dois fizeram disparos. O jovem António Vulola (22 anos de idade, pai de um filho nascido recentemente, com apenas 4 dias de vida à data do acontecimento), caiu no chão, atingido na nuca, com a bala tendo atravessado o pescoço.


Apercebendo-se do que tinham acabado de fazer, os sete agentes fugiram imediatamente do  local, a pé.


António Vulola ainda tinha sinais de vida quando os outros moradores o levaram à Esquadra Móvel, localizada na Avenida 21 de Janeiro, adstrita à 21a Esquadra da Polícia Nacional, em Luanda.


A Esquadra Móvel estava vazia. Furiosos, os cidadãos depredaram-na, deixando um rastro de destruição, em vingança pela morte do jovem António Vulola.


Avisada da situação, a Polícia Nacional enviou um grupo de agentes da Unidade Antiterror (UAT), que, uma vez no local, fez uso abundante de metralhadoras e outras armas para dispersarem a gigantesca turba.


António Vulola foi baleado a poucos metros da residência de Juliana Cafrique, a cidadã vendedora de rua que foi morta a tiro em 2019 por um agente da Polícia Nacional.


Até ao memento da escrita do presente artigo, a Polícia não fizera nenhum contacto com a família da vítima e, numa nota na sua página do Facebook, conta uma versão diferente.