Luanda - O atual momento que atravessamos deve servir para uma maior reflexão artística, visto que o lugar da arte de propor enunciados estéticos reduzidos à troca comercial que remetem às respetivas construções de espaços de consumo privado e/ou observação da obra de arte como objeto ou exercício de propriedade, tem servido apenas para esquecer a própria sociedade bem como multiplicar reações contra ela.

Fonte: Club-k.net

O estado de emergência para além da configuração comum de reduzir direitos sociais tende a massificar a completa aversão do Estado Social. Por aqui, em Angola, parece que ressuscitaram remotas saudades dos tempos de guerra que não se evaporaram institucionalmente. Percebe-se que toda a arquitetura da violência foi acionada e deixou de existir uma diferença entre a unidade dialética do absolutismo e a democracia.


“A polícia não está para distribuir chocolates e rebuçados”. Esta expressão projeta, assim, o arranjo politico astuto de transformar a violência como prática duradora do Estado ou constituir novas brutalidades contra os segmentos mais vulneráveis da população, que consequentemente sofre com as ampliadas crises reveladas pela situação epidemiológica global Covid-19 e a sua relação com a falta de políticas sociais prévias que estanquem desigualdades punitivas de acesso aos direitos sociais e económicos.

 

Diante das sucessivas crises institucionais que desmantelam o Estado transformando-o num simples repositório de relações afetivas de grupos homogéneos com interesses que atingiram a sua máxima indeterminação, urge que os artistas contemporâneos refutem as várias coerções sociais desenhadas pelo Estado angolano. Começar pela desconstrução do cidadão anónimo privado de compreender regressões sociais e toda infantilidade mobilizada pela ações psicológicas que corrompem solidariedades efetivas.


Lubanzadyo Mpemba Bula , Artista transdisciplinar .